A Metro do Porto alerta que, caso a greve da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) não seja desconvocada, algumas linhas podem vir a ser temporariamente encerradas na próxima semana.

O “Jornal de Notícias” (JN) avança que a Metro do Porto tenciona cortar a linha do Aeroporto (Lilás) logo na segunda-feira (23) e depois suspender as linhas de Fânzeres (laranja) e Senhor de Matosinhos (azul) ao logo da semana. A circulação pode ficar reduzida apenas ao troço Estádio do Dragão-Senhora da Hora.

Todas as linhas de Metro no Porto estão condicionadas em alguns casos apresentando tempos de espera superiores a meia hora – o dobro do normal.

A circulação de veículos está reduzida a metade: a frota da Metro do Porto é constituída por 102 viaturas, das quais 72 são do modelo Eurotram – mais recentes e funcionais -, e destas apenas 40 estarão a funcionar – de acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Serviços Ferroviários (SNTSF) -, com a possibilidade do número ser ainda menor até ao final do mês.

Isso deve-se à impossibilidade de reparar as pequenas avarias do quotidiano, mas também ao número elevado de veículos que ainda está pendente das grandes operações de manutenção e revisão obrigatória (após 906 mil quilómetros de circulação), atrasadas pelos quatro anos de restrições orçamentais determinadas pela “troika” e pelo anterior Governo, adianta o JN.

A paralisação da EMEF dura desde o início do mês.  Ao JPN, Paulo Milheiro, do SNTSF, diz que a adesão dos funcionários das oficinas de Guifões, em Matosinhos, está próxima dos 100%.

Igualdade em relação à CP na origem da greve

A EMEF é uma empresa pública, detida a 100% pela CP — Comboios de Portugal, que emprega cerca de mil trabalhadores, que asseguram a manutenção do material circulante. Os trabalhadores exigem que sejam tratados de maneira semelhante aos da detentora da EMEF.

Em causa está uma atualização salarial e o subsídio de turno, que “está completamente fora daquilo que é o subsídio de turno pago na CP”, afirma Paulo Milheiro.

O dirigente sindical diz que neste momento as oficinas de todo o país “estão a trabalhar com menos 50 a 100 trabalhadores” do que seria necessário. Em cima da mesa está também o regulamento de carreiras, que Paulo Milheiro considera “obsoleto”, uma vez que é referente a 1999 e “muitos trabalhadores não conseguem atingir o topo da carreira”.

A greve está marcada até 30 de abril e Paulo Milheiro garante que “se não houver novidades até lá, os trabalhadores irão cumpri-la até ao fim”. O dirigente da SNTSF acrescentou que ainda hoje o sindicato deverá anunciar mais medidas para a continuação da greve.

Ao longo do ano de 2017, a Metro do Porto registou uma média de entre quatro e cinco milhões de validações por mês.