Entre horas e horas de ensaios, o telemóvel toca. Com uma atitude descontraída e simpática é John Gonçalves que atende a chamada do JPN.

JPN: Qual tem sido o feedback do público ao álbum que saiu em abril de 2017, “Altar”?
John: Tem sido muito bom. Nós temos um disco muito importante na nossa carreira. Um disco diferente daquilo que temos feito nos últimos anos. Um disco produzido pelo maior produtor do mundo, para nós, e não só para nós, que é o Brian Eno. Ele trabalhou com os melhores e maiores artistas. Portanto, é um disco diferente, com uma sonoridade não tão expectável para alguns dos nossos fãs. Mas a verdade é que todos têm respeitado muito esta estética e têm acompanhado bastante os The Gift nos espetáculos ao vivo aqui e no estrangeiro, o que é motivo de muita felicidade para a banda.

Os 20 anos de carreira pediam uma mudança?
Nós nunca fomos uma banda muito acomodada. O facto de termos um produtor que arriscou, que puxou pelo lado mais arriscado dos The Gift, juntou o útil ao agradável: os 20 anos de experiência, com muito pouco a provar, e um grandíssimo produtor. Isto para fazermos um disco que consideramos, talvez, ser o melhor disco. E o tempo o dirá. É sempre bom esperar uns anos para perceber se um disco é realmente tão bom quanto pensamos. Nós estamos muito contentes com este disco porque é um disco que não parou de tocar, desde abril que não paramos de tocar. E agora chega aos Coliseus do Porto e Lisboa no seu melhor em termos de espetáculo ao vivo.

“Para já, pode esperar uma coisa importante que é: nós vamos esperar pelo fim do jogo Porto-Sporting.”

Como é o público do Porto?
Eu posso ser suspeito no que vou dizer, mas não é nenhuma simpatia da minha parte. Eu acho que o público do Porto é um público diferente de todo o país e, quem sabe, do mundo. Porque o público do Porto, quando escolhe passar um serão com uma banda, fá-lo a entregar-se completamente, e eu acho que isso é incrível. Eu próprio aprendi a ser melhor público com o público do Porto. As pessoas vão para se divertir, para relaxar também, mas normalmente é para a festa. Eu acho que é isso que faz com os The Gift tenham uma relação tão próxima e forte com o público do Porto, desde 1994/95.  Ainda por cima numa sala como o Coliseu, que nós consideramos uma das salas mais bonitas do mundo. Acho que os dois Coliseus, quer do Porto quer de Lisboa, estão muito bem representados a nível de salas europeias. E nós já tocamos em muitas, sabemos do que estamos a falar. Portanto, para nós é um momento único: este disco “Altar” nos Coliseus, um disco de celebração, não pode ter arranjado melhor sala para se apresentar. Estamos muito entusiasmados com o espetáculo que estamos a preparar, obviamente muito forte. E o público do Porto é fundamental e vai ser parte integrante do espetáculo. Portanto espero o melhor. Aquilo que espero do público do Porto é o que o público do Porto pode esperar dos The Gift. É recíproco.

E o que é que o público do Porto pode esperar dos The Gift?
Para já, pode esperar uma coisa importante que é: nós vamos esperar pelo fim do jogo Porto-Sporting. (risos) Havia gente que tinha comprado o bilhete e não sabia que havia jogo e, portanto, quando o árbitro apitar nós começamos a tocar. Para quem está no estádio é mais complicado chegar, mas ainda pode. Para quem está nos arredores dá perfeitamente para dar uma olhada no jogo e vir ao espetáculo. Em termos artísticos pode esperar o melhor. Não o digo por ser este momento, digo-o porque depois de 20 anos os The Gift não têm nada a provar. É uma banda tecnicamente muito forte e até com alguns músicos do Porto, como o Mário Barreiros, que nós consideramos senão o melhor, um dos melhores bateristas, músicos e produtores deste país.

Também com o Paulo Praça de Vila do Conde, por isso, temos uma força grande aí do norte.  E esperamos que o público se divirta. Nós vamos fazer um espetáculo muito centrado no “Altar”, mas também em muitos outro temas, alguns deles nem sequer tocados na celebração dos 20 anos. Vamos ter uma entrega total da banda, e um cuidado muito especial na iluminação, cenografia, vídeo, tudo o que são componentes essenciais do espetáculo. E quando começamos a ter quase 25 anos de carreira não sabemos quando vamos ter a oportunidade de voltar a tocar no Coliseu do Porto, portanto, obviamente, para nós, é um momento histórico. E esperamos que não o último. E é isso que queremos fazer nos Coliseus: momentos históricos na nossa carreira.

Artigo editado por Filipa Silva