O FC Porto venceu, esta sexta-feira, o Tondela por 1-0, no Estádio do Dragão, e está de volta às vitórias e aos jogos sem sofrer golos. Sulley ofereceu um presente que Marega não desperdiçou. O maliano é já o melhor marcador dos dragões.

Sérgio Conceição preparou o jogo desta noite condicionado pelas limitações físicas que Brahimi, Marega e Marcano apresentavam. Ainda assim, os três foram a jogo: um sinal claro do treinador portista de que, em vésperas de meia-final da Taça da Liga contra o Sporting, o foco no campeonato é total. Estava, assim, refeita a frente de ataque africana que tantos estragos tem causada nas defesas da Liga NOS, coadjuvada por Jesús Corona.

Do lado do Tondela,  destaque para a presença do reforço Sulley Muniru (irmão do ex-jogador do Inter Sulley Muntari) no meio-campo beirão. De visita ao Dragão, Pepa não descaraterizou a sua equipa. A inclusão no onze de elementos ofensivos como Pedro Nuno, Miguel Cardoso, Murilo e Tomané fazia prever que o Tondela tinha mesmo deixado o autocarro no parque de estacionamento.

Ainda antes do jogo começar, explosão de alegria no Estádio do Dragão: no último minuto do Vitória de Setúbal-Sporting, os sadinos empataram o jogo, dando a possibilidade ao FC Porto de se isolar na frente do campeonato em caso de vitória. Estava dado o mote para uma noite que podia ser muito importante para os dragões.

Entrada decidida

A entrada dos portistas foi dominante, os jogadores pareciam motivados. Herrera controlava as operações a meio-campo (e arriscava no remate), os jogadores do FC Porto ganhavam praticamente todas as bolas divididas e o Dragão entusiasmava-se.

O Tondela estava a ser uma equipa incapaz de manter a bola perante a pressão do FC Porto. Foi com naturalidade que o primeiro golo do FC Porto chegou aos 14 minutos: Brahimi ameaça num remate que passa perto da barra e, na sequência do pontapé de baliza, Marega recupera a bola e finaliza. Pepa terá pensado que, a este nível, os erros pagam-se caros – Sulley perdeu a bola de forma muito infantil. Se o jogo já era difícil para o Tondela, a partir do 1-0 passou a ser muito mais.

A intensidade dos dragões baixou um pouco a partir do 1-0 e o Tondela chegou a estar perto de marcar por Tomané, com um bom remate à meia volta do ponta-de-lança, ainda fora da área. Os minutos iam passando e os beirões ganhavam confiança. O resultado, a meio da primeira parte, estava claramente em aberto.

De bola parada, o FC Porto pôs o Tondela em sentido – um canto de Alex Telles acabou com Aboubakar a cabecear ao poste -, mas os dragões estavam muito mais retraídos depois da vantagem. O intervalo aproximava-se e era justo dizer-se que o resultado talvez fosse melhor do que a exibição.

É verdade que o jogo estava salpicado com momentos de classe – como uma perdida flagrante de Corona, que nasce de uma grande combinação entre o mexicano e Danilo -, mas esses momentos eram isso mesmo: salpicos.

O FC Porto podia estar a ganhar 2-0 ao intervalo mas o que é facto é que também se viu em vantagem por causa de um erro individual do adversário. Talvez  depois do 1-0 a equipa tenha querido resguardar-se um pouco (muito se tem falado sobre a sequência de jogos dos dragões a sofrer golos). Se assim foi, foi eficaz: ao intervalo, o Tondela não marcara, mas o jogo estava em aberto.

Azuis melhores na segunda parte

A entrada dos azuis-e-brancos na segunda parte foi, em tudo, idêntica à da primeira. Os jogadores de Sérgio Conceição estavam a ser empolgantes e agressivos na recuperação de bola, só faltava o golo que descansasse a plateia. Quando Danilo, à entrada da área e de pé esquerdo, obrigou Cláudio Ramos a grande defesa, o Dragão acreditou que o melhor estava para vir.

O apoio à equipa subia de tom e os jogadores arriscavam cada vez mais com o passar do tempo. As oportunidades sucediam-se e o golo não aparecia. Cláudio Ramos começava, a meio da segunda parte, a ganhar contornos de herói e Pepa lançava Tyler Boyd para o lugar do infeliz Sulley. A bola estava do lado de Sérgio Conceição e o dilema, nestas alturas, não é fácil de resolver: é mais importante segurar a vantagem ou procurar o segundo golo?

A exibição dos dragões melhorou na segunda parte. Se na primeira, o resultado era melhor que a exibição, na segunda o cenário inverteu-se: uma vantagem de um golo era curta para o caudal ofensivo dos portistas e, com o resultado sem alterações, o jogo tornava-se cada vez mais perigoso.

Aos 74 minutos, momento de grandes emoções no Dragão: o videoarbitro anula um golo a Brahimi por fora-de-jogo de Marega no lance e o estádio acordou  uma vez mais para empurrar os dragões para a liderança.

Como seria de prever e em função do resultado, Sérgio Conceição foi cauteloso na hora de ir ao banco: reforçou o meio-campo com Sérgio Oliveira a entrar para o lugar de Aboubakar e refrescou o corredor direito com a troca de Corona por Hernâni. Preparava-se um final de partida com algum sofrimento, num jogo em que, sendo eficaz na segunda parte, o FC Porto podia ter goleado.

Pepa apostou tudo com a entrada de Heliardo na procura de dar mais poder de choque à frente de ataque beirã, mas a verdade é que, até ao final, as melhores ocasiões de golo continuaram a pertencer ao FC Porto.

Com o final do jogo chegaram três pontos à Invicta.

Segue-se a final four da Taça da Liga, com o Sporting como adversário, já na quarta-feira.

“Devíamos ter vencido de forma mais folgada”

Na conferência de imprensa, Sérgio Conceição considerou que o resultado pecou por escasso: “Tivémos várias oportunidades para fazer o 2-0. Entrámos de forma mais intensa no jogo na segunda parte. Falhámos muitos golos. As coisas correram bem. Devíamos ter vencido de forma mais folgada”.

O técnico portista admitiu ainda que os dragões apreciam “a pressão do primeiro lugar”. Sobre os 45 minutos que faltam frente ao Estoril, disse que se falará disso “no momento certo”.

FC Porto foi “justo vencedor”

Do lado do Tondela, Pepa acolheu o resultado com desportivismo: “Tenho de ter uma palavra para os meus jogadores, mas o FC Porto foi um justo vencedor”.

Artigo editado por Filipa Silva