Influenciar políticas e medidas de saúde pública relacionadas com a utilização de drogas em Portugal. É esse o objetivo do estudo “UsoDrogas.PT“, conduzido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que vai ser aplicado a nível nacional, para avaliar o estado de saúde mental e física dos portugueses que usaram drogas ilícitas nos últimos 12 meses e o uso dos serviços de saúde disponíveis para consumidores.

André Tadeu, coordenador do projeto, explicou ao JPN que a ideia surgiu depois de um primeiro estudo feito sobre o consumo de drogas de elevado risco a céu aberto no Porto. “Decidi estudar se as pessoas que consomem [drogas] utilizavam muito os serviços de saúde”, explicou.

O investigador no ISPUP disse ainda que pretendeu averiguar “se as pessoas estão a ser acompanhadas por um especialista ou num serviço”, no caso de um consumidor de drogas ilícitas portador de uma doença “como o HIV ou mental”.

O estudo vai ser conduzido através de um questionário online anónimo, através do qual se espera também poder caracterizar os modos e circunstâncias de consumo, o contexto sociodemográfico dos consumidores, o envolvimento em situações de violência e a opinião relativamente às políticas públicas relacionadas com a utilização de drogas.

André Tadeu afirmou, contudo, não ter intenções “de mapear” consumos ou consumidores, uma vez que o estudo “é completamente diferente” do encomendado pela Câmara Municipal do Porto. Não há intenções de “rotular os consumidores, mas poderá ser possível criar um perfil”.

O coordenador do “UsoDrogas.PT” exemplificou, por exemplo, que “se todas as pessoas consomem ecstasy nas discotecas, então, talvez seja melhor criar estratégias de redução de riscos” nesse contexto particular. “Sabe-se, mas ainda não há dados concretos que comprovem estes casos”, conclui o investigador.

O inquérito online vai estar disponível até agosto.

Artigo editado por Filipa Silva