O tiroteio desta quarta-feira (14) numa escola secundária do sul da Florida que provocou 17 vítimas mortais é já o 18º ataque do género nos Estados Unidos desde o início do ano.

Os dados são da Everytown for Gun Safety, que luta pelo controlo no acesso a armas de fogo em território norte-americano. De acordo com a organização, em 2018 já ocorreram oito ataques com armas em escolas que provocaram feridos ou mortos, outros oito incidentes que não fizeram feridos e dois suicídios.

Já a plataforma Gun Violence Archive, que congrega todos os incidentes com armas na América, contabiliza já mais de 6.500 ocorrências só este ano, das quais resultaram 1.826 vítimas mortais. Destes ataques, pelo menos 30 foram considerados tiroteios em massa por terem provocado um número igual ou superior a  quatro feridos ou mortos.

O ataque na Marjory Stoneman Douglas High School é o oitavo tiroteio em massa com mais vítimas mortais na história dos Estados Unidos, segundo a base de dados coletada pela Mother Jones, que desde 1982 acompanha estes incidentes.

Em primeiro lugar está o tiroteio de outubro do ano passado, em que Stephen Paddock matou 58 pessoas e feriu quase 500 espetadores de um festival de música country, em Las Vegas.

Ainda em 2017, no Texas, um homem entrou a disparar numa igreja e matou 25 pessoas, incluindo uma grávida.

Segue-se o ataque, em 2016, de Omar Saddiqui Mateen numa discoteca em Orlando, que vitimou meia centena de pessoas.

Em menos de 20 anos, os estabelecimentos de ensino americanos foram palco de cinco dos tiroteios em massa mais mortíferos.

  • Em 1999, dois jovens de 17 anos mataram 12 colegas e uma professora e suicidaram-se de seguida, na Columbine High School Colorado.
  • Em 2005, Jeff Weise, 16 anos, matou o avô e outras oito pessoas na Red Lake High School, no Minnesota.
  • Em 2007, um estudante de engenharia matou 32 pessoas na Virginia Tech e arredores do campus da universidade, num ato de vingança contra os colegas que lhe faziam bullying.
  • Em 2012, Andam Laza matou 27 pessoas na Sandy Hook Elementary School, incluindo a mãe e 20 crianças de seis e sete anos de idade.
  • Em 2015, um homem de 26 anos entrou no Umpqua Community College, Oregon, e matou nove pessoas.

Esta quarta-feira, o senador democrata Chris Murphy apelou no congresso americano à legislação do controlo de armas, colocando a responsabilidade sobre estes crimes nos cidadãos americanos.

“Esta epidemia de massacres em massa, este flagelo de tiroteios em escolas atrás de tiroteios em escolas”, disse Murphy, “só acontece aqui e não por coincidência, não por má sorte, mas como resultado da nossa inação. Somos responsáveis ​​por este nível de atrocidades que acontecem neste país, sem paralelo”.

O tópico dos tiroteios em massa nos Estados Unidos é sério e recorrente, por isso tem sido amplamente tratado pela imprensa norte-americana. São várias as abordagens, como nestes exemplos do Washington Post, Vox e BBC, nos quais vários gráficos ajudam a compreender a dimensão do problema.

Artigo editado por Filipa Silva