O Paços de Ferreira venceu, este domingo, o FC Porto por 1-0, com o golo a ser marcado pelo defesa-central Miguel Vieira. Os dragões mantêm-se líderes do campeonato, mas viram o Benfica a ficar a apenas dois pontos, no segundo lugar. Com esta vitória, o Paços afastou-se da zona de despromoção.

Não correu de feição a curta viagem dos comandados de Sérgio Conceição até ao Estádio Capital do Móvel, este domingo à noite. O Paços de Ferreira vinha de cinco derrotas consecutivas, mas o o treinador João Henriques tinha alertado para o facto de a equipa ter mais qualidade do que os resultados recentes faziam parecer. O golo de Miguel Vieira (34′), na sequência de um cruzamento da esquerda de Filipe Ferreira (uma jogada toda construída por defesas) foi a cereja no topo do bolo de uma grande prestação defensiva dos castores.

O FC Porto, ainda que tenha obrigado o Paços de Ferreira a alguns momentos de tensão, nunca se conseguiu impor verdadeiramente e o resultado (1-0) acaba por premiar a equipa que melhor interpretou todos os momentos do jogo. Waris e Corona, apostas de Sérgio Conceição, não conseguiram aparecer e o penálti falhado por Brahimi a meio da segunda parte foi o reflexo da exibição dos dragões: previsível.

Os dragões sofreram assim a primeira derrota do campeonato, à passagem da 26ª jornada.

Marega: de patinho feio a indispensável?

A lenga lenga dos indisponíveis não entra no campo retórico do FC Porto. Há muito tempo que os dragões estão privados de muitos elementos determinantes no jogo da equipa e, apesar disso, os resultados iam continuando a aparecer. Ainda assim, fica evidente que sem as arrancadas de Marega no ataque à profundidade, o ataque do FC Porto perde uma solução para jogos mais fechados.

Terá sido Marega o mais influente de todos os indisponíveis? Sérgio Conceição manteve a aposta de Anfield numa dupla formada por Aboubakar e Waris, mas com dos avançados ainda fora de ritmo e o outro sem conseguir aparecer, torna-se de difícil ferir o adversário. Se a isto juntarmos um Corona que continua em sub-rendimento, o resultado é pouco animador.

Primeira parte em desvantagem

O FC Porto até nem entrou mal no jogo, mas com tempo o Paços de Ferreira conseguiu controlar os espaços e aproveitar a falta de entrosamento entre André André e Sérgio Oliveira – o meio-campo do FC Porto foi sempre macio até à entrada de Otávio.

Na sequência do seu primeiro canto no jogo, o Paços de Ferreira chegou a uma vantagem que não lhe ficava mal, tendo em conta a eficácia de recuperação de bola exibida até ao momento (maior do que a do FC Porto). Os dragões não foram, durante a primeira parte, aquele rolo compressor que se viu, por exemplo, em Chaves ou em Portimão. É certo que o dilúvio que se fez sentir em Paços de Ferreira não ajudava à qualidade do espetáculo, mas exigia-se mais ao líder para a segunda parte.

Banco resolve questão central

Gonçalo Paciência e Otávio estavam a aquecer desde o meio da primeira parte, mas Sérgio Conceição não mexeu ao intervalo. Apesar da oportunidade concedida, o onze não estava a corresponder e foi só quando Otávio entrou para o lugar de Waris aos 54 minutos, que o FC Porto começou a existir de forma mais autoritária no meio-campo adversário. Os minutos seguintes foram a melhor fase dos dragões no jogo.

Brahimi não decide

O crescente volume ofensivo dos dragões galvanizava as bancadas e quando, aos 68 minutos, Rui Correia derrubou Felipe na grande área dos castores e Bruno Paixão apontou para a marca dos onze metros, pensou-se que o mais difícil estava feito.

Brahimi partiu para a bola confiante, mas Mário Felgueiras adivinhou o lado e defendeu um penálti mal batido pelo 8 dos azuis e brancos. A partir desse momento, o FC Porto foi-se mentalmente a baixo e nunca encontrou soluções para a boa prestação defensiva do Paços de Ferreira de João Henriques.

Campeonato relançado

Se percorrermos com o olhar a tabela do campeonato português, verificamos que o Paços de Ferreira é, sem dúvida, o grande vencedor desta jornada do campeonato: ganhou três pontos a Estoril, Vitória de Setúbal, Moreirense, Desportivo das Aves e Feirense e respira, agora, muito melhor. Está ao rubro a luta pela permanência: ao contrário da época passada, ainda não há nenhuma equipa “condenada” porque a diferença pontual entre o último e o 13º classificados é de apenas quatro pontos.

Além da luta pela permanência, também a luta pelo título saiu a ganhar com este resultado. O Benfica sabe que, a partir de agora, depende apenas de si mesmo para ser campeão. O Sporting e, mesmo o Sporting de Braga, mantêm-se à espreita porque a distância encurtou bastante e jogos como o Braga – Sporting, Benfica – Porto e Sporting – Benfica serão decisivos para percebermos o desfecho da Liga NOS.

Visão dos treinadores

No final da partida, Sérgio Conceição deixou duas notas importantes: “Assumo todas as minhas responsabilidades, podia ter feito muito melhor enquanto treinador. Apesar disso, tenho a confiança máxima na minha equipa”. O treinador dos dragões acrescentou ainda críticas à arbitragem e ao adversário: “O que se passou aqui é vergonhoso. Eu sou assinante SportTv e, se estivesse a ver o jogo em casa, pedia o meu dinheiro de volta. É incrível como o jogo está tanto tempo parado. Há artistas da pintura, artistas do futebol e artistas da arbitragem”.

João Henriques, treinador do Paços de Ferreira, estava visivelmente satisfeito com o desempenho da partida: “É um cenário perfeito. Defrontámos um FC Porto que ainda não tinha perdido em competições nacionais, sabíamos que tínhamos as nossas possibilidades. Soubemos sofrer, fazer o golo e acabámos por ter a estrelinha que nos tem fugido em alguns jogos. Fomos uma equipa unida, solidária e estes três pontos não servem de nada se não continuarmos na próxima jornada. Queremos continuar a somar pontos, porque a equipa trabalha bem, não tem tido sorte, estamos confiantes com o trabalho que estamos a fazer. É uma vitória que já merecíamos há cinco jornadas”, declarou.

A jornada 26 fecha esta segunda-feira à noite com a deslocação do Sporting ao terreno do Desportivo de Chaves. No próximo fim de semana, há dérbi da Invicta com o FC Porto a receber o Boavista.

Artigo editado por Filipa Silva