Nos pavilhões 1, 2, 3 e 4 da Web Summit, que decorreu em Lisboa de 6 a 9 de novembro, mais de duas mil startups quiseram marcar presença para promover a sua ideia de negócio. O JPN falou com alguns empresários e percebeu que, para muitos, esta não é a primeira tentativa e que existe, por vezes, um longo caminho até ao sucesso.

A Neural Informatics Sweden é a primeira empresa  de Isaac Gonzalez, de 22 anos. Isaac diz que o negócio está a correr bem, apesar de a startup ter nascido apenas em janeiro deste ano. A empresa já conseguiu uma parceria de peso com um hospital local. Isaac revelou ainda ao JPN que estão a desenvolver um algoritmo para calcular o risco de suicídio em pacientes. O objetivo da empresa é, além de gerar receita, contribuir para melhorar os índices de saúde mental na Suécia.

Isaac deixa alguns conselhos a quem quer iniciar um negócio: “É necessário, em primeiro lugar, ouvir aqueles que conseguiram, perceber de onde lhes surgiu a inspiração e é para isso, também, que estou na Web Summit. Também é importante ter atenção à forma como as outras empresas se apresentam e aprender com isso.”

O trabalho de casa não passa apenas pela Cimeira da Tecnologia. “Quem quer iniciar um negócio deve ler muitos livros e tentar rodear-se de pessoas que conseguiram estabelecer contactos importantes. Isso é fundamental”, disse Isaac ao JPN.

Daniel Cohen Foto: Catarina Maldonado Vasconcelos

Também Miguel Pinto, de 25 anos, acredita que está no bom caminho para ser bem-sucedido. A sua empresa é de gestão de eventos. Trata-se de uma aplicação que regista entradas e saídas, pagamentos e outros aspetos relacionados. Para o jovem português, é importante manter o foco no objetivo que se pretende atingir e nunca desistir dele, por mais complicado que se torne.

Daniel Cohen conta muitos mais anos de experiência. Natural de Angola, diz que este já é o seu terceiro negócio. Uma dessas empresas falhou, as outras duas estão em atividade. A startup que apresentou na Web Summit “ainda está na fase pré-natal, mas já passou da incubadora. Ainda não está a andar, está a gatinhar.” Falta à empresa atingir a sustentabilidade e o ponto de retorno do investimento feito.

A opinião do angolano é a de que qualquer empresário se deve colocar frente a frente com parceiros, ainda que sejam os mais improváveis. “Mas também é importante procurar consultores, pessoas que nos possam ajudar, e fornecedores, ou seja, não deixar de procurar sempre os melhores, ainda que já os tenhamos.”

O primeiro negócio de Daniel Cohen falhou “porque não tinha uma ideia sólida” do que pretendia fazer e a escolha da parceria não foi a mais correta. Ao mesmo tempo, o empresário diz que não esperou o tempo suficiente para a obtenção do sucesso – durou apenas oito meses – e a primeira empresa não atingiu a maturidade necessária. Desde o primeiro negócio até agora, “uma das coisas que mudou foi a resiliência”.

Hoje, Daniel acredita que o empreendedor não deve parar quando as coisas se tornam difíceis. “As dificuldades são uma constante e vão acontecer ciclicamente”, reflete Daniel Cohen. “Garantir que não se desiste é o segundo ponto”, mas o primeiro passa por uma reflexão antecipada sobre a direção que se pretende seguir.

Se a ideia falhar, “construam uma nova ideia, mudem a que já tinham. Comecem do zero”, aconselha Bruno Viana.

Bruno Viana é brasileiro e foi à Web Summit apresentar aquele que é o seu primeiro negócio. Diz que a ideia está a ter sucesso e o retorno tem sido substancial. O empreendedor lançou a crítica: “Por vezes, o que nos falta é apoios. Temos de os procurar, porque eles existem, mas ainda são poucos.”

Para ele, “esforçar-se até conseguir, trabalhar muito e até passar noites sem dormir” é uma boa diretriz em qualquer setor de negócio. A ideia de raiz deve ser o mais sólida possível e “acreditar nela” é vital. “Se acreditarmos mesmo na ideia, alguém também vai acreditar.” E se a ideia falhar, mudar a rota é sempre uma opção. “Construam uma nova ideia, mudem a que já tinham. Comecem do zero”, aconselhou o empresário.

Inicialmente, cada novo empreendedor deve reunir pessoas em quem confie, contar-lhes a ideia e pedir opiniões. Depois, encontrar pessoas que acreditem nessa ideia também é um passo à frente na direção do sucesso. A pesquisa deve sempre acompanhar o desenvolvimento da ideia. Só nessa altura se deve “colocar as mãos na massa”, empreender passo a passo a empresa.

Artigo editado por Filipa Silva