Moralizados pela vitória no clássico da Luz e na ressaca da eliminação da Taça de Portugal aos pés do Sporting, os azuis e brancos receberam esta segunda-feira no encerramento da 31ª jornada da Liga NOS, no Estádio do Dragão, o Vitória FC, que procura fugir ao espectro da despromoção.

Os “dragões” foram vorazes e golearam os sadinos por 5-1 num jogo que ficou decidido até ao intervalo. A três jogos do seu final, a equipa de Sérgio Conceição consolida o primeiro lugar do campeonato, agora com o melhor ataque e a melhor defesa.

Dragão arranca em grande estilo e mete a quarta antes do intervalo

O FC Porto entrou pressionante, a cercar a área sadina. Numa combinação entre Brahimi e Alex Telles, o brasileiro tirou um cruzamento certeiro para Soares, que cabeceou para defesa de Cristiano. A bola sobrou para Marega e o maliano, regressado ao onze, só teve que encostar para abrir o ativo no Dragão. Estavam decorridos seis minutos de jogo. A vantagem madrugadora contribuiu para animar as hostes e Marcano (12’), na sequência de um pontapé de canto aumentou-a de forma acrobática, após nova defesa para a frente de Cristiano. Marca histórica para o central espanhol, que vive a época mais produtiva da sua carreira com seis tentos.

Dois golos antes do quarto de hora de jogo espelhavam a superioridade dos “dragões” que sufocavam os visitantes. Praticamente na jogada seguinte, Marega, lançado em profundidade, serviu Brahimi. Solto na grande área, o argelino atirou a contar para o terceiro golo da noite, à passagem do décimo sexto minuto de jogo.

Após uma entrada avassaladora, os “dragões” assentaram o seu jogo e à primeira oportunidade para se mostrar o Vitória FC reduziu (24’). Patrick cruzou atrasado pela direita e João Amaral não se fez rogado, batendo Casillas no primeiro remate enquadrado dos sadinos. A equipa de Couceiro tirava proveito da momentânea inferioridade numérica do FC Porto, uma vez que Herrera se encontrava fora das quatro linhas a receber assistência.

A resposta surgiu sob a forma de golo, o quarto do FC Porto. Muito veloz na ala direita, Ricardo Pereira colocou a bola à entrada da área, à mercê de Corona que fuzilou as redes sadinas (35’). Goleada consumada, domínio absoluto e festa no Estádio do Dragão, no dia em que se assinalou o 36.º aniversário da presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Conforto permitiu gestão

O segundo tempo arrancou na mesma toada. Alex Telles descobriu Soares solto na área mas o avançado brasileiro, em ótima posição, desperdiçou (48’). Pouco depois (51’), Corona encontrou Brahimi na grande área mas o argelino dominou mal e perdeu-se nova oportunidade para avolumar o resultado. O FC Porto continuava a exercer uma pressão alta e a recuperar a posse de bola no meio campo ofensivo, o que dificultava a posse do Vitória FC.

Só de bola parada os visitantes conseguiam chegar à área dos azuis e brancos, como se viu num cabeceamento de Nuno Reis por cima da baliza (57’). Foi o primeiro esboço de uma tentativa de reação sadina. Depois da hora de jogo o Vitória começou a conseguir respirar um pouco. Uma concessão da equipa portista, em gestão de esforço e com a partida perfeitamente controlada fruto do resultado construído na primeira parte.

Aos 72’, Alex Telles elevou a contagem para 5-1 numa cobrança irrepreensível de um livre direto à entrada da área. Até final o ritmo de jogo foi caindo naturalmente, com a posse de bola do lado do FC Porto que caminhou seguro rumo a uma das vitórias mais expressivas da temporada. O aplauso foi unânime no Estádio do Dragão e os adeptos pediram à equipa o título de campeão.

Os “dragões” somam 79 pontos e mantêm distâncias para os rivais diretos, antes da viagem aos Barreiros. Já o Vitória FC viu-se ultrapassado nesta jornada pelo Moreirense e encontra-se dois pontos acima da zona de despromoção. Por lá anda o Feirense, próximo adversário dos sadinos.

“Mais importante que ter muitos golos é ganhar os jogos”

Apesar da mão cheia de golos, Sérgio Conceição preferiu sublinhar a ultrapassagem de novo obstáculo na luta pelo campeonato. “Cabia-nos tentar fazer um golo para criar alguma instabilidade na missão defensiva do Vitória. Com os três primeiros golos o jogo ficou mais fácil. De uma forma natural construímos o resultado de 5-1. Mais importante foi a forma como entrámos no jogo, confiantes daquilo que queríamos e conscientes do que tínhamos de fazer”, frisou o técnico do FC Porto em conferência de imprensa.

Na rota do título segue-se uma viagem à Madeira. “O campeonato está cheio de jogos difíceis. O Marítimo cria muitas dificuldades ao adversário em sua casa. Nós assumimos a responsabilidade de ir lá ganhar”, afiançou, remetendo para um plano secundário as estatísticas ofensivas. “É importante uma equipa fazer golos e vencer de forma convincente. Mas há vitórias fantásticas por 1-0. Mais importante que ter muitos golos é ganhar os jogos. Espero que isso se traduza na conquista do campeonato”, concluiu.

“Há mérito do adversário e muito demérito nosso”

Para José Couceiro, o primeiro quarto de hora atraiçoou qualquer tentação sadina em obter pontos. “Todos sabíamos que o FC Porto ia entrar forte no jogo para resolver o mais cedo possível. Preparámo-nos para reagir a essa situação, mas cometemos erros. Na segunda parte o jogo estava praticamente decidido. Há mérito do adversário, mas também muito demérito nosso”, começou por dizer na sala de imprensa.

Mesmo com a goleada consentida no Dragão, o Vitória entra para as três rondas finais acima da linha de água. Ainda assim, o técnico vitoriano recordou as arbitragens para defender que os setubalenses podiam estar mais tranquilos na classificação. “Não encontram uma equipa com tantos pontos perdidos devido a terceiros como nós. Temos de lutar contra isso. Claro que há responsabilidades nossas, mas já devíamos estar fora desta luta”, vincou, antes de explanar o estado de arte do futebol português.

“A arbitragem é um elemento fundamental para a qualidade do jogo. É preciso subir o nível. É preciso que não haja uma pressão tão exagerada como tem havido, porque claramente condiciona. Não vamos acabar com os erros, mas há situações a melhorar para que não leve ao descrédito”, sugeriu, crendo que os agentes desportivos nunca pensam “de forma conjunta”.

Artigo editado por Filipa Silva