Boavista e Desportivo das Aves têm cumprido os seus calendários na Liga NOS com resultados bem distintos. À entrada para a 21ª jornada, as “panteras” estavam em nono lugar, com 27 pontos, e os “avenses” em último, com 14. No entanto, a história do jogo desta terça-feira refletiu algo bem diferente da classificação das equipas.

Desportivo das Aves, o “Domador de Panteras”

Desesperado não deixar fugir quem luta pela permanência no campeonato – Vitória de Setúbal, Moreirense e Estoril venceram os seus jogos -, o Desportivo das Aves entrou com a mentalidade certa para arrecadar os três pontos. Prova disso, foi o lance de perigo aos 6’ protagonizado por Amilton, em que apenas Vagner conseguiu travar o remate do brasileiro, seguido do golo marcado aos 8′, numa grande penalidade convertida por Paulo Machado. A falta nasceu de um lance onde (mais uma vez) Amilton pretendia marcar, mas Rossi cometeu falta sobre o atacante e recebeu cartão amarelo.

Começava aqui o desespero de Jorge Simão, técnico boavisteiro. A equipa mostrava não conseguir segurar bem a bola, coordenar as linhas ofensivas e defensivas ou chegar à área adversária. Pelo contrário, a turma de José Mota, confortavelmente, chegava à baliza contrária com remates perigosos e jogadas que punham os seus adeptos felizes, como foi o caso do remate ao ferro de Guedes aos 37’.

Não se previa um jogo fácil para os forasteiros e Simão chamou Kuca e Rochinha para revitalizar a equipa e fazer o Boavista reentrar na discussão do jogo e do resultado. Mas assim que o fez, viu a equipa sofrer o segundo golo aos 44’, por Guedes. Amilton cruza da direita e o português não perdoa. O intervalo chegou com 2-0 no placard.

Gestão do resultado e um incidente problemático

Já com Kuca e Rochinha e sem Leonardo Ruíz e Tahar, o Boavista entrou no segundo tempo com a missão de mostrar porque é atualmente um legítimo candidato aos lugares europeus.

Mas aquele jogo estava cada vez mais ganho pelo Desportivo das Aves, que nunca se conformou com o já bom resultado que apresentava. O “lanterna vermelha” da liga portuguesa era o pior ataque da temporada com apenas 16 tentos (antes do jogo).

Logo na reabertura da partida, um novo remate ao poste de Nildo voltou a levar a insegurança à equipa boavisteira.

Os “axadrezados” ainda tentaram chegar timidamente ao golo, mas Facchini foi afastando bem o perigo da área dos “avenses”.

O golpe final no marcador surgiu aos 72’, por Vítor Gomes. De cabeça, Guedes assistiu o colega para o 3-0. O árbitro Fábio Veríssimo validou o golo após dúvidas no lance e sem recurso ao vídeoárbitro, por alegada falta de visibilidade do lance a partir das câmaras de vídeo.

Antes de terminar a partida, Tissone, do Desportivo das Aves, sofreu uma queda bastante aparatosa em choque num lance e perdeu os sentidos. Temeu-se o pior para o jogador argentino de 31 anos que saiu com colar cervical auxiliado pelos bombeiros locais, mas já consciente. Após a partida, o clube adiantou que o atleta sofreu um traumatismo cranioencefálico. Má estreia para o jogador.

O Desportivo das Aves venceu o Boavista por 3-0 e mantém-se em último lugar, com 17 pontos. O Boavista é nono com 27 pontos. Na próxima jornada, “panteras” e “avenses” jogam fora com o Belenenses e em casa com o Vitória de Guimarães, respetivamente. Ambos os encontros estão marcados para o dia 11 de fevereiro.

“O Aves podia ter feito um golo logo a abrir”

Jorge Simão explicou o que não gostou de ver no encontro: “Esta derrota é muito fácil de explicar: o nosso adversário foi melhor, claramente melhor. [O momento das alterações de Kuca e Rochinha] é um momento-chave, porque a nossa primeira parte é irreconhecível. O Aves podia ter feito um golo logo a abrir. E eu percebi que eles estavam mais perto do 2-0 do que nós do 1-1. Isto pode parecer absurdo, duas substituições na primeira parte. Mas eles estavam mais perto do golo e marcaram mesmo. Melhoramos no segundo tempo, mas não ao ponto de sermos suficientemente agressivos no último terço do terreno.”

“Os jogadores perceberam que tinham de ser organizados”

Já José Mota elogiou o desempenho da sua equipa: “Os jogadores perceberam que tinham de ser organizados. A concentração tinha de estar nos limites. Gostei muito da primeira parte e gerimos bem a segunda. A equipa precisa de ganhar pontos daqui para a frente e compreendeu bem a mensagem”. A vitória diante do Boavista, notou o técnico, vem de trás: “No último jogo em Braga as coisas correram bem e o trabalho foi continuado neste encontro.”

Artigo editado por Filipa Silva