O segundo dia de Portugal Fashion abriu com o desfile da designer Inês Torcato. A criadora que foi segunda classificada no Concurso Bloom, em 2016, já esteve este ano em Roma, onde apresentou as propostas para as estações mais frias de 2018/19. A jovem talento apresentou a coleção “Self-Portrait (Touch)”.

Inês trouxe para a passerelle a “desconstrução formal dos clássicos”, seja através de cortes inesperados ou da sobreposição e da inversão do normal lugar das peças. Camisas que viram saias e a conjugação de tecidos como lãs e caxemiras são algumas das tendências que a designer portuense propôs para o próximo outono/inverno.

A paleta escolhida manteve-se fiel às cores habituais das estações frias – preto, branco, cinzas, castanhos, beringela – e foi nos tecidos onde Inês mais inovou. Nylons à prova de água e transparências apapeladas marcaram a diferença para as outras peças apresentadas e as influências da alfaiataria da designer.

A criadora de 27 anos apostou ainda na tridimensionalidade em algumas peças da coleção. Uma camisa e um vestido brancos com a aplicação de volumosos elementos vermelhos que fazem lembrar cravos encerraram o primeiro desfile do segundo dia do Portugal Fashion no Parque da Cidade do Porto.

O Escutismo reinventado e pintado de néon

As propostas de David Catalán para o próximo outono/inverno seguiram-se às de Inês Torcato. O designer espanhol, que integrou o núcleo dos últimos finalistas do Concurso Bloom, apresentou uma coleção inspirada na infância do criador intitulada “On My Honor”.

David levou para a passerelle elementos relacionados com a própria história e vivências: “O conceito é inspirado no escutismo, porque para mim foi uma fase que tenho gosto em lembrar e a coleção está um bocado misturada também com a minha vida atual, sair à noite, estar com os meus amigos e vem daí os néon”, conta ao JPN.

O designer apresentou peças com uma estética associada ao escutismo, através das fardas com bolsos que foram reinventadas pelo criador com o recurso às cores garridas e ao universo oversized a que o criador já nos habituou.

Contudo, os neutros não foram esquecidos. David Catalán aproveitou-os para realçar os apontamentos de cor, como o amarelo neon e o salmão nas peças, em acessórios ou nos patches. O designer propôs materiais como a bombazina, as malhas e sacos de rede com insufláveis, que faziam remeter para um ambiente náutico.

O criador que apresentou pela primeira vez uma coleção na plataforma principal do Portugal Fashion fala ao JPN que é um momento importante: “Depois de estarmos no Bloom, achamos que este é o próximo passo para internacionalizar a marca e para crescer como projeto e como empresa”.

O designer espanhol a viver na cidade do Porto há cinco anos conta já com algumas experiências internacionais, mas os dias da moda na invicta são especiais: “Quando vais lá fora, mostras a coleção, vendes, o teu ego sobe. Mas cá é diferente, o sentimento de acolhimento é muito melhor, aqui sinto-me em casa”, revela David Catalán ao JPN.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro