O Kastelo é uma associação de cuidados continuados e paliativos para crianças com doenças crónicas. A instituição recebeu esta quinta-feira um pomar, plantado pelos voluntários da empresa Astellas e o JPN foi acompanhar a iniciativa.

Em cada machadada, põem vigor e gargalhadas. Não são profissionais da lavoura, mas, por um dia apenas, levam as mãos à terra para plantar macieiras, limoeiros, pereiras, nespereiras e toda a sorte de árvores de fruto.

Os 12 trabalhadores da empresa Astellas dedicam um dia por ano a causas de responsabilidade social. Desta vez, doaram as árvores que vão ganhar raízes no Kastelo, uma unidade de cuidados continuados e paliativos para crianças dos zero aos dezoito anos.

Curiosa e mais alerta do que os restantes, Mariana, de 15 anos, é a única que vem assistir à plantação. Já tinha uma condição cognitiva diagnosticada, quando, no hospital, lhe foi trocada a medicação. O resultado foi o retrocesso das funções que já tinha desenvolvido.

Mariana é apenas uma das protagonistas de uma história de encantar, mas com dificuldades da vida real. A associação, que nasceu em 2011, acolhe 21 crianças, com doenças crónicas como paralisia cerebral, problemas metabólicos, condições resultantes de acidentes e infeções por bactérias.

Depois de passarem anos de hospital em hospital, encontraram no Kastelo um espaço “amigo”, com paredes coloridas, equipamentos especializados e profissionais das áreas da fisioterapia, terapia da fala e farmacêutica.

Segundo Inês Tavares, colaboradora do projeto, trabalhar com crianças com doenças crónicas permite colocar a vida em perspetiva: “Uma coisa tão simples como levantar o braço… É muito simples. Mas eu tenho um afilhado aqui e, quando ele conseguiu, fizemos uma festa. Essa importância faz-nos crescer imenso, faz-nos ver o mundo de outra maneira”.

A farmacêutica salienta que no Kastelo vive uma família que sofre em conjunto e que vibra com as vitórias de cada um. As crianças são amigas, “como numa escola normal”, e até “há casais de namorados”.

Quanto às possibilidades de evolução dos pequenos utentes, Inês Tavares reflete que “eles são uma espécie de livro aberto, um livro em branco” e continua: “Eles escrevem a história deles, muitos deles já passaram o inimaginável. Atravessaram barreiras que nem os próprios médicos supunham. Eles estão a escrever a própria história. Nós somos o lápis e eles escrevem.”

O pomar é só mais um capítulo feliz da história de superação e vai contribuir para a alimentação, aprendizagem e bem-estar das crianças acolhidas na associação.

Filipe Novais, general manager da Astellas, acredita que o pomar é um legado não imediato e que “daqui a cinco, seis, sete ou até dez anos, vai tornar a casa deles ainda mais bonita”.

As árvores vêm fazer companhia a “um porquinho, dois coelhos, a quatro patos e três ovelhas” que também fazem parte da grande família que o Kastelo formou.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro