O acordo para a requalificação e modernização das instalações da Escola Secundária Alexandre Herculano, entre a Câmara do Porto e o Ministério da Educação, deve ser aprovado pelo Executivo na próxima reunião de Câmara. Com a possível aprovação, a obra passa a estar a cargo da autarquia, que assegura 15% do orçamento.

A previsão do investimento total, apresentada há sete anos pelo arquiteto Alexandre Alves Costa, era de cerca de 15 milhões de euros. Depois de uma reformulação, o valor da obra ficou nos sete milhões de euros. Cerca de cinco milhões vêm de fundos comunitários do Programa Operacional NORTE 2020. O investimento da Câmara do Porto não deverá ultrapassar os 950 mil euros.

Em declarações ao JPN, Manuel José Lima, diretor da Escola Secundária Alexandre Herculano, disse desconhecer a data prevista para o início das obras, mas recebeu a notícia com felicidade: “Se finalmente chegaram a um acordo nós estamos muito felizes. Já desde 2009 que estamos à espera desta requalificação. Temos que tentar reerguer o Alexandre, um marco na história do ensino em Portugal”.

A obra poderá durar “meses largos”

Questionado sobre a existência de eventuais queixas por parte dos alunos ou dos pais, o diretor da escola referiu a “muita compreensão” de ambas as partes, mas recordou um período no ano passado em que, durante uma semana, houve manifestações: “[Foi] um momento de saturação absoluta, as pessoas estavam cansadas, as más condições agudizaram-se”.

Manuel José Lima olha para o futuro com otimismo: “Com certeza que vamos ter aqui uma luz ao fundo do túnel e vamos lutar com mais afinco e mais vontade. Sobretudo ficamos felizes por vermos que os alunos que estão agora no início do 3º ciclo vão poder terminar os seus estudos em condições condignas”.

O ministro da Educação não divulgou a data para o inicio das obras, mas revelou que a obra poderá durar “necessariamente meses largos”.

“Para onde é que nós vamos agora?”

Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, disse que a requalificação da Escola Secundária Alexandre Herculano “é necessária”. Foto: Maria Campos

Questionado acerca das implicações que a requalificação pode vir a ter no próximo ano letivo, Tiago Brandão Rodrigues referiu que “existem outras escolas do agrupamento de escolas” e outras “áreas na escola” que podem acolher os alunos. “A obra pode ser faseada para que verdadeiramente se possa fazer toda a obra com o mínimo de implicações possíveis para a comunidade educativa”, explicou.

Apesar das condicionantes que esta reabilitação poderá provocar, o ministro reforçou que “a obra é necessária”.

Perante a notícia de que o acordo para a requalificação da escola estaria para breve, os alunos mostram-se ansiosos. Catarina Vieira, aluna do 11º ano, levanta a questão: “para onde é que nós vamos agora?”. Apesar de reconhecer a necessidade da intervenção e de identificar pontos críticos ao edifício da escola, a aluna mostra-se reticente à ideia de ser transferida: “Eu reajo bem mas não quero ir para ali para o lado, naquela escola também há imensos perigos”, referindo-se à escola Pires de Lima.

Ao lado, Joana Vasconcelos, também do 11º ano, acena com a cabeça em jeito de concordância: “Para mim, quanto mais depressa as obras forem feitas, melhor. Esta escola está para cair e nós estamos a apanhar frio e quase nos molhamos, porque o teto até fica assim húmido… e a chuva cai nas mesas”, descreve.

Ainda que também aponte o frio como uma das piores consequências da degradação da escola, Mariana Teixeira, aluna do 10º ano, reconhece melhorias face ao ano passado: “Havia vidros partidos e a escola, que não tem orçamento para pôr vidros novos, pôs plástico mas também estragaram isso. A escola não pode fazer muito mais”.

A requalificação da Escola Secundária Alexandre Herculano está dependente do acordo entre a Câmara do Porto e o Ministério da Educação, que deve ser aprovado na próxima terça-feira, em reunião da Câmara.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro