Os dragões tinham 45 minutos para reverter uma situação desfavorável. Precisaram apenas de 20: Alex Telles e Tiquinho Soares (duas vezes) deram a volta ao jogo que estavam a perder há um mês. Na altura, o jogo da 18ª jornada foi interrompido por falta de condições de segurança numa das bancadas do Estádio António Coimbra da Mota.

Os azuis e brancos efetuaram seis alterações comparativamente ao onze que terminou a primeira parte do jogo: saíram Layún (entretanto emprestado ao Sevilha), Ricardo Pereira, Danilo, Aboubakar (os três lesionados), José Sá e Reyes (estes últimos por opção); entraram Marcano, Brahimi, Corona, Sérgio Oliveira, Soares e Iker Casillas.

Já o Estoril apresentou três novidades: saíram Bruno Gomes, Wesley e Aylton Boa Morte; entraram Mano, Halliche e Allano.

FC Porto focado em dar a volta ao resultado

O FC Porto entrou muito ofensivo, como seria de prever. Logo ao minuto 49, Tiquinho Soares cruzou para Herrera mas Renan Ribeiro, com uma grande defesa, negou o golo ao capitão dos Dragões. Do outro lado, o Estoril não conseguia ter bola e, quando a tinha, invariavelmente entregava-a ao adversário.

Como seria de prever, rapidamente os dragões empataram a partida: ao minuto 52, Alex Telles bateu um livre direto para a baliza estorilista e fez o golo. Ficou a dúvida se Tiquinho Soares tinha tocado na bola e sido ele a fazer o golo. Se esse fosse o caso, o avançado brasileiro estava em fora de jogo e o golo seria anulado. O vídeo-árbitro analisou o lance e validou o golo, por entender que Soares não tocou na bola.

Depois do golo portista, o Estoril até parecia estar a recuperar e a sair da sua toca, mas o FC Porto estava focado na sua missão. Precisou apenas de mais cinco minutos para dar a volta a um jogo que estava a perder há um mês. E desta vez, foi mesmo Tiquinho Soares a marcar. O remate tosco de Herrera sobrou para o avançado brasileiro que, completamente isolado e com Renan já batido, só teve de encostar. Merecedora de realce é a arrancada de Marega, que antecedeu o lance.

Com a reviravolta consumada, seria de esperar que o FC Porto tirasse o pé do acelerador. Não foi o caso. Os dragões dominaram completamente a partida frente a um Estoril desorientado. E, inevitavelmente, chegaram ao terceiro. Tiquinho Soares, uma vez mais, aproveitou o ressalto de uma defesa defeituosa de Renan a remate de Corona. Minuto 65, 3-1 para o FC Porto.

FC Porto tira o pé do acelerador

Só neste momento o jogo acalmou. O FC Porto passou a procurar gerir o resultado favorável depois de 20 minutos absolutamente frenéticos.

Nota para a exibição de Renan. Apesar dos três golos sofridos, o guarda-redes do Estoril teve uma bela exibição nesta segunda parte, evitando que o resultado assumisse proporções catastróficas. Até ao fim do jogo ainda defendeu o cabeceamento de Felipe ao minuto 74 e o remate de Marega ao minuto 78.

O Estoril nunca esteve presente na segunda parte, pelo menos não ao nível que já demonstrou esta época. Depois do 1-3 foi crescendo na partida, mas só numa ocasião criou perigo: um remate forte de Victor Andrade que Iker Casillas defendeu. O FC Porto nunca perdeu o controlo do jogo.

Terminada a partida, o FC Porto aumentou a sua vantagem na liderança da tabela classificativa para cinco pontos relativamente ao Benfica e ao Sporting. Já o Estoril mantém os 21 pontos e continua em zona perigosa do campeonato: apenas um ponto separa os canarinhos da zona de despromoção.

“Eu queria jogar”

Sérgio Conceição justificou a diferença em termos de futebol praticado pelo FC Porto comparativamente à primeira parte do jogo afirmando que a sua equipa não pode “estar sempre a 1000%” em termos de intensidade. Apesar de alguns jogos menos conseguidos dos dragões, o timoneiro portista defende que a sua equipa tem dado 1000% “durante grande parte da época”.

“Era nossa intenção dar a volta ao marcador”, disse, explicando que “queria jogar” esta segunda parte. Deixou ainda elogios à prestação da equipa nestes segundos 45 minutos, defendendo que se apresentou “com um espírito muito forte em campo, com muita disponibilidade e capacidade de perceber que o jogo dependia” da equipa.

No que diz respeito ao campeonato, o treinador dos dragões rejeitou afirmar que a sua formação é a principal candidata ao título, apesar da vantagem que possui sobre os seus rivais. “No final do campeonato só é preciso ter mais um ponto que o segundo lugar”, desvalorizou, acrescentando que têm “outras duas grandes equipas atrás”.

Sobre Alex Telles, Sérgio Conceição diz que “as notícias não parecem ser muito boas”.

“Os atletas e eu temos que repensar a forma como representamos esta instituição”

Ivo Vieira não poupou críticas aos jogadores do Estoril: “Quase que dava dó ver hoje o Estoril em campo: não ganhava uma bola, não segurava uma bola”, disse, acrescentando que “os jogadores têm de perceber que com esta atitude em campo dificilmente vão jogar em patamares superiores”

“Eu é que sou o responsável”, continuou, “mas os jogadores têm de apelar à sua consciência e perceber se este é o comportamento adequado”. “Nós quase que nem disputávamos uma bola”, rematou.

Artigo editado por Filipa Silva