Inês Lopes Romero tem 24 anos e está a concluir o segundo ano da licenciatura em Tecnologias da Comunicação Audiovisual na Escola Superior de Media, Artes e Design, do Politécnico do Porto. Esta quarta-feira vai estar no Museu Nacional do Desporto (15h00), em Lisboa, para receber uma das nove Bolsas de Educação que a Federação Académica de Desporto Universitário (FADU) e os Jogos Santa Casa vão entregar a estudantes-atletas classificados entre os oito primeiros na Universíada de Taipé, que tenham tido também um bom desempenho académico.
Aos cinco anos, Inês iniciou o seu percurso na ginástica acrobática no Ginásio Clube da Maia e por lá ficou até aos 12 anos, período em que transitou para a ginástica artística. Mais tarde partiu para o Sport Clube do Porto, o seu atual clube.
A estudante do Porto confessa que ser uma das nove atletas com acesso à Bolsa de Educação é algo inesperado mas muito gratificante: “É um reconhecimento muito bom enquanto desportista”, explica.
“Um atleta passa muitas horas num ginásio e se a relação entre treinador e atleta não funciona então alguma coisa tem que mudar”.
Inês Romero tem uma admiração por Larisa Iordache, ginasta romena
A atleta portuense salienta ter uma grande admiração por Larisa Iordache, “uma das melhores ginastas do mundo”. A ginasta romena “já passou por tanto e mesmo assim não desiste de ir atrás dos seus objetivos”, nota. “Somos amigas e estamos em contacto várias vezes”, conta.
Inês Romero acredita que o seu sucesso se mede pela entrega, determinação e organização que dedica à ginástica. Acrescenta ainda que sempre “soube lidar bem com a pressão” e que as colegas de equipa e treinadora assumem um papel importante.
Cristina Gomes é treinadora e “uma segunda mãe”, assume Inês Romero. “Ela conhece-nos muito bem. Muitas das vezes só com o olhar ela sabe que estamos mais nervosas” e é com “uma conversa” por parte de Cristina Gomes que “tudo acaba por correr bem”, salienta a ginasta.
“Um atleta, principalmente neste desporto, passa muitas horas num ginásio e se a relação entre treinador-atleta não funciona então alguma coisa tem que acontecer para mudar. Eu não me sentia bem e acabei por mudar de clube”, reforça Inês Romero.
Para se ser um bom ginasta é preciso “determinação e resiliência”, sublinha. Mas só isso não chega. É preciso saber aproveitar o tempo “por causa dos estudos e dos treinos”. A atleta explica que sempre que tem tempo livre aproveita “para estudar e pedir ajuda a colegas para tentar acompanhar a matéria”.
O seu quotidiano nunca é igual todos os dias, depende do horário dos treinos bidiários. Segundo a atleta do Sport Clube do Porto, a treinadora “até gosta de dar treinos de manhã”. Acrescenta ainda que por diversas vezes tem de acordar cedo “para ir treinar às oito da manhã duas horas e depois ir para a faculdade”.
Inês Lopes Romero conquistou a sétima posição (equipas) nas Universíadas de Taipé Foto: DR Inês Romero
A vida de atleta não é fácil, especialmente às terças, quintas e sextas que é quando Inês treina duas vezes por dia. Pelas manhãs duas horas, e de tarde três horas e meia. Segunda e sábado treina “apenas” três horas e meia.
Num futuro próximo, a atleta premiada pretende terminar o seu curso e fazer Erasmus no próximo ano letivo. Ao nível desportivo, está a fazer um estágio como treinadora de ginástica, e esse é um percurso que gostava de apostar.
Entrega das Bolsas de Educação no Museu Nacional de Desporto
Nas Universíadas do verão passado, Inês Lopes Romero conquistou um sétimo lugar ao nível coletivo que lhe garantiu o acesso a uma das nove Bolsas de Educação que serão entregues nesta quarta-feira aos melhores estudantes-atletas. O apoio tem o valor de mil euros.
Samuel Barata (atletismo), Mara Ribeiro (atletismo), Mariana Esteves (judo), Diana Abrantes (ginástica artística), Alexandre Pereira (voleibol), Bernardo Martins (voleibol), Francisco Belo (atletismo) e Nuno Borges (ténis) são os outros desportistas premiados.
A cerimónia contará com a presença do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, assim como o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo e o presidente da FADU, Daniel Monteiro.
Artigo revisto por Filipa Silva
