Portugal fez, esta segunda-feira, uma das piores exibições da era Fernando Santos e mereceu a derrota a Holanda (3-0) , no último particular da seleção nacional antes de ser conhecida a convocatória do selecionador.

Apesar de ter falhado o apuramento para a competição, o adversário da seleção portuguesa mostrou qualidade e maturidade suficientes para estar no Mundial. Koeman pode ter trazido uma nova alma ao futebol holandês.

A exibição de Portugal na primeira parte foi muito pobre e, quando os campeões da Europa pareciam querer reagir, a expulsão de Cancelo (61′) deitou tudo a perder. Depois do último jogo antes da convocatória do Mundial, Fernando Santos ainda deve ter muitas dúvidas para a Rússia.

Muitas alterações no onze

Fernando Santos abordou este último teste com a Holanda com bastantes alterações no onze. Joagadores como Bruno Fernandes, João Cancelo, Mário Rui e Manuel Fernandes tiveram uma oportunidade de ouro para garantir o bilhete para o Mundial da Rússia. Se, olhando para o onze titular de Portugal, parecia óbvio que a seleção nacional se ia apresentar no habitual 4-4-2, não era tão óbvio se Bruno Fernandes jogaria atrás de Ronaldo ou se Fernando Santos apostaria numa dupla de ataque híbrida Ronaldo-Quaresma.

Os primeiros minutos foram esclarecedores: Bruno Fernandes jogou a segundo avançado, servindo um Crisitiano Ronaldo que fazia de referência ofensiva da equipa. Quaresma jogava a extremo direito, Manuel Fernandes a ala esquerdo e André Gomes e Adrien ocupavam-se da zona central do meio campo.

Permeabilidade inicial

Com muito apoio português na bancada, a seleção campeã da Europa quis assumir o jogo, mas mostrou-se muito permeável. Aos 11 minutos, a Holanda chegou à vantagem por Memphis Depay numa jogada em que o meio-campo português foi muito lento a reagir à perda de bola de João Cancelo.

A história do jogo resumia-se numa frase: Portugal tinha mais bola, mas a Holanda era mais perigosa. Virgil Van Dijk comandava um trio de centrais que estava irrepreensível no jogo aéreo, Propper mostrava uma influência surpreendente no meio-campo, Wijnaldum policiava a zona central, Babel era a referência ofensiva e Depay desequilibrava muito quando tinha oportunidade. Processos simples da Holanda que, muitas vezes e em contra-ataque, punha em sentido a turma portuguesa que estava simplesmente inofensiva.

Muita parra, pouca uva… Mas muita laranja

Com uma posse de bola tão denunciada e um jogo tão lento, parecia evidente que o pior estava para vir. À passagem da meia-hora, De Ligt (um dos defesas-centrais mais promissores da Europa) mostrou classe na maneira como  subiu ao meio-campo nacional e assistiu Ryan Babel para o segundo dos holandeses aos 32 minutos. O jogo holandês fluía de forma tão natural quanto um sumo: sem muitos floreados, de forma simples e eficaz.

Com o resultado em 2-0 e o intervalo a aproximar-se, Portugal acreditou que o melhor seria conter os danos até recolher aos balneários, mas a Holanda queria mais. Uma superioridade tão evidente dos holandeses fazia com que uma vantagem de dois golos soubesse a pouco. Aos 45 minutos, na sequência de um livre, Van Dijk (depois de mais uma assistência de De Ligt) fez o 3-0 e descansou as hostes holandesas.

A primeira parte chegava ao fim e essa era a melhor notícia para Fernando Santos. Muita gente ao intervalo tinha nota negativa: André Gomes e Adrien estavam muito pouco intensos, Bruno Fernandes pouco se viu no jogo, Rolando e Cancelo acumularam erros. A segunda parte só podia ser melhor.

Início prometedor esbarra no vermelho

Em cinco miutos na segunda parte, Portugal fez tantos remates como em toda a primeira parte. As entradas de André Silva e Guedes para os lugares de André Gomes e Adrien entregou o meio-campo a Bruno Fernades  e Manuel Fernandes. A intensidade da equipa cresceu muito com estas unidades e sentia-se que o golo podia chegar a qualquer momento.

Aos 62 minutos, ainda com o resultado em 3-0, o árbitro não perdoou uma entrada imprudente de Cancelo (que já tinha amarelo) e mandou o jogador do Inter tomar banho mais cedo. A expulsão do defesa direito foi um soco no estômago de uma seleção que parecia revigorada com o intervalo e que, pode dizer-se, teve nos primeiros 10 minutos da segunda parte o seu melhor momento no jogo.

Pacto de não agressão

Se o jogo estava a ter interesse até aos 62 minutos, a partir desse momento deixou de o ter. Foi penoso para Portugal ter de jogar quase 30 minutos sem objetivo e num momento em que a Holanda também já estava mais preocupada em que o jogo terminasse. É verdade que a seleção nacional esteve perto de fazer um golo – mesmo ao cair do pano, aos 89′, por Gonçalo Guedes primeiro e André Silva depois -, mas no geral a exibição foi má.

O duplo compromisso de Portugal, na preparação para o Mundial da Rússia, termina assim com uma vitória tangencial – 2-1 sobre o Egipto, na sexta-feira, em Zurique – e uma derrota clara.

A próxima convocatória já é a final para o Mundial e, mais do que nunca, Fernando Santos terá ideias claras sobre quem levar ao campeonato do Mundo. Depois de anunciada a lista, Portugal tem ainda três jogos para fazer: o primeiro com a Tunísia, a 28 de maio; depois com a seleção da Bélgica, a 2 de junho; cinco dias depois e antes do início do Mundial joga com a Argélia.

Artigo editado por Filipa Silva