A carta entregue pelos antigos alunos da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) à reitoria da U.Porto esta quinta-feira exigia obras na faculdade, com o objetivo de dar melhores condições aos estudantes. A carta foi direcionada ao diretor da FDUP e ao reitor da Universidade do Porto e foi entregue presencialmente em ambos os sítios. O telhado é o principal problema apontado.

Em conversa com o JPN, Maria João Pinheira, presidente da Associação de Estudantes da FDUP (AEFDUP), disse que os problemas atuais da faculdade se prendem com a ausência de reparações desde que o edifício passou da Faculdade de Engenharia para a Faculdade de Direito.

“A faculdade só chegou ao ponto em que chegou por desleixo das direções, tanto da atual como das passadas, que não tiveram o cuidado de ir precavendo certas situações”, explica a finalista do curso de Direito.

Segundo a presidente, o conteúdo da carta entregue tanto na direção da FDUP como na reitoria da U.Porto focava-se, principalmente, “na questão do desleixo e do pouco cuidado que houve em manter o edifício em condições”.

Maria João Pinheira contou que a reitoria, no processo de passagem da Faculdade de Engenharia para a Faculdade de Direito, fez reparações em algumas portas e nas casas de banho, mas “tudo o resto não teve obras”.

A fachada e o edifício a nível estrutural são algumas das obras necessárias, mas o maior problema é o telhado. “O telhado não teve obras na altura em que foi passado para nós e continuou sem obras até agora. Para haver obras é preciso que seja a reitoria a tratar do assunto, por ser uma obra de grande porte e por ser uma obra externa”, afirmou a estudante.

Maria João Pinheira: “A Faculdade de Direito nunca foi uma prioridade e continua a não ser uma prioridade para a reitoria”

O telhado é um problema que tem consequências na estrutura do edifício. A presidente da AEFDUP disse que, como prevenção, foram colocadas redes nos tetos da faculdade. “O objetivo das redes é que não caia nada nem nos estudantes nem em nenhum bem material que eles possam ter nas salas”, esclareceu.

Este ano, a chuva provocou infiltrações no edifício: “Começou  a chover na escadaria principal, nas salas, na biblioteca e no bar da faculdade. Apesar de se ter feito as obras de prevenção, a faculdade continua com imensos defeitos e cada vez que há uma tempestade mais forte, continua a chover dentro da faculdade”, disse Maria João Pinheira.

A presidente contou que a FDUP lhe garantiu que tem limpo o telhado com regularidade, mas isso não tem solucionado a questão das infiltrações em dias de chuva forte.

Para Maria João Pinheira, “a Faculdade de Direito nunca foi uma prioridade e continua a não ser uma prioridade para a reitoria”.

Contactada pelo JPN, a Reitoria assegurou que “a empreitada encontra-se já em fase de contratação pública”, tendo o concurso sido aberto a 12 de dezembro de 2017. O projeto prevê um investimento de 850 mil euros e uma duração da obra de um ano. Quando interrogada quando é que poderá começar a obra, a U.Porto disse esperar “arrancar com os trabalhos de reabilitação a curto prazo”.

Processo para obras em Belas Artes ainda em fase embrionária

A FDUP não é a única faculdade a exigir obras à Reitoria. Alunos da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) estiveram esta terça-feira em manifestação silenciosa à frente da reitoria da U. Porto, uma semana depois de terem lançado um manifesto que alertava para as necessidades da faculdade.

Ao JPN, Sancha Castro, membro da Assembleia Geral da Associação de Estudantes da FBAUP, revelou os três problemas mais urgentes: a falta de técnicos, a necessidade de manutenção dos edifícios dos ateliês de pintura e escultura e a falta de espaço para os alunos. “No curso de Artes Plásticas, por exemplo, entram 90 alunos por ano e a escola não tem edifícios nem materiais para tantos alunos”, contou a aluna.

Segundo a estudante de Belas Artes, o problema não é novo, mas, “com o passar de tempo e a falta de investimento, tem-se tornado mais grave”.

Apesar de já terem havido tentativas para conseguir arranjar mais financiamento para melhorar as condições da faculdade, Sancha Castro disse que ainda nada foi concretizado.

Na manifestação silenciosa desta terça-feira, os alunos presentes foram informados que Sebastião Feyo de Azevedo, reitor da U.Porto, não estava presente. Contudo, foi-lhes fornecido por um secretário o contacto telefónico do reitor, para que os estudantes pudessem marcar uma reunião.

A aluna da FBAUP disse que essa possibilidade animou os estudantes: “Foi um momento onde possivelmente achámos que, pelo menos, conseguimos uma reunião, íamos poder entregar o manifesto e alertá-lo de quais são os problemas da faculdade”, explicou Sancha Castro.

Ao JPN, a Reitoria da U.Porto informou que os estudantes da FBAUP ainda não marcaram a reunião com Sebastião Feyo de Azevedo. Ainda assim, a reitoria avançou que estão em fase de preparação do concurso público para as obras em Belas Artes.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro