Como esperado, as eleições para a Presidência do Brasil vão a uma segunda volta, mas Jair Bolsonaro (PSL) não ficou longe de garantir a vitória à primeira ronda.

O capitão reformado do Exército, autor de inúmeras afirmações de teor racista, misógino, homofóbico ou anti-democrático, e vítima de um ataque durante a campanha que o levou para o hospital, foi, como também era esperado, o grande vencedor do dia eleitoral cumprido este domingo no Brasil, saindo das urnas com 46% dos votos (a última sondagem dava-lhe 41%). Foram mais de 49 milhões, os brasileiros que votaram Bolsonaro.

Em segundo lugar, na votação para a Presidência do Brasil ficou Fernando Haddad (PT), o escolhido de Lula da Silva para o substituir na corrida, depois do ex-Presidente do Brasil ter impedido – está atualmente deido –  pelo Tribunal Superior Eleitoral de concorrer. Haddad reuniu 31 milhões de votos e não se adivinha que tenha tarefa fácil para derrotar o ultraconservador Bolsonaro a 28 de outubro.

Para o fazer, dizem vários analistas no Brasil, o candidato da esquerda teria de absorver todo o eleitorado de Ciro Gomes (PDT) – terceiro mais votado com 12,5% dos votos -, Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), o que não é provável.

Jair Bolsonaro saiu vencedor na grande maioria das regiões do Brasil, com exceção do Nordeste, onde se destacou o candidato do PT.

Nota para a elevada abstenção, a rondar os 20%, a mais alta desde 1998, e que significa que 30 milhões de brasileiros não foram às urnas.

Em Portugal, e de acordo com os dados recolhidos pela agência Lusa, Jair Bolsonaro foi o mais votado pelos brasileiros nos consulados do Porto e de Faro.

Na reação ao resultado, registada num vídeo que colocou nas redes sociais, Jair Bolsonaro começou por referir diversas queixas que terá recebido a sua candidatura, em matéria de fraude eleitoral. Apelou à união num país que, disse, está “à beira do caos” e não pode “dar mais um passo à esquerda”.

Fernando Haddad congratulou-se com a passagem à segunda volta e falou também em união, neste caso, referiu especificamente a vontade de “unir os democratas do Brasil”. Essa [eleição] de 2018 coloca muita coisa em jogo, muita coisa em risco, o próprio pacto da Constituinte de 88 está hoje em jogo em função das ameaças que sofre quase que diariamente”, disse ainda Haddad que classificou de “incomum” este escrutínio.