O movimento Cancela a Propina nasceu em Lisboa e pretende, agora, estender-se ao Porto. No dia 15 de março, quinta-feira, a FLUP recebe a primeira assembleia de estudantes sobre a defesa do acesso ao ensino superior gratuito fora da capital.

O Cancela a Propina surgiu a partir da associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa e autonomizou-se mais tarde, uma vez que a questão das propinas não é específica da FCSH.

Esta é uma realidade nacional, por isso Mafalda Escada, um dos membros do Cancela a Propina, defende que também o movimento deve chegar a todo o país.

“Não faz sentido que o movimento se concentre em Lisboa, até porque quantos mais estudantes e quanto maior a pluralidade regional, mais alcance terá o movimento, mais força terá a luta contra as propinas e mais gente se sensibiliza com este objetivo de acabar com as propinas”, diz Mafalda Escada ao JPN.

“Todas as assembleias são abertas”

A organização do movimento revela que já contactaram, no início deste mês, várias associações de estudantes e federações académicas que se têm revelado sensíveis à causa.

A associação de estudantes da Faculdade de Letras da UP, “que se tem mostrado constantemente contra a propina”, revelou interesse nesta causa e, de acordo com Mafalda Escada, o Cancela a Propina teve “vontade de fazer a reunião na FLUP”.

A integrante do movimento revelou ao JPN que espera que apareçam pessoas na assembleia que queiram continuar a realizar encontros no Porto de forma autónoma.

“Uma das expectativas é que surja nessa assembleia um grupo de pessoas no Porto que queira pegar nisto e leva-lo daí para a frente, sem ter que ser o grupo que já está ativo em Lisboa a ter de dinamizar isso, porque o objetivo é criar vários núcleos que depois se articulem uns com os outros de forma a criar um movimento a nível nacional”, adianta.

O movimento Cancela a Propina

Cancela a Propina é um movimento de resistência cujo objetivo principal é a extinção da propina, implementada nos anos 90.

De acordo com Mafalda Escada, “ninguém deve ter de pagar para frequentar qualquer estabelecimento de ensino público, desde a creche até ao ensino superior” e acrescenta que “todos devem ter igualdade de acesso à educação”.

Relativamente à forma como a medida deve ser aplicada, Mafalda esclarece que a questão do financiamento do ensino superior relaciona-se com vontades políticas. “O orçamento de estado é feito de prioridades e a nossa posição é que o ensino superior tem de ser financiado através deste”, argumenta.

O movimento não segue diretrizes previamente decididas. As assembleias têm o objetivo de construir o movimento consoante quem nele participa. Mafalda sublinha que “há coisas que podem ser revertidas e feitas de forma diferente, de assembleia para assembleia. Por isso é que todas as assembleias são abertas”.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro