No Dia Mundial do Ambiente, o Partido Ecologista Os Verdes lança a campanha "O clima está em mudança! Toca a mudar também", uma exposição itinerante que vai percorrer o país com mensagens que pretendem agitar consciências.

“Não compre laranjas da África do Sul, nem um limão da Argentina”. É um dos apelos de Manuela Cunha, membro da Comissão Executiva d’Os Verdes, no dia em que o partido ecologista lança a campanha “O clima está em mudança! Toca a mudar também”.

A iniciativa vai percorrer todo o país com exposição de cartoons relacionados com as alterações climáticas, debates e apelos diretos aos cidadãos e arrancou, esta terça-feira, na Praça Dom João I, no Porto.

Os desenhos são da autoria de Telmo Quadros e pretendem “retratar alguns assuntos ligados ao ambiente e ao aquecimento global com algum humor, utilizando símbolos que as pessoas identificam com alguma facilidade”, conta o arquiteto ao JPN. Exemplo disso é a imagem onde se pode ver máquinas de exploração de petróleo a cavar sepulturas como que a ditar a morte do planeta.

O principal objetivo da campanha é mudar paradigmas no que diz respeito aos setores dos transportes, da energia, florestas e conservação da natureza, água, produção alimentar, gestão das cidades e educação. “Há todo um pensar a toda a gestão municipal e nacional que tem que ser mudado e o cidadão tem que estar atento”, defende Manuela Cunha.

A ecologista sublinha que é fundamental “alertar e apelar à ação para que os cidadãos mudem os seus hábitos e exijam mudanças políticas”. E que mudanças são essas?

Para Manuela Cunha, há várias áreas em que é preciso haver maior consciência e uma intervenção urgente, sendo que a mobilidade é uma área “estruturante”. Apostar na ferrovia e na mobilidade suave é, na visão da ecologista, a melhor solução para resolver os problemas de emissão de dióxido de carbono nas cidades.

“O paradigma  da mobilidade é fundamental em Portugal. Mudar do transporte individual para o transporte coletivo, do transporte de combustível fóssil para a ferrovia. Isto é um paradigma de mudança que está a ser feito muito pouco, isto é, tem que se fazer um muito maior investimento na ferrovia”, expõe.

Manuela Cunha considera que as medidas tomadas a nível nacional e mundial no sentido de diminuir as emissões de carbono são insuficientes, uma vez que, na sua visão, ” são falsas reduções, porque são comércio de emissões: um país baixa e outro compra-lhe e continua a poluir”.

Produzir alimentação de proximidade “seja ela agropecuária ou outra” é também uma das ambições d’Os Verdes “para evitar o transporte” dos produtos importados. “Propusemos já vários projetos-lei para obrigar a área da distribuição a ter uma quota de produtos locais, regionais e isso foi recusado”, explica.
“A gestão da água não pode ser entregue ao privado”
Manuela Cunha aproveita e deixa um apelo: “Não compre laranjas da África do Sul, nem um limão da Argentina. Ele fez quilómetros, ele enche o nosso prato de dióxido de carbono. Comemos uma laranja com muito dióxido. Compre uma laranja daqui mais perto, do Algarve.”
Para além da mobilidade e dos transportes dos produtos, o PEV pretende apelar à eficiência energética, promovendo as energias limpas, a criação de espaços verdes nos centros das cidades e a uma mudança na gestão das águas que, na visão do partido, não deve estar nas mãos dos privados.
“As alterações climáticas mudaram completamente o regime hídrico. A gestão da água não pode ser entregue ao privado. Porquê? O privado quer negócio, se vender mais negócio. Privado e negócio é incompatível com poupança”, remata.