Os protocolos da Universidade do Porto para a promoção da empregabilidade assinados, esta quinta-feira, com mais vinte autarquias, preveem duas novas medidas – em relação aos documentos assinados em anos anteriores – que passam pelo desenvolvimento de projetos de investigação e acesso a um banco de dados de currículos de diplomados da Universidade do Porto.

Prevê-se que os projetos de investigação e inovação sejam desenvolvidos em conjunto com as empresas dos municípios parceiros. O reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, acredita que a medida vai contribuir para a transferência de conhecimento para as empresas de potencial humano e a possibilidade de internacionalização dessas empresas.

O protocolo assinado na reitoria da Universidade do Porto compreende, para além da investigação, que as câmaras e as empresas desses municípios tenham acesso a um banco de currículos de diplomados da universidade com “ofertas em diversas áreas de interesse para as autarquias”.

Esta medida permite às empresas dos municípios parceiros identificarem os “perfis profissionais que necessitam para que a universidade possa recomendar estudantes” que correspondam às competências pretendidas.

Em declarações ao JPN, o reitor da Universidade do Porto destaca a relevância de as autarquias “terem informação naquilo que o sistema de proteção de dados permita.” Esta iniciativa, acrescenta o reitor, tem a possibilidade de promover o regresso de jovens qualificados às suas terras.

“Tudo o que seja aproximar os empregadores e as oportunidades de emprego dos nossos jovens e, ao mesmo tempo, aproximar as autarquias dos seus jovens, acho que é um passo positivo”, acrescenta Sebastião Feyo de Azevedo.

A presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pera, Alda Correia de Carvalho, foi nomeada porta-voz dos 20 municípios de Norte a Sul do país que assinaram o protocolo. Alda Correia de Carvalho destacou a necessidade de tomar medidas para travar a desertificação das regiões do interior do país, incluíndo a sua região.

A presidente da Câmara de Castanheira de Pera foi a porta-voz dos municípios.

A presidente da Câmara de Castanheira de Pera foi a porta-voz dos municípios. Foto: Leonor Gonçalves

A autarca destacou que o protocolo é “um pequeno grande passo” e ao relembrar o incêndio florestal que afetou a região a 17 de junho de 2017 referiu que “esta tragédia” veio evidenciar ainda mais a “fragilidade enquanto território”.

Para Alda Correia de Carvalho este protocolo vai ajudar o município, porque “neste momento, Castanheira de Pera não tem nada”.  “Acho que temos aqui um parceiro que nos pode ajudar, quer economicamente, quer socialmente, quer culturalmente. Podemos  ter aqui sinergias que podem contribuir de forma positiva para o concelho”, acrescenta.

A presidente da Câmara de Castanheira de Pera refere ainda a necessidade de “arranjar mais empresas e mais estudantes” para o município. “As tecnologias permitem que as empresas não estejam sediadas nos grandes centros e é isso que pretendemos para esses territórios de baixa densidade, a deslocação de algumas empresas e a criação de novas oportunidades de emprego”.

A vice-presidente da câmara de Valongo, Ana Maria Rodrigues, também destacou a importância da parceria com a Universidade do Porto. “Tudo o que nós pudermos fazer em benefício das nossas empresas, dos nossos jovens, estamos interessados nisso”.

A vice-presidente Ana Maria Rodrigues representou Valongo.

A vice-presidente Ana Maria Rodrigues representou Valongo. Foto: Leonor Gonçalves

Questionada sobre o desemprego jovem no município, a autarca explica que embora a taxa tenha baixado “a nível dos licenciados [o desemprego] ainda é alto”.  Ana Maria Rodrigues acredita que é necessário “trabalhar no sentido de encontrar soluções para estas pessoas para não irem para fora porque não encontram aqui [no município] uma oportunidade.”

A autarca mostrou-se também preocupada com o apoio a pequenas e médias empresas de Valongo que têm falta de trabalhadores e acrescentou que é necessário “divulgar as licenciaturas, as saídas profissionais para que as empresas tenham uma escolha mais esclarecida”.

A Universidade do Porto assinou também protocolos com as universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vigo e Universidade Católica Portuguesa. Esta parceria visa a promoção da feira de empregabilidade. As feiras vão realizar-se em Portugal e em Vigo para ter “empresas espanholas e portuguesas a irem aos dois sítios mostrarem-se”, explica o reitor.

Está ainda previsto a assinatura de um protocolo com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã com o objetivo de promover a melhor divulgação do catálogo de oferta de empresas particularmente alemãs que trabalham cá e fora de Portugal para promover a captação e dar oportunidade aos estudantes.”

Das 22 câmaras municipais que fazem parte desta segunda leva de assinatura de protocolos foram incluídas mais três do que anteriormente estava previsto. Nem todas estiveram presentes na sessão desta quinta-feira, o que foram assinados 20 protocolos. As restantes assinaturas vão ser agendadas de acordo com a disponibilidade de cada município.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro