Só os penáltis resolveram a segunda meia-final da Taça da Liga. FC Porto e Sporting anularam-se num duelo tático intenso a que assistiram os espectadores presentes esta quarta-feira à noite no Municipal de Braga. No final, saiu vencedor o Sporting, graças aos dois penáltis defendidos por Rui Patrício e ao penálti falhado por Brahimi.

O FC Porto apresentou-se na partida com três alterações comparativamente ao último jogo: saíram José Sá, Jesús Corona e Aboubakar; entraram Iker Casillas, Sérgio Oliveira e Tiquinho Soares. Já o Sporting apresentou exatamente o mesmo onze com que entrou em campo no último jogo que disputou.

Sporting entra melhor

O Sporting entrou por cima na partida, mantendo a bola em sua posse, mas sem incomodar a baliza de Iker Casillas. O principal obreiro do bom arranque dos leões foi o reforço de inverno Rúben Ribeiro. O ex-Rio Ave não precisou de muito tempo para se afirmar no clube de Alvalade e a sua boa forma não parece ter fim à vista.

À passagem do minuto 9, Sérgio Conceição viu mais um problema aliar-se ao mau arranque da equipa: Danilo Pereira teve de sair, lesionado, hipotecando a estratégia montada pelos dragões para o jogo. Para o seu lugar entrou Óliver Torres.

Ao minuto 17, surgiu a primeira oportunidade de golo do jogo: Bruno Fernandes, depois de cruzamento de Fábio Coentrão, apareceu isolado na área portista, mas viu Alex Telles fechar-lhe rapidamente o ângulo.

Os azuis e brancos foram subindo linhas e tendo mais bola com o avançar do tempo de jogo. As iniciativas ofensivas pertenciam quase exclusivamente ao maliano Moussa Marega.

A partir do momento em que o Porto deixou de ser controlado pelo Sporting, nenhuma das equipas estava a conseguir quebrar linhas, num grande duelo tático, marcado por muitas faltas no centro do terreno. Quando finalmente um jogador conseguia escapar à malha defensiva adversária, era apanhado em fora de jogo, tal como aconteceu a Tiquinho Soares à passagem do minuto 36. Os portistas ainda festejaram, mas o videoárbitro anulou o golo do avançado brasileiro.

O jogo chegou assim ao intervalo, deixando a impressão que o desfecho deste seria igual ao jogo do campeonato: 0-0.

Segunda parte marcada pelo domínio portista

A segunda parte começou com ambas as equipas mais irrequietas e, consequentemente, com mais espaços. O FC Porto tem logo no início da partida duas oportunidades de golo: Soares, em resposta a cruzamento de Marega, e Marega, em resposta a cruzamento de Herrera, não conseguiram fazer a emenda e colocar o FC Porto na frente do marcador.

Este novo panorama pouco durou: pelo minuto 50 as equipas voltaram a encaixar-se e o jogo voltou a ser marcado pela carência de espaços e pelas bolas disputadas a meio-campo. E, mais uma vez, quando os jogadores furavam as linhas e se isolavam, a bandeira de fora de jogo era levantada.

Na segunda metade, o FC Porto conseguiu assegurar o domínio na partida, contrastando com a primeira parte dominada pelo Sporting. Mas, ao contrário do que fez o Sporting na primeira parte, os dragões conseguiram produzir remates à baliza de Rui Patrício.

O Sporting surgiu com perigo pela primeira vez na segunda parte pelos pés de Bruno Fernandes, que viu o seu remate desviado para canto. Nesse canto conquistado pelo médio português, Coates cabeceou a bola ao poste da baliza azul e branca. Arrepio na espinha para Iker Casillas naquela que foi a grande oportunidade de golo do jogo. A bola caiu, literalmente, nas mãos do guardião espanhol.

A partida seguiu sem grandes aproximações às balizas de Iker Casillas e Rui Patrício, mais uma vez. Para desbloquear o jogo era preciso um golpe de génio, sorte, ou um erro adversário. E foi exatamente este último que surgiu ao minuto 73: Mathieu erra e Aboubakar tenta aproveitar o mau posicionamento de Rui Patrício, mas o guarda-redes português estava atento.

Embalado pela oportunidade, o FC Porto voltou a aproximar-se da baliza sportinguista, desta vez pelos pés de Ricardo Pereira, que conduziu a bola até à área adversária e rematou para defesa fácil de Rui Patrício.

Destaque para as estreias de Waris com a camisola do FC Porto e de Montero – neste caso, um regresso – com a camisola do Sporting. Até ao final da partida, de salientar apenas um cabeceamento do estreante Waris em resposta a cruzamento de Aboubakar e um remate de Marega aos 90+3’ que fez congelar o estádio.

Empatado nos 90 minutos, o jogo seguiu para a decisão através da marcação de grandes penalidades.

Nulo teimoso resolvido nas grandes penalidades

Alex Telles, Bas Dost, Marcano e Bruno Fernandes bateram com sucesso os primeiros quatro penaltis. Ao quinto, terceiro do FC Porto, Herrera permitiu a defesa de Rui Patrício. Seguiram-se os penáltis com sucesso de Mathieu e Waris.

Coates falhou a sua grande penalidade, dando a Aboubakar a oportunidade de empatar. O camaronês, tal como Herrera, viu o remate parado por Rui Patrício. William Carvalho tinha assim nos pés a oportunidade de qualificar o Sporting para a final da Taça da Liga, mas Casillas adiou a decisão.

Agora em “morte súbita”, Brahimi teve demasiada pontaria e acertou no poste. Com um peso enorme nos ombros, Bryan Ruiz resolveu e carimbou a passagem do Sporting à final da Taça da Liga.

O Sporting vai agora defrontar no sábado o Vitória de Setúbal, que garantiu a presença na final depois de bater o Grupo Desportivo Oliveirense por 2-0.

Já o FC Porto está eliminado da competição e prolonga o seu jejum: são quatro anos, cinco meses e sete dias sem títulos de futebol para o clube da cidade invicta. Os dragões continuam, contudo, com opções em aberto no campeonato, que lideram, na Taça de Portugal e na Liga dos Campeões.

“Nos 90 minutos fomos a melhor equipa”

Sérgio Conceição disse aos jornalistas que a equipa sentia uma “grande desilusão” por não disputar “a final da Taça da Liga que era um dos objetivos da equipa”, mas que mantinha a “determinação” para “vencer a Taça e o campeonato”. O treinador do FC Porto disse que a equipa entrou “no jogo com uma estratégia bem definida”: “sabíamos onde ferir o Sporting”, sublinhou, apesar de a entrada de Óliver ter mudado aquilo que tinham “preparado para o jogo”.

O técnico azul e branco disse ainda que “não foi um grande espetáculo mas sim um jogo muito disputado” porque “as equipas conhecem-se muito bem”. Ainda assim defendeu que o FC Porto foi mais forte: “nos 90 minutos, fomos a melhor equipa”. “Os penáltis não são lotaria, nós trabalhamos os penáltis, o Sporting foi mais competente”, concluiu.

“Foi um jogo muito competitivo, muito tático”

No final do jogo, Jorge Jesus mostrou-se muito satisfeito com a qualificação para a final da Taça da Liga: “O nosso objetivo é ganhar títulos mas para ganhar títulos tens de chegar às decisões, neste caso às finais. É para isto que temos vindo a trabalhar: recuperar o espaço que se perdeu”.  “Vamos querer ganhar, com todo o respeito que temos para o Vitória de Setúbal”, disse, relativamente à final que a sua equipa vai disputar no próximo sábado.

Sobre o jogo, o treinador dos leões concordou com Sérgio Conceição e também disse que o jogo foi “muito competitivo, muito tático, sem grandes oportunidades de golo”, realçando que “tanto o Sporting como o Porto tiveram dificuldades de lançar no jogo lances de ataque posicional”. Também concordou com o técnico portista que “só ganha grandes penalidades quem for melhor”. “Isto não é sorte”, frisou.

Jorge Jesus deixou ainda elogios à equipa do FC Porto, salientando que “o Sporting e o Porto ainda não perderam esta época” nas competições portuguesas.

Artigo editado por Filipa Silva