No Estádio do Bessa manda o Boavista. Os axadrezados continuam à espreita do caminho europeu e, no regresso a casa, venceram o Vitória FC por uns expressivos 4-0, este domingo. Os sadinos continuam sem vencer fora nesta edição da Liga NOS e correm perigo à tona da linha de água na tabela classificativa.

Instinto felino da Pantera a abrir e a fechar o primeiro tempo

O Boavista entrou na partida decidido a deixar uma melhor imagem face à goleada sofrida na jornada transata em pleno Estádio da Luz. Com um maior domínio territorial, a equipa foi impedindo o Vitória de sair a jogar através de uma boa circulação de bola, tirando proveito da velocidade imprimida nos seus corredores laterais.

Após a cobrança teleguiada de um livre lateral por Carraça, Henrique, de cabeça, inaugurou o marcador ainda antes do quarto de hora de jogo, materializando o maior ascendente axadrezado. Pouco depois, o mesmo Henrique quase bisava após pontapé de canto cobrado por David Simão.

A resposta sadina surgiu do mesmo modo: na sequência de uma bola parada descaída para a esquerda do ataque do Vitória, o árbitro Luís Godinho apontou para a marca de grande penalidade. Esta decisão foi prontamente revertida pelo videoárbitro originando um novo pontapé livre, bem perto da grande área boavisteira, através do qual João Amaral obrigou Vagner a uma primeira defesa apertada. Motivado, o Vitória conseguiu sacudir o marasmo inicial, assumindo a iniciativa de jogo no Bessa. Subiu as suas linhas e, com mais bola, partiu numa demanda em busca da igualdade, obrigando a defensiva do Boavista a aplicar-se.

Contra a corrente do jogo e já em período de compensação, Yusupha, com classe, ampliou a vantagem caseira com um remate colocado. Uma simulação inteligente de Fábio Espinho deixou o gambiano em posição privilegiada para o golo. Na sua génese está uma má entrega de Patrick ao repor a bola em jogo após um lançamento de linha lateral.

Mateus faz “xeque-mate” no arranque do segundo tempo

Decidido a mudar o rumo dos acontecimentos, José Couceiro mexeu na equipa à entrada para a etapa complementar. Ao lançar na partida Wallyson e André Pereira teve em vista torná-la mais ofensiva.

Antes que se pudessem sentir os efeitos das substituições, o Boavista, pleno de eficácia, fez o terceiro golo no início do reatamento. Renato Santos foi lançado em profundidade e fez um cruzamento que é rechaçado para a frente. A bola foi ao encontro de Mateus que, com espaço, executou um remate acrobático que só parou no fundo das redes de Cristiano. Estava construída uma vantagem muito confortável para os axadrezados, com mais de meia-hora de jogo ainda pela frente. O avolumar do resultado desasossegou os sadinos, que foram acumulando erros e não conseguiam reencontrar o seu futebol.

As bolas paradas ofensivas são uma imagem de marca deste Boavista e Fábio Espinho ia dando a melhor direção a um pontapé de canto de David Simão: um remate sem deixar a bola cair levou muito perigo à baliza sadina.

Cheirava-se o quarto golo no Bessa. O jogo estava partido e de feição para os contra-ataques venenosos e para as rápidas transições ofensivas por parte dos axadrezados. Foi dessa forma que Yusupha, em velocidade, bisou, dando contornos de goleada ao encontro.

Até final os boavisteiros foram controlando a partida e gerindo as suas incidências confortavelmente. O Vitória tentou matizar o placard e Edinho, de livre direto, fez a bola passar perto das redes à guarda de Vagner, mas os três pontos estavam entregues a uma Pantera que domina em sua casa.

“Os objetivos passam por melhorar aquilo que o Boavista tem vindo a fazer”

No final do encontro Jorge Simão era um homem feliz, mas sem entrar em euforias. Salientou o “bom jogo” e a justiça da vitória do Boavista ao afirmar que foram “inquestionavelmente melhores”. No entanto, reconheceu uma “vitória por números exagerados”.

O treinador do Boavista deixou elogios à organização defensiva da sua equipa: “Permitiu-nos construir este resultado”. Quanto ao sonho de uma eventual classificação para a Liga Europa, manteve-se cauteloso, evidenciando que “os objetivos foram públicos e passam por melhorar aquilo que o Boavista tem vindo a fazer”.

“Foi uma batalha perdida”

José Couceiro concorda com o seu congénere boavisteiro no que se refere aos números do resultado, sem nunca colocar em causa a vitória do Boavista. Desiludido, o treinador assumiu que o Vitória foi “a pior equipa das três” e reconheceu “erros graves” em “momentos cruciais do jogo”, reveladores de “falta de concentração”, tendo “perdido por culpa própria”.

No entanto, Couceiro admitiu “momentos de qualidade” anulados por “mérito do Boavista”. Face à situação complicada do clube na tabela classificativa diz que “foi uma batalha perdida” e que “nada está decidido”.

 

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro