Foi uma conferência sem guião, mas se alguém o tivesse escrito é seguro que a palavra “entusiasmo” constaria das indicações de ação. Foi com esse espírito que os representantes da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), do Teatro Nacional de São João (TNSJ) e da RTP apresentaram, esta sexta-feira, no Salão Nobre do TNSJ, a nova Pós-graduação em Dramaturgia e Argumento, que entra em cena já no próximo ano letivo.

Dirige-se a pessoas formadas nas áreas do teatro, cinema e audiovisual ou literatura, mas também a todos os que não tendo formação tenham experiência nestas áreas.

No final, o desejo é o de formar dramaturgos, dramaturgistas, argumentistas, copyrighters, críticos ou “pensadores e inventores” como Jorge Louraço Figueira, diretor da formação, gosta de lhes chamar.

TNSJ aproxima-se das escolas artísticas

Para o preisdente do Conselho de Administração do TNSJ o protocolo assinado esta sexta-feira constitui “uma nova etapa na relação do TNSJ com as escolas artísticas do Porto”.

“Depois do triste encerramento do Mestrado de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras esta é uma boa notícia para o teatro do Porto e para o ensino superior artísitico da cidade”, comentou ainda Pedro Sobrado.

Além de terem participado no processo de definição do curso, Pedro Sobrado, Nuno Carinhas (diretor artístico do TNSJ) e Nuno M Cardoso (assessor da direção artística do TNSJ) vão integrar o corpo docente da pós-graduação.

O TNSJ vai ainda participar tanto na disciplina de Seminário, como na de Projeto.

“Enquanto a ESMAE tentará articular e harmonizar os conteúdos curriculares do plano de estudos deste curso com a programação do São João, especialmente com o plano de produções próprias, o TNSJ tratará de definir ações que, em contexto de criação e de trabalho, se possam harmonizar com as diversas unidades curriculares que compõem o curso”, explicou Pedro Sobrado aos presentes.

Já com a RTP, a parceria prevê a participação de alunos em programas de rádio e televisão dedicados ao teatro, nomeadamente o “Teatro Sem Fios” da Antena 2 e “A Peça que Faltava” da RTP2.

Teresa Paixão, coordenadora de conteúdos da RTP2, sublinhou a importância de injetar “sangue novo” na televisão pública e da necessidade de aumentar o grau de exigência no que se faz para a televisão.

Hélder Maia, diretor do Departamento de Teatro da ESMAE, falou em duas vitórias já garantidas com esta formação: “uma abertura da ESMAE para esta área de formação da escrita e do pensamento sobre a escrita e o argumento, porque nunca esteve no nosso plano de formação; e uma segunda vitória que é trazer a dramaturgia para aquilo que são as práticas artísticas.”

Jorge Louraço Figueira deu exemplos de disciplinas do curso, que vão das tradições teatrais à realização audiovisual, e referiu que a pós-graduação, que vai dirigir, se insere numa ESMAE que se vê como escola “não de reprodução mas de invenção”.

Formação pós-laboral

A Pós-graduação em Dramaturgia e Argumento, que tem 15 vagas no total, é “a primeira orientada para a vertente da dramaturgia na região Norte do país” tendo entre os objetivos “potenciar o desenvolvimento da dramaturgia nas artes cénicas e audiovisuais”, em áreas como o teatro, a dança e a performance.

A formação vai ser lecionada em regime pós-laboral, com a duração de um ano letivo, dividido em dois semestres. Terá uma carga horária de 316 horas. Os alunos que completarem a formação terão a possibilidade de seguir para o Mestrado em Artes Cénicas.