As linhas retas e os ângulos de 90 graus intrínsecos à arquitetura não deixavam espaço para a criatividade de Rita Carvalho. Assim, depois de ter estagiado num ateliê no final do décimo segundo ano do curso que frequentava, acabou por ingressar na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco.
A licenciatura em Design de Moda e Têxtil foi o primeiro contacto que teve com a moda no geral, uma vez que estudara na escola alemã, na área das ciências. A designer explica que o curso foi uma mais valia: “ajudou a desenvolver o meu lado artístico, por isso foi muito importante”.
Concluídos os estudos em 2015, um bilhete até Londres levou-a ao atelier do designer Eudon Choi. No ano seguinte, regressou a Lisboa para estagiar com Alexandra Moura.
Rita Carvalho já apresentou duas coleções na plataforma associada ao Moda Lisboa, Sangue Novo. View Fashion Book
A designer lisboeta não é novata em concursos. Apresentou as coleções Nope! e Abril Flores Mil no Sangue Novo, a plataforma da Moda Lisboa, em março e outubro de 2017, respetivamente.
Rita Carvalho considera muito importante a existência deste tipo de plataformas, porque “dão a conhecer o trabalho, neste caso, de jovens designers”. “É muito enriquecedor, porque conheces mais pessoas da área que te podem dar conselhos, se calhar até pessoas mais velhas, que até têm mais experiência e, portanto, é uma experiência muito positiva”, acrescenta.
A coleção do Portugal Fashion
A criadora de 23 anos gosta de explorar os conceitos. Para a coleção que vai apresentar no Portugal Fashion regressa à infância, aos momentos que passava com a sua avó na casa de campo. Saudade explora “o lado orgânico, as memórias dessa época e o campo no geral”.
Numa homenagem à avó, Rita Carvalho transporta para os coordenados elementos da natureza, representados através de manipulações. Surgem folhos e franzidos em silhuetas semi-oversized que não descuram o lado mais feminino.
A coleção que a designer criou para o concurso Bloom vai buscar memórias da infância. Foto: Cortesia Rita Carvalho
A jovem designer que se identifica com criadores que desenvolvem conceitos – como Simone Rocha e a dupla portuguesa Marques’Almeida – tem desenhado peças para mulher, mas admite poder, um dia, criar uma coleção para ambos os géneros.
Para já, dedica-se a “um público-alvo um bocadinho mais alternativo, eventualmente ligado às artes e que tenha a sensibilidade de perceber um bocadinho as histórias por trás de cada coleção”.
Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro
