Valeu pelos três pontos. A passagem do FC Porto pelo Bonfim, este sábado, foi sofrida na exibição mas eficaz no resultado. Com os dois golos sem resposta marcados ao Vit. Setúbal – cortesia de Aboubakar e Sérgio Oliveira -, os dragões escalaram até ao topo da classificação da Primeira Liga e esperam agora pelo resultado dos principais adversários para saberem em que posição fecham a quinta ronda do campeonato.

O FC Porto apresentou-se em campo sem mudanças em relação ao jogo de terça-feira para a Champions League frente ao Schalke 04. Sérgio Conceição voltou a apostar em Danilo e a relegar Sérgio Oliveira para o banco.

Já no Vitória FC foram cinco as alterações verificadas em relação ao último jogo dos sadinos, desta feita no 3-3 frente ao Nacional para a Taça da Liga. Lito Vidigal optou por reestabelecer a defesa já apresentada contra o Belenenses para a quarta ronda do campeonato, voltando a lançar Joel Pereira, Mano e Artur Jorge para o onze inicial. No meio-campo sadino, a grande surpresa foi Valdo que fez a sua estreia com a camisola da equipa do Sado. Semedo veio para o lugar de Mikel Agu, jogador emprestado pelos campeões nacionais e, por isso, impossibilitado de disputar esta partida pelos regulamentos.

Do caos às primeiras ameaças

O FC Porto voltou a jogar num sistema tático bem conhecido pelos adeptos portistas e que já deu provas da sua eficiência na época passada. Um 4-4-2 a defender, com Brahimi a recuar para a esquerda e Otávio na direita e um 4-3-3 a atacar com Danilo a trinco libertando a creatividade de Herrera e Otávio para servirem Marega ou Aboubakar na frente.

O jogo começou de forma caótica, com várias perdas de bola a meio-campo de parte a parte. No entanto, aos cinco minutos Otávio faz um excelente passe para a desmarcação de Marega, mas o maliano dominou mal e a rematou contra um defesa sadino.

Aos 14′ minutos de jogo o Vitória fez a primeira ameaça por Mano, que desferiu um remate potente depois de um canto favorável à equipa da casa. Remate esse que saiu para fora, ficando assim o primeiro sinal de perigo dos sadinos neste jogo.

Numa altura em que o Porto ia pressionando e tendo mais bola, Brahimi consegue um bom remate à figura de Joel Pereira, guarda-redes emprestado pelo Manchester United ao Vitória FC.

Depois da pressão veio a calma

A maior evidência da boa pressão aplicada pelo Porto ao Vitória no primeiro quarto de hora de jogo foi mesmo o golo que acabaria por chegar ao minuto 17’ por intermédio de Aboubakar.

A jogada começa com uma boa iniciativa de Marega, a partir da direita, que consegue tirar um oponente da frente e cruzar rasteiro para os pés de Maxi. O uruguaio não conseguiu aproveitar da melhor maneira o cruzamento do maliano acabando por se atrapalhar com a bola que depois é alvo de um mau alívio por parte de um defesa sadino. Sobrou para Aboubakar, que disparou para o fundo das redes, inaugurando o marcador.

Atrevimento sadino em busca do empate

Vendo-se agora em desvantagem no marcador, a equipa de Lito Vidigal começou a despertar para o jogo criando duas boas oportunidades de golo até ao apito para o final da primeira parte.

A primeira boa ocasião foi aos 20’ num lance em que Hildeberto Pereira se consegue desmarcar bem dos defesas portistas isolando-se em direção à baliza, mas deixando-se cair à entrada da grande área. O árbitro nada assinalou neste lance que deixou dúvidas, quanto a uma eventual falta de Felipe.

Já o estreante Valdo Té teve nos seus pés a grande oportunidade dos sadinos ao fazer um remate acrobático à queima roupa, que obrigou Casillas a uma boa intervenção, defendo a bola para canto.

VAR entra em jogo

Com o FC Porto a tentar gerir a vantagem mínima conseguida na primeira parte, o Setúbal ia tentando ter bola para chegar ao tão esperado empate. Algo que só não conseguiu, porque o VAR anulou um golo a Valdo Té.

André Sousa cruzou da esquerda e Valdo Té dominou com o braço a bola para depois rematar para o fundo das redes da baliza defendida por Iker Casillas. Já depois da equipa sadina ter festejado, o árbitro viu-se forçado a analisar melhor o lance através do VAR, decidindo, depois por anular aquele que seria o golo do empate.

Primeiras mexidas surtem efeito

Vendo a sua equipa a não conseguir manter a bola como desejaria, Sérgio Conceição fez entrar Sérgio Oliveira para o lugar de Otávio, ao minuto 60’, em busca de mais movimentação defensiva sem bola e astúcia na hora de sair com a bola para o ataque.

Logo após a entrada de Sérgio Oliveira, a defesa sadina mostrou dificuldades na saída com bola e Marega dispôs de mais uma grande oportunidade para ampliar a vantagem portista ao disparar contra um defesa contrário. Sérgio Oliveira aproveita a sobra desse lance para rematar de primeira o que resultou numa grande intervenção do guardião sadio.

Foi então que Lito Vidigal decidiu mexer na equipa para tentar recuperar o critério na saída para o ataque, lançando, ao minuto 66’, Cádiz e Alex no jogo e tirando Valdo e André Sousa, já, claramente, desgastados.

Aos 67’ minutos, Hildeberto tomou a iniciativa de atacar e conseguiu criar muito perigo através de um remate que obrigou Casillas a mais uma boa defesa. Defesa essa que foi incompleta: a bola sobrou para Mendy que, embora estivesse em posição irregular, não conseguiu converter a oportunidade em golo.

FC Porto maestro

Entrávamos agora numa altura do jogo em que o FC Porto conseguia ir impondo o seu ritmo de jogo e gerir o tempo a seu gosto. André Pereira havia entrado ao minuto 73’ para o lugar do autor do golo solitário desta partida, Aboubakar.

Até que, no ritmo induzido, os dragões conseguem um livre em zona frontal à baliza defendida por Joel Pereira. Chamado a bater, Sérgio Oliveira rematou de forma potente, com o esférico a levar uma trajetória que dificultou muito a defesa do guardião lusitano, uma vez que a bola ia a fugir. Um livre para ver e rever que só parou no fundo da baliza sadina. 0-2 para a equipa visitante.

Com o segundo veio a tranquilidade

A equipa da casa encontrava-se agora a perder por dois golos, após ter disposto de boas oportunidades de chegar ao empate. Fez-se notar uma grande quebra em termos anímicos, já que a equipa do norte conseguiu controlar perfeitamente o jogo até ao apito final do jogo.

Com alguns jogadores já bastante desgastados, o Vitória FC não conseguiu voltar a criar boas oportunidades de golo, deixando o Porto trocar a bola sem fazer grande pressão sobre o portador da bola.

Aos 81’ Lito Vidigal ainda tentou inverter essa tendência, tirando Artur Jorge para a entrada de Zequinha. Contudo esta substituição não obteve o efeito pertendido, já que Zequinha não conseguiu acrescentar nada mais ao ataque sadino.

Última hipótese para cada lado

Num contra-ataque, depois de uma perda de bola do Vitória FC, Marega impôs o seu físico e conseguiu guardar bem a bola de costas para a baliza. O maliano deixou depois a bola para Corona, que tinha acabado de entrar para o lugar de Brahimi, só que este disparou ao lado.

Já no último minuto dos descontos, ou seja aos 90’+5’, o Vitória ainda tentou, uma derradeira vez, visar a baliza defendida pelo guardião portista, mas sem efeito, visto que Mendy não conseguiu dar seguimento ao bom cruzamento que recebeu e cabeceou para fora.

O FC Porto assume, assim, a liderança provisória do campeonato e fica à espera dos resultados de SC Braga, Sporting CP e SL Benfica. Já o Vitória FC mantém-se no 12º lugar, somando a terceira derrota para o campeonato, segunda no Bonfim. No entanto, a equipa liderada por Lito Vidigal pode sair confiante desta partida, já que demonstrou ter equipa para se manter a salvo de uma eventual descida com alguns bons apontamentos ao longo da partida.

“Qualidade exibicional não brilhante”

Nas declarações finais, Sérgio Conceição sublinhou a importância de uma vitória para o campeonato depois de um jogo para a Liga dos Campeões, lembrando o empate na época passada nas Aves e a derrota no Restelo em encontros pós-Champions.

O técnico admitiu também que a exibição podia ter sido melhor: “a qualidade exibicional não [foi] brilhante, também porque o Vitória preocupou-se muito em condicionar o jogo do FC Porto”.

E deixou críticas ao relvado do Estádio do Bonfim, com apelos à Liga e à Federação para que avaliem as condições do terreno sadino.

“VAR não veio trazer justiça ao futebol nacional”

Lito Vidigal começou por deixar duras críticas ao VAR, nomeadamente pelo golo anulado a Valdo: “O VAR supostamente veio para trazer a verdade ao futebol português, mas nas últimas jornadas tem sido o contrário. Em todos os nossos jogos tivemos lances duvidosos e ninguém fez aquele gesto [alusão ao VAR] para analisar. O VAR devia trazer justiça e, na verdade, tem-se tornado ainda mais penalizador para as equipas mais frágeis”, disse aos jornalistas.

Fez também questão de enaltecer a qualidade, a vontade e a determinação da equipa vitoriana e de parabenizar a equipa vitoriosa, neste caso, o FC Porto.

Sobre o mau estado do campo, Lito Vidigal admitiu-o mas justificou-o com a realidade do clube: “O Vitória só tem um campo. Treinamos aqui todos os dias e jogamos aqui. Queria ter campos para treinar e poupar o relvado, porque também gosto que a minha equipa jogue bom futebol, mas esta é a nossa realidade”.

Artigo editado por Filipa Silva