O “No Way Out” é um espaço situado perto do Mercado do Bolhão que conta só com dois meses de existência. É na porta 40 da Rua Alexandre Braga que os jogadores aceitam embarcar por 60 minutos num desafio repleto de enigmas e charadas por decifrar. Neste jogo, o trabalho de equipa é fundamental e jogar sozinho não é uma opção. O objetivo é simples: escapar antes dos 60 minutos chegarem ao fim.

Maria João Capelas, uma das sócias do espaço, o mais recente do género a abrir no Porto, explica ao JPN que estes jogos surgiram, numa primeira fase, na China e, só mais tarde, se alastraram à Europa e aos Estados Unidos. A partir desse momento, registou-se “um boom de escape rooms” e o negócio enfrentou um “crescimento exponencial”.

O projeto de abrir um escape room no Porto surgiu durante a preparação de uma festa de despedida de solteiro. Dois dos sócios, na altura, andavam à procura de “experiências diferentes” e foi através de “uma pesquisa básica no Google” que encontraram este tipo de jogos. Adoraram a ideia e decidiram lançar-se pelo mundo do empreendedorismo em conjunto com mais três amigos.

Os cinco sócios são formados em áreas de gestão pelo que necessitaram de recorrer a apoio externo, no domínio da informática ou da engenharia, para saber gerir melhor as especificidades que o jogo exige.

“A imaginação das pessoas voa”

Os escape rooms são jogos que passam da virtualidade para a realidade, com um cenário e história próprios. No caso do “No Way Out”, a aventura acontece na sala “Invictus” que tem como pano de fundo a história da cidade do Porto. A narrativa conta que, misteriosamente, desapareceram memórias da cidade e convida os participantes a viajar no tempo, até ao século XIX, para recuperar o que está perdido.

Maria João Capelas refere que a escolha da Invicta como tema se deve ao facto de se encontrarem “no coração da cidade”. Assume-se, assim, a narrativa como um ponto diferenciador, dando a “conhecer pequenas nuances daquilo que nos representa como cidade”.

Em termos do investimento que o “No Way Out” representou, a sócia do espaço esclarece que “pode variar imenso”. A componente tecnológica e informática, bem como, as alterações necessárias para adaptar o espaço “implicam custos avultados”. Sendo “arriscado” falar em valores concretos, estimam que, em média, uma sala “pode variar entre quatro mil a vinte mil euros, senão mais”, declara ao JPN Maria João Capelas.

O público-alvo deste tipo de jogos tende a ser mais jovem, mais propoenso também a procurar “experiências novas através das redes sociais”. A fundadora do “No Way Out” conta, ainda, que “mais de 80% dos clientes são portuenses”, sendo menor mas não ínfima a parte da procura por turistas que já têm conhecimento do conceito.

A entrada do “No Way Out” convida, de imediato, os jogadores a participar neste mundo de enigmas. Foto: Maria João Mendes

Os escape rooms, graças à sua componente de team building, fazem com que sejam também procurados por empresas que veem neste tipo de jogos uma forma de solidificar a união entre os seus colaboradores. Apesar de serem recentes, Maria João Capelas revela que esta tendência é cada vez mais observável e que, em algumas salas, “o próprio escape room integra-se na empresa e cria um cenário dentro daquilo que é a empresa”.

A comunicação, o raciocínio lógico e o trabalho de equipa “são as três principais competências desenvolvidas”. Segundo Maria João, “é sempre necessário trabalho em equipa, é sempre necessário haver raciocínio lógico, porque de uma forma ou de outra, as coisas acabam por ter uma sequência e, por fim, é necessário haver comunicação para que todos os membros percebam o que se está a passar no jogo e consigam avançar em conjunto”.

Há ainda outros fatores que ditam o sucesso da equipa, como a experiência e a dinâmica do grupo, bem como a forma como se conhecem, interagem e ajudam em clima de pressão.

Os escape rooms alcançaram uma “dimensão soberba”. Só em Barcelona há mais de 300 salas.

Contudo, aponta, “em grupos grandes, é muito fácil a mensagem de uma pessoa se perder até à sexta [pessoa]” e, por isso, problemas comunicacionais são as maiores fragilidades enfrentadas pelas equipas. Além disso, a ânsia de querer terminar o jogo a tempo impede os jogadores de ver o óbvio e faz, muitas vezes, com que os mesmos sejam levados pela imaginação.

“Hall of Fame” é o painel onde estão afixadas fotos das equipas que já passaram pelo “No Way Out”. Foto: Maria João Mendes

Após experimentarem o escape room, as pessoas atravessam um “misto de emoções”, algumas “tanto saem frustradas nas situações em que não conseguem acabar, como saem extasiados de alegria por terem conseguido chegar ao fim sem o tempo terminar”, revela ao JPN. Um resultado parece garantido: “A imaginação das pessoas voa”, diz-nos Maria João Capelas.

Os escape rooms alcançaram uma “dimensão soberba”. Só em Barcelona há mais de 300 salas. Em contrapartida, o Porto conta só com seis salas, todavia a sócia do “No Way Out” desvaloriza o número por considerar que o negócio ainda tem “muito para dar”. Este alcance global leva a sócia a afirmar que não se trata apenas de uma moda e que este tipo de jogos vieram para ficar.

Em relação à concorrência, Maria João afirma que “são todos parceiros”. Salienta que é um negócio onde todos os players se ajudam e se um estiver a crescer, é sinal que todos vão crescer. Em Portugal, o preço de experiências deste género ronda os 12,50 euros por pessoa.

Artigo editado por Filipa Silva