A greve dos enfermeiros, marcada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) teve uma adesão nacional “homogénea” de 70% a 80%, com algumas regiões do país a registarem os 90%. Para Guadalupe Simões estes valores “demonstram a vontade dos enfermeiros em protestarem contra aquilo que são as políticas do governo”. A greve termina sexta-feira às 24h00.

Com a greve, o Sindicato reivindica várias mudanças nas políticas do sistema nacional de saúde, entre elas: o descongelamento das progressões nas carreiras, a contratação imediata de 500 enfermeiros e de mais 1.000 enfermeiros entre abril e maio. Pretende ainda que seja efetuado o pagamento do suplemento remuneratório para enfermeiros especialistas e o pagamento efetivo das horas extras.

Num total de 15 reivindicações, no segundo e último dia de greve, o SEP teve já resposta a três. “A entrada em circuito legislativo do suplemento remuneratório para os  enfermeiros especialistas”, a “assinatura do protocolo negocial para a revisão da carreira e a publicação do instrumento de regulamentação coletiva” que permite harmonizar as condições de trabalho dos enfermeiros.

Além disso  a dirigente sindical revela ao JPN que os enfermeiros conseguiram “travar a transferência de competências das unidades de cuidados na comunidade para as unidades de recursos partilhados no âmbito dos cuidados de saúde primários”.

“Garantir maior acessibilidade das pessoas aos cuidados de saúde e a defesa do serviço nacional de saúde”

Apesar destas conquistas, antes do fim da paralisação, Guadalupe Simões admite que a “questão premente e prioritária” continua a ser a admissão de enfermeiros. Só assim poderão “garantir maior acessibilidade das pessoas aos cuidados de saúde e a defesa do serviço nacional de saúde.” Mais enfermeiros nos hospitais e centros de saúde garantem que estes “podem gozar os seus direitos e fazer apenas as 35 horas, sem terem que obrigatoriamente de fazer horas a mais”, defende a dirigente.

Quando questionada sobre os efeitos negativos da greve na população, Guadalupe Simões justifica que “todas as greves afetam sempre as pessoas.” No entanto, acredita que os cidadãos compreendem os motivos dos enfermeiros, uma vez que estes profissionais estão “a defender os serviços públicos.”

Para a dirigente não se trata de uma “luta de direitos” mas sim “da exigência de mais enfermeiros no serviço de saúde que permitirão maior acessibilidade dos utentes aos cuidados de saúde”, melhorando a qualidade do serviço.

Na quinta-feira, segundo o Sindicato, a greve dos enfermeiros registou uma adesão de 64% no turno da manhã e 68% no da tarde. No período da noite, a adesão chegou aos 72.2%.  Na sexta-feira, o turno da manhã registou 66% de adesão.

Os compromissos do Governo quanto às alterações na lei que permitam o pagamento diferenciado aos enfermeiros especialistas e a assinatura de um protocolo para a negociação das carreiras não foram suficientes para impedir a paralisação.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro