O Party Sleep Repeat vai para a sexta edição. São João da Madeira prepara-se para receber, este sábado, a festa dos que pouco dormem, para poder celebrar, durante doze horas ininterruptas, “a vida, a música, o amor e a amizade”.

Este ano o Party Sleep Repeat vai levar até à Oliva Creative Factory Manel Cruz, “que vai dar o seu segundo concerto do ano, com músicas novas e talvez até inéditas dos álbuns que ele vai lançar este ano”, sublinhou Tiago Valente dos Santos, um dos organizadores e presidente da Associação Cultural Luís Lima.

Tiago Valente dos Santos também destaca a atuação dos “Zulu Zulu, que são uma banda maiorquina, de Espanha, muito interessante e atuam mascarados. Cada um deles toca vários instrumentos. Também destaco o primeiro concerto, o dos Go’el, que é uma atuação em primeira mão, ou seja, eles lançam um álbum no dia 21 de abril e é a primeira vez que as pessoas podem ouvir uma amostra do que vão encontrar no álbum”.

Throes + The Shine, Stone Dead, Fugly, El Señor, Solar Corona, Cosmonauta17, Adão e Le Cirque du Freak são outras das presenças musicais da sexta edição.

O festival nasceu “de uma tragédia nas nossas vidas que foi o falecimento, em 2012, de um amigo nosso, Luís Lima [com 23 anos]. Ele morreu vítima de doença prolongada”, explicou ao JPN Tiago Valente dos Santos, presidente da associação cultural batizada com o nome do homenageado.

Mas as motivações da iniciativa são, para o amigo pessoal de Luís Lima, tudo menos fúnebres e o objetivo é olhar para o futuro de uma forma construtiva, que passa por canalizar grande parte das receitas do festival para causas solidárias.

“Uma vez que o festival cresceu, esta é a terceira vez que apoiamos os projetos de investigação da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Esta é a nossa forma de tentar ajudar e de contribuir para que haja menos casos como o dele e que menos pessoas tenham de passar pelo que nós passámos, em 2012 e nos anos seguintes”, acrescentou Tiago Valente dos Santos.

Até à data, o Party Sleep Repeat doou 20.000 euros à Liga Portuguesa Contra o Cancro e a “uma associação que é nossa parceira – a Associação de Jovens Ecos Urbanos -, desde a primeira edição, com o projeto «Apadrinhe esta ideia». Esta iniciativa visa apoiar famílias economicamente desfavorecidas de São João da Madeira, em gastos fixos e alimentação. Já ajudámos cerca de 150 famílias repetidamente ao longo dos anos”.

O presidente da Associação Cultural Luís Lima considera que o balanço das cinco edições que ficaram para trás é “muito positivo” e não se limita ao caráter solidário do projeto: “Três [das edições] foram premiadas com galardões nos Iberian Festival Awards. A terceira edição foi premiada com a distinção de Melhor Festival Ibérico Indoor. A edição de 2016 saiu vencedora na categoria de Melhor Festival Pequeno Português e a de 2017 foi premiada com o galardão de Melhor Festival Pequeno Ibérico, que considero o prémio mais significativo, porque significa que fomos o melhor festival até 2.000 espectadores em toda a Península Ibérica e é uma categoria votada pelo público”.

Depois da visibilidade dos prémios, a adesão ao festival já não se limita à “franja habitual” das primeiras edições, “que é a natural de São João da Madeira e arredores: Oliveira de Azeméis, Vale de Cambra, Santa Maria da Feira, Espinho e Ovar”.

Agora, há pessoas de todo o país a mobilizarem-se para o evento e Tiago Valente dos Santos esclareceu ao JPN as razões: “Primeiro, pela programação que nós temos. Temos sempre os melhores artistas nacionais, na nossa opinião e mediante o nosso estilo de música. Nós programamos o festival tendo em conta os gostos pessoais do Luís, de bandas que havia na altura e de bandas que achamos que ele ia apreciar agora. Pensamos sempre na programação dessa forma. O Luís gostaria da música, do conceito e é por isso que o fazemos dessa forma”.

O organizador referiu, também, que o festival não pesa nas carteiras: “Nós praticamos preços muito baixos [nesta edição, o preço é de 12 euros] para ver mais de dez artistas, um preço que é simbólico, diríamos nós. Em terceiro lugar, as pessoas sabem que as receitas de bilheteira revertem para causas solidárias”.

E rematou, sobre a festa que se repete: “É um festival com uma magia muito própria, bastante intimista e com alguma familiaridade. Vê-se muitos abraços, muitos beijos e há sempre um ótimo ambiente”.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro