Identificar tendências nos mundos do marketing, da inovação e da própria sociedade foi o que levou muitos espectadores à Altice Arena, em Lisboa, para participarem na We Summit, que decorreu entre 6 e 9 de novembro. Outros foram à procura de novas ideias de investimento. Cerca de 60 mil pessoas passaram pela capital portuguesa para assistir ao evento.

Sebastian Haupold, da A1 Digital, diz que poder mostrar a sua marca na Web Summit foi uma grande oportunidade e que procurava conhecer pessoas de diferentes países, com diferentes histórias de vida.

O networking – ou dito de outro modo, o trabalho da rede de contactos – foi a grande aposta. Mas o jovem alemão revela ainda que só saberá se a sua ida à cimeira foi produtiva e teve o impacto desejado dentro de algumas semanas. Se assim for, promete voltar no próximo ano.

Sebastian Haupold Foto: André Ferrão

Para João Ferreira, a experiência foi outra. O jovem português revelou ao JPN que foi à Web Summit por ter ganho o bilhete num concurso.

“Não sabia se deveria vir porque achava que o evento era só voltado para um lado mais corporate”, confessa. A verdade é que arriscou e ficou muito satisfeito. “Eu não acho que a Web Summit seja um evento só virado para os developers, é bastante interessante e necessária para qualquer empresa. Mas a mim, pessoalmente, conseguiu suprir algumas necessidades de conhecimento, sobretudo, e especialmente, numa área de que gosto muito, que é a da Internet. Consegui apanhar workshops absolutamente incríveis”, acrescentou. Também “ver Al Gore discursar” foi uma experiência a destacar.

João Ferreira considera que os preços dos bilhetes são elevados e não sabe se teria conseguido ir, caso não tivesse vencido o concurso. A única opção que coloca seria pedir patrocínio à sua empresa, em vez de participar como um espectador individual. “Com a conjuntura atual no nosso país, não sei se é aceitável para qualquer developer pagar 800 ou 900 euros por um bilhete”, rematou.

Mas a grande cimeira da tecnologia não foi só dos portugueses nem só dos visitantes. Centenas de voluntários também marcaram presença e aproveitaram para assistir a vários momentos da Web Summit.

Gergana Atanasov tem 27 anos, veio da Bulgária e voluntariou-se para trabalhar na organização. A motivação de Gergana era também poder assistir às conferências e perceber qual a dinâmica necessária para montar um evento desta envergadura.

“Há tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo… Queremos acompanhar tudo, mas é difícil. Gostava de ter ouvido todos os discursos inspiradores no palco central, não consegui. Ainda assim, é muito bom estar aqui”, disse a jovem da Bulgária. “Este é um sítio incrível para quem quer sentir-se inspirado”, acrescentou. Gergana Atanasov disse que saiu da Web Summit motivada para se aperfeiçoar na sua vida profissional.

Também foram os motivos profissionais que levaram Álvaro Filho a marcar presença na maior cimeira de tecnologia. O jornalista do “Dinheiro Vivo” – a organização refere que se credenciaram perto de 2.600 jornalistas no evento – só lamenta a visão fragmentada a que a cobertura obriga. “Lamento, por vezes, ter de sair para realizar outro trabalho e não participar como um visitante normal”, referiu.

Para Álvaro Filho, a Web Summit foi também útil. “Aprendi muito sobre a minha área”, nomeadamente na produção multimédia através do smartphone.

“Todos esperam, no fundo, estar na hora certa, no lugar certo, apertar as mãos das pessoas certas ou tropeçar em alguém que os possa levar mais longe”, comenta a propósito do público do evento. E, como o valor dos bilhetes não é para todas as carteiras, o jornalista remata: “Este é um evento do bem. Tem este espírito de alternativa ao velho conceito de negócio e, ao se aplicar à nova ideia de negócio, deveria haver algum tipo de solidariedade, sobretudo no que toca ao preço dos bilhetes.”

Para democratizar o acesso a toda a informação ali partilhada, o profissional de media deixa uma sugestão: uma “Web Summit para iniciantes”, prévia ao evento.

Alexandre Sincero Foto: André Ferrão

Foi também a esperança de se ir ambientando a um mundo mais corporativo que levou Alexandre Sincero, de 21 anos, à Web Summit. Depois de ter conseguido obter bilhetes a preços mais acessíveis, através de um passatempo, Alexandre disse que “não poderia deixar de estar presente num evento com esta proporção, com oradores de grande prestígio que ocupam cargos em empresas altamente reconhecidas.”

A maior motivação, porém, foi a de aprender mais e deixar-se inspirar pelas experiências partilhadas. “Eu sou licenciado em Desporto, mas, no futuro, gostaria de trabalhar mais na área do marketing e da tecnologia e sinto que o mundo está cada vez mais conetado”, referiu.

O jovem português acredita que a cimeira da tecnologia é um evento importante para qualquer pessoa, seja qual for a sua área profissional. No entanto, Alexandre admitiu que talvez não tivesse oportunidade de ir caso não tivesse vencido o passatempo. “Foi uma experiência fantástica e para o ano gostava de repetir.”

De acordo com a organização, passaram pela Web Summit mais de 2.100 startups, cerca de 1.400 investidores da área da tecnologia e 1.200 oradores. A cimeira regressa para o ano. Está por confirmar se, pela terceira vez consecutiva, se vai realizar em Lisboa.

Artigo editado por Filipa Silva