Estrela Matilde e Cristiana Costa, duas mulheres empreendedoras com projetos singulares em prol do ambiente, foram as vencedoras da nona edição do Prémio Terre de Femmes Portugal, da Fundação Yves Rocher. A cerimónia teve lugar no Palácio do Freixo, na última sexta-feira.

O projeto “Cooperativa de Valorização dos Resíduos – CVR” de Estrela Matilde arrecadou o primeiro prémio, um donativo no valor de dez mil euros. A alentejana de 32 anos, a viver na Ilha do Príncipe desde os 26, orienta um grupo de dez mulheres que desenvolve jóias a partir de garrafas de vidro recicladas – mais de 600 mil desde o início do projeto, em julho de 2017 – o que contribui para o desenvolvimento económico e social das famílias da ilha. A Cooperativa trabalha ainda na compostagem de resíduos orgânicos.

Jóia fabricada a partir de garrafas de vidro recicladas Foto: Fundação Yves Rocher

Com o primeiro prémio, as mulheres da Ilha do Príncipe “vão ter a alavanca que precisam para o negócio crescer e ficarem autónomas”, assegura Estrela Matilde. A coordenadora espera que o projeto “crie ainda mais emprego e que elas consigam tirar o maior rendimento possível para as suas famílias”.

Em segundo lugar, e com direito a uma menção especial no valor de três mil euros, ficou o projeto “Näz”. A marca de vestuário sustentável feminino que trabalha diretamente com fábricas de reciclagem de excedentes de produção e tecelagem da Covilhã foi desenvolvida por Cristiana Costa, designer de 23 anos.

Cristina Costa, vencedora da menção especial Foto: Fundação Yves Rocher

Além de um sonho, a marca nasce por uma questão de necessidade: “Eu não encontrava roupa sustentável que esteticamente me apelasse. Então, acreditei que havia uma maneira de fazermos roupa gira sem precisarmos de danificar o ambiente e de maneira justa e realmente é possível”, afirma Cristiana Costa.

Para a Fundação Yves Rocher, mais do que os donativos recebidos, a verdadeira importância do galardão está no impulso dado pela visibilidade dos projetos: “esperemos que com este prémio mais pessoas possam apoiar os projetos destas mulheres, que isto chegue a órgãos de comunicação social e que os organismos locais consigam dar a atenção que elas merecem”, declara Ana Ribeiro, diretora de marketing da marca promotora do prémio.

O prémio criado por Jacques Rocher, filho do fundador da marca, vai ao encontro dos valores da Fundação, o de “uma paixão pela Natureza e o de tentar através das ações de todos os dias devolver um pouco daquilo que ela nos dá”, assegura a responsável.

Foram dezenas os projetos submetidos à nona edição do Prémio Terre de Femmes Portugal, da qual saíram duas vencedoras. As iniciativas foram avaliadas por um júri nacional constituído por representantes da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), da secretaria do Estado do Ambiente e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).

O Prémio Terre de Femmes, que vai na 17ª edição internacional, já ajudou mais de 400 mulheres, em mais de 50 países em todo o mundo. Ao todo, a Fundação já distribuiu um total superior a 1.8 milhões de euros em donativos aos projetos premiados.

Artigo editado por Filipa Silva