Liverpool e FC Porto defrontaram-se nesta terça-feira em Anfield Road, em jogo a contar para a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. O empate sem golos foi o resultado final que ditou a despedida dos dragões desta edição da Liga Milionária.

O FC Porto vinha de uma derrota pesada por 5-0 no Estádio do Dragão. Dar a volta à eliminatória não seria tarefa fácil e Sérgio Conceição decidiu dar a oportunidade aos jogadores com menos minutos, dando descanso a alguns dos habituais titulares.

O onze apresentado pelo técnico portista causou surpresa aos adeptos: Bruno Costa saltou da equipa B para fazer o primeiro jogo na equipa principal e logo na Liga dos Campeões. Herrera e Marcano, capitães de equipa, ficaram de fora dos convocados. Na frente, Waris conseguiu a estreia a titular nesta competição.

Marega, Alex Telles, Soares e Danilo eram cartas fora do baralho por estarem lesionados.

O FC Porto alinhou com Casillas; Maxi, Felipe, Reyes, Dalot; Óliver, André André, Bruno Costa; Corona, Aboubakar e Waris.

O Liverpool tinha cinco golos de vantagem para gerir com algum conforto. Apesar disso, Jurgen Klopp decidiu não arriscar: Karius; Gomez, Matip, Lovren, Moreno; Milner, Henderson, Can, Lallana; Mané e Firmino foram os onze jogadores escolhidos pelo técnico alemão.

Salah, Van Dijk e Wijnaldum foram as principais ausências em relação ao jogo da primeira-mão.

Antes do início do encontro cumpriu-se um minuto de silêncio em memória de Astori, o capitão da Fiorentina que faleceu no passado domingo, ao que a autópsia indica, de causas naturais.

Segurança defensiva imperou no primeiro tempo

O FC Porto procurava defender a sua honra e dar uma imagem diferente da que deu na primeira mão dos oitavos de final. O Liverpool tinha a eliminatória controlada e não precisava de arriscar.

O conjunto destes fatores resultou numa primeira parte com poucas oportunidades, com muita troca de bola entre as linhas mais baixas de ambas as equipas e com um jogo longe de ser emocionante.

Os dragões entraram bem na partida e conseguiram ter mais bola nos primeiros vinte minutos. Aboubakar e Waris tiveram chances para ameaçar a baliza de Karius, mas não conseguiram materializar as oportunidades em lances de perigo.

Aos 18 minutos, Mané esteve próximo do golo após um cruzamento de Gomez. O remate do senegalês passou perto da barra da baliza portista. A partir daqui, os reds controlaram o jogo e impuseram o seu futebol, mas sempre sem correr riscos desnecessários.

Aos 31 minutos, surgiu a primeira grande oportunidade de golo. Mané, mais uma vez, foi o autor do remate perigoso que encontrou o poste direito da baliza do FC Porto. Três minutos depois, Lovren podia ter marcado após um canto, mas o esférico saiu por cima.

A segurança defensiva foi a chave do primeiro período. Ambos os conjuntos procuraram não comprometer, trocando muito a bola nos setores mais recuados e não imprimindo um futebol rápido e ofensivo. O FC Porto começou melhor, os da casa equilibraram e estiveram mais perto de ir para o intervalo em vantagem.

Banco deu soluções mas o golo não apareceu

A segunda parte da partida não foi muito diferente do que se viu nos primeiros 45 minutos. Os reds não precisavam da vitória e geriram o empate sem grandes preocupações ofensivas. Os azuis e brancos queriam o golo de honra que acabou por não chegar.

O FC Porto voltou do balneário com vontade de vencer e teve a primeira oportunidade no segundo tempo. Waris, numa jogada individual, conseguiu rematar forte, mas Karius levou a melhor.

O ritmo da partida era baixo e, ao minuto 60, Klopp tirou Firmino para o fazer descansar. Sérgio Conceição trocou André André por Sérgio Oliveira na tentativa de dar frescura ao meio-campo e torná-lo mais agressivo.

O Liverpool foi ganhando o domínio da partida, mas sem chegar à área adversária com perigo, algo que só conseguiu com a entrada de Mohamed Salah. O avançado egípcio foi sempre um elemento muito irrequieto e que conseguiu dar alguns calafrios à defesa portista.

Nos últimos 15 minutos da partida, os portugueses foram superiores e ameaçaram através de Corona numa boa jogada individual. O remate não encontrou o fundo das redes inglesas. Antes, Bruno Costa já tinha ameaçado mas sem perigo de maior.

Aos 81 minutos, Salah chegou com perigo à área portista e, no minuto seguinte, foi a vez de Sérgio Oliveira rematar com algum perigo. Na sequência do lance, o FC Porto teve uma grande oportunidade para inaugurar o marcador. Cruzamento de Sérgio Oliveira, confusão na área do Liverpool e a bola a sobrar para Óliver que rematou torto para a baliza, mas o esférico embateu no corpo de Lovren.

Já perto do final do encontro, Casillas mostrou o porquê de ser um dos melhores guarda-redes do mundo com uma enorme defesa após cabeceamento de Danny Ings.

O jogo caminhava a passos largos para o final e acabou mesmo com o placar a zeros. O empate aceita-se num encontro em que nenhuma das equipas sentiu necessidade de arriscar. Sérgio Conceição deixou muitos habituais titulares no banco, Klopp fez descansar algumas peças importantes e ambas as equipas geriram o resultado sem grandes preocupações.

No segundo tempo registaram-se mais oportunidades, mas a segurança defensiva foi sempre a prioridade dos jogadores. Sérgio Oliveira e Ricardo trouxeram alguma dinâmica ofensiva aos forasteiros. Gonçalo Paciência teve 10 minutos de jogo, mas não conseguiu fazer a diferença.

“Fizemos um jogo muito equilibrado. Fomos competentes”

Na análise à partida desta terça-feira, Sérgio Conceição disse estar satisfeito com a equipa. O jogo da primeira mão não tinha sido bem conseguido, mas em Inglaterra a equipa fez “um jogo muito equilibrado” e foi “competente”.

“A equipa esteve bem defensivamente, sobretudo na segunda parte. Podíamos ter vencido, tivemos uma ocasião, do Óliver, outra de Waris, Aboubakar, mas o Liverpool aqui no seu campo é difícil. Eles tentaram, chegaram à nossa baliza e no final o empate parece justo”, concluiu o treinador português.

O técnico portista lançou alguns jogadores pouco utilizados e ficou agradado com a prestação desses atletas. Sérgio Conceição justificou-se com a fadiga dos jogadores com mais minutos e destacou que Bruno Costa, André André, Oliver e Waris “mereciam esta oportunidade”, aproveitando para lhes “dar os parabéns pelo jogo que fizeram”.

O FC Porto acabou a partida com Dalot, Ricardo, Gonçalo Paciência e Sérgio Oliveira, jogadores que passaram pelos escalões de formação e pela equipa B. O treinador dos dragões mencionou que “foi importante” acabar com tantos jogadores da formação e deu uma palavra de apreço a António Folha e João Brandão, treinadores da equipa B e juniores, respetivamente.

Para os adeptos que acompanharam a equipa ficou o agradecimento do treinador, destacando a “fantástica” ligação entre eles e a equipa ao longo da temporada.

Klopp: “FC Porto provavelmente vai conseguir ser campeão”

Jurgen Klopp notou uma reação do FC Porto na segunda mão e disse que o jogo “não foi perfeito”, mas o objetivo foi concluído: “Fizemos o nosso trabalho e o FC Porto fez o dele. Obviamente eles mostraram reação. Tentámos ignorar o primeiro jogo e apenas ganhar este, mas não aconteceu. Não foi um jogo perfeito mas estamos na próxima ronda e por isso foi um resultado perfeito”.

Apesar da eliminação, o treinador dos de Merseyside deixou um elogio aos dragões: “Foi um jogo completamente diferente. Gosto da maneira como o FC Porto joga. É uma equipa de posse, muito forte. Mas mudaram muitos jogadores hoje, tal como nós mudámos alguns”.

Para Jurgen Klopp, os azuis e brancos vão conseguir o campeonato: “Creio que o principal objetivo do FC Porto é ser campeão português, o que provavelmente vai conseguir no final desta época. E é uma temporada fantástica para eles, qualificarem-se novamente para a Champions. E nós temos nos nossos objetivos e ainda estamos em prova. Estamos felizes por isso”, rematou o alemão.

Liverpool e Real Madrid já têm um lugar assegurado nos quartos de final da Liga dos Campeões. Por disputar estão ainda seis jogos. O sorteio para a próxima ase da competição está agendado para 16 de março.

Artigo editado por Filipa Silva