Gustavo Santos tinha já um percurso estabelecido na área da representação e da apresentação televisiva quando se aventurou pela escrita de livros de desenvolvimento pessoal. “A dança da vida”, “Arrisca-te a viver”, “Agarra-o agora” e “Ama-te” são alguns dos títulos publicados e refletem uma visão universal sobre a vida.

O autor de obras de autoajuda explicou ao JPN por que acredita que tem a fórmula para atingir a felicidade. O segredo, diz Gustavo Santos, é o amor-próprio e a perseguição das vontades.

É o autor português que mais vende livros de desenvolvimento pessoal. Porque acha que as pessoas compram os seus livros? O que procuram?

O facto de eu ter esse pseudo-título não me envaidece absolutamente nada, dá-me apenas uma responsabilidade, digamos assim. Honestamente, não sei responder porque sou o autor mais vendido em Portugal nessa área, nem o que as pessoas procuram nos meus livros. Os meus livros são o espelho daquela que é a minha verdade, do homem que eu sou, do pai que eu sou, do cristão que eu sou, do profissional que eu sou, da pessoa crente e extremamente forte que sou. Talvez seja por isso que as pessoas sintam uma identificação. De facto, e essa é uma grande verdade, os meus livros são absolutamente autênticos. Eu não digo nem escrevo coisas para parecer bonito. Eu digo, escrevo e faço as escolhas que estão de acordo com o homem que eu sou. Talvez esse seja um dos motivos que leva as pessoas a comprar os meus livros.

Entre a designação de livros de auto-ajuda ou de desenvolvimento pessoal, que nomenclatura prefere?

Não sei. Eu nunca vou na corrente daquilo que é suposto, daquilo que é tradicional, do que está preconcebido. Há quem possa chamar de autoajuda, há quem chame de desenvolvimento pessoal. Mas aquilo que eu sei é que escrevo livros sobre o amor. Não tenho um rótulo para isso. São livros sobre o amor, sobretudo sobre o amor-próprio, porque, para mim, essa é a grande base para nós conseguirmos viver em comunhão uns com os outros.

“A fórmula é igual para toda a gente: passa por todas as pessoas respeitarem as suas vontades. Basicamente é isto.”

“Ama-te” é o seu livro mais vendido. Consegue arriscar uma razão para isso? 

Para já, é um título extremamente direto, ou seja, grande parte do reportório nesta área – que não é recente, já tem muitos anos, mais de uma década – tem que ver precisamente com a questão do amor-próprio. Não o amor-próprio egoísta, mas o amor-próprio em termos de respeito pelas nossas vontades. Esse livro, com um título desses – curto e muito forte – resume tudo numa única palavra. Ou seja, o mais importante de tudo é termos a capacidade de nos amarmos e isso implica aceitarmos a pessoa que somos, as nossas virtudes e os nossos defeitos para termos a capacidade de nos perdoarmos. Só dessa forma (quando nos amamos) é que estamos dispostos e disponíveis para servir os outros e a humanidade.

Se as pessoas são tão únicas e diversas, acredita mesmo que exista uma fórmula pronta e universal para a felicidade?

Sim, acho. Por acaso, acho mesmo. A fórmula é igual para toda a gente: passa por todas as pessoas respeitarem as suas vontades. Basicamente é isto. Para mim, a vontade é tão fisiológica quanto comer, dormir e ir à casa de banho.  Todos os dias temos muitas vontades e aquilo que distingue as pessoas mais felizes das menos felizes ou tristes é a capacidade de respeitarem aquilo que sentem. Cada um de nós tem vontades completamente distintas, por isso a felicidade não é um conceito único e igual para todos. Há coisas que me fazem feliz que poderão fazer outros infelizes. Mas acredito que, se as pessoas respeitarem as suas vontades, a felicidade mora exatamente aí.

O seu percurso profissional passou pela representação, pela apresentação e pela comunicação em geral. Como e em que altura começou a pensar que poderia ajudar os outros através dos livros?

Ao fazer o que fazia, ao escrever o que fazia, aqui em Portugal e fora de Portugal, o meu compromisso nunca foi o de ajudar os outros. Não o fiz para ajudar os outros. Jamais. Nunca penso – nunca, nunca, nunca penso – dessa forma. Eu faço o que faço, eu escrevo o que escrevo e facilito aquilo que facilito, porque é isso que me apaixona. Eu acho que esse é um dos grandes trunfos que o ser humano tem à sua disposição e ainda não percebeu que, quando nós realizamos, quando desempenhamos aquilo que nos apaixona,  ficamos muito mais perto de conseguir servir os outros. Acho que quando o ser humano consegue pôr em prática o seu dom – e o meu dom passa claramente pela comunicação – é quando mais consegue contribuir para o bem dos outros.

O que tem a dizer sobre as críticas que lhe dirigem? 

Eu tanto respeito aqueles que me criticam como respeito aqueles que me admiram. Eu não sou uma pessoa católica, embora seja cristão, no sentido de acreditar em Deus. A partir da máxima de que Deus ama todos os seus filhos, eu tenho também uma capacidade de tanto respeitar aqueles que me invejam, que me agridem e que não se identificam comigo como de respeitar aqueles que me admiram. Nós não conhecemos os percursos das pessoas, os medos delas. Não conhecemos os seus passados, portanto todas elas merecem o nosso respeito, ao invés do nosso julgamento. Julgar, nunca. De facto, as pessoas julgam-me mas eu não as julgo. Eu aceito-as perfeitamente.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro

Este artigo integra uma edição especial preparada sob a coordenação editorial de Joana Beleza aquando da sua passagem pela redação do JPN como Editora por um Dia