Caso de Nicol Quinayas, jovem que acusa segurança da 2045 de a ter agredido quando tentava entrar num autocarro na noite de São João, leva organização a promover uma Concentração contra o Racismo no Porto, que vai ter dois momentos.

O Festival Feminista do Porto, com o apoio da SOS Racismo, convocou para os próximos dias uma Concentração contra o Racismo que vai ter dois momentos, o primeiro deles já na próxima quinta-feira. A ação está marcada para as 17h00 e decorre, simbolicamente, em frente à sede da STCP, localizada na Torre das Antas.

Na base da iniciativa está o episódio que envolveu uma jovem de 21 anos na noite de São João, quando tentava apanhar um autocarro da empresa pública, na zona do Bolhão.

De acordo com o relato da jovem e de várias testemunhas ouvidas entretanto pela imprensa, um funcionário da empresa de segurança 2045, que faz a fiscalização a bordo dos autocarros da STCP, impediu Nicol Quinayas de entrar num autocarro na madrugada de 24 de junho.

O lugar ocupado pela jovem nascida na Colômbia, residente em Portugal desde os 5 anos, na fila de espera terá espoletado a confusão que escalou para uma situação de violência física. As imagens do estado em que ficou o rosto da jovem, bem como um vídeo onde é visível o posicionamento do segurança sobre a jovem, no chão, são conhecidos. Foram ainda reportadas declarações racistas e xenófobas do segurança, entretanto afastado de funções na STCP, segundo o esclarecimento prestado pela empresa ao jornal “Público”. A prestação da PSP, que foi chamada ao local, tem sido também questionada.

Várias entidades nacionais manifestaram o seu repúdio perante o relato, incluindo a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial que prometeu encaminhar o caso para o Ministério Público. A Procuradoria-Geral da República já confirmou à Lusa ter aberto um inquérito ao caso. A Inspeção Geral da Administração Interna também tem aberto um processo de averiguações junto da PSP.

“O Estado tem o dever, tem a obrigação, de garantir ruas e transportes públicos seguros para todas as pessoas” e “não pode pactuar com discriminações de género, de raça, de classe, de orientação sexual ou com quaisquer outras formas de discriminação” escreve o Festival Feminista do Porto no comunicado enviado às redações.

Além da concentração frente à sede da STCP na quinta-feira, a mesma organização convocou ainda um concentração para o dia 10 de julho, desta vez em frente à sede da 2045 no Norte, em Perafita.

A organização, ouvida pelo JPN, está “muito otimista” sobre a adesão de público na ação de quinta-feira dada a dinâmica do evento nas redes sociais.