Foi o primeiro confronto entre Portugal e Polónia desde que, nos quartos de final do Euro’16, a seleção nacional venceu nas grandes penalidades. Já esta quinta-feira, em Chorzow, os noventa minutos bastaram para os portugueses garantirem a vitória, não sem algum sofrimento.

Os polacos foram os primeiros a marcar, mas os “Silva” portugueses resolveram o jogo: primeiro foi André, aos 32 minutos; depois Rafa, que pressionou Glik para o auto-golo que colocou Portugal em vantagem; e, por último, Bernardo a fechar a contagem dos portugueses aos 52 minutos. A Polónia ainda se aproximou do empate, com um golo de Blaszczkowski aos 77′, mas não bastou para tirar os três pontos a Portugal.

Começo equilibrado

Fernando Santos não surpreendeu, um dia depois de completar 64 anos e no dia em que completou quatro anos no comando da Seleção. Repetiu quase todo o onze que venceu Itália na primeira jornada da Liga das Nações, com exceção da troca de Bruma por Rafa Silva, por motivos de saúde. Do lado dos polacos, Robert Lewandowski vestiu pela centésima vez a camisola polaca com um novo colega de ataque, Piatek, que se estreou em jogos oficiais pela seleção.

A partida começou com as duas equipas a tentarem impor as suas ideias de jogo. A Polónia procurava saídas rápidas com trocas de bola a um toque. Já Portugal trocava a bola com paciência num futebol mais apoiado. Bernardo Silva e Pizzi procuravam os desequilíbrios e William de Carvalho dirigia o ataque português.

Aos quatro minutos, o primeiro lance da equipa lusa na área adversária, num cruzamento de João Cancelo para as mãos de Fabianski. A seleção polaca aproximou-se da baliza portuguesa no minuto seguinte, na sequência de um livre lateral de Zielinski.

O primeiro remate com perigo do jogo saiu dos pés de André Silva. Canto batido à maneira curta, cruzamento de Mário Rui para o avançado do Sevilha desviar de calcanhar. A bola passou rente à barra.

Dez minutos passados, a pressão defensiva polaca diminuiu e o o meio-campo português passou a jogar mais à vontade, conseguindo chegar com facilidade ao último terço do terreno. Rúben Neves antecipou-se a algumas bolas no corredor central e William Carvalho aproveitou para crescer no jogo.

A segurança dada pelo jogador dos Wolves no “miolo” tem permitido ao médio do Bétis procurar terrenos mais avançados nos últimos jogos pela seleção, e foi de uma arrancada sua no meio-campo polaco que surgiu novo ataque de Portugal. William passou por dois médios adversários e abriu para André Silva, que colocou a bola na profundidade para João Cancelo. O lateral-direito caiu na área depois de simular o cruzamento, o árbitro mandou seguir.

Aos 18’, golo da Polónia, por Piatek. Canto batido por Rafal Kurzawa e cabeceamento do avançado do Génova, que leva 14 golos em 10 jogos oficiais esta época. Os portugueses ficaram a pedir falta de Lewandowski por obstrução a Rui Patrício.

Reação Lusa

Portugal procurou respondeR ao golo e passou a procurar uma linha de pressão mais alta no terreno. A estratégia deu frutos e os polacos sentiram alguns problemas em sair a jogar, o que resultou em mais do que uma recuperação perto da grande área da Polónia. Aos 27’, há uma jogada de insistência da equipa portuguesa: o cruzamento de Cancelo foi desviado por um defesa, com a bola a sobrar para Pizzi. O remate do médio foi contra novo defesa, e à terceira Rafa rematou para corte de cabeça de Bednarek.

Ao minuto 31, empate de Portugal. A troca de bola paciente da equipa das “quinas” culminou em golo de André Silva, depois de uma boa combinação de João Cancelo com Pizzi no corredor direito do ataque. O avançado do Sevilha correspondeu com rigor ao cruzamento tenso do médio do Benfica.

A equipa portuguesa voltou a criar perigo pouco depois do golo, num remate rasteiro de Pizzi que Fabianski defendeu com facilidade. Aos 35’, Rui Patrício lançou o contra-ataque com rapidez após canto da Polónia e Rafa rematou para Fabianski encaixar.

Ao minuto 42, Portugal deu a cambalhota ao marcador. A mais de 40 metros da grande área polaca, Rúben Neves desmarca Rafa com um passe milimétrico. A receção tira a bola do alcance de Fabianski e Glik marca na própria baliza ao tentar cortar o lance.

O jogo foi para intervalo com uma vantagem justa para Portugal, num jogo de ritmo alto e bons lances para os dois lados.

Investida polaca

O primeiro lance de perigo da segunda parte surgiu de um livre a favor de Portugal, que Pepe desviou sozinho por cima da baliza de Fabianski. A Polónia ripostou com um remate de meia distância por parte de Zielinski, na sequência de uma troca de bola rápida.

Aos 52 minutos, foi a vez de Bernardo Silva fazer o gosto ao pé. Boa jogada coletiva da equipa portuguesa, a culminar com um remate rasteiro ao canto inferior direito da baliza polaca. Fabianski ainda tocou, mas a bola só parou no fundo das redes.

À procura de reentrar no jogo, a Polónia começou a procurar mais bola e o jogo passou por uma fase mais física e disputada, com ambas as seleções a procurarem controlar o meio-campo. O crescendo polaco continuou e a equipa da casa entrou na última meia hora por cima no jogo.  A equipa portuguesa mostrava-se confortável face à maior produção ofensiva da Polónia e aproveitava os momentos de posse de bola para tentar diminuir o ritmo de jogo.

Aos 77′, Jakub Blaszczykowski reduziu para a Polónia. Pepe cortou de forma deficiente um cruzamento de Grosicki, a bola sobrou para a entrada da grande área portuguesa e o médio polaco rematou forte de primeira. Mário Rui protestou por Grosicki ter deixado a bola sair pela linha lateral momentos antes do cruzamento.

Defender com bola

O jogo entrou numa fase mais partida e com espaço para progredir no terreno, ainda que Portugal continuasse a procurar abrandar o jogo sempre que tinha posse de bola controlada. Ao minuto 84, o recém-entrado Renato Sanches viu o quarto golo ser negado por Kedziora. Depois de desmarcado por um passe de André Silva, Renato driblou Fabianski, mas Kedziora cortou a bola em cima da linha de golo. Momentos depois, nova oportunidade para o médio ex-Benfica, que rematou forte após mais uma boa jogada do coletivo luso. Ainda antes do final da partida, Bruno Fernandes atirou por cima, sem ninguém na baliza.

Fernando Santos: “Fizemos um muito bom jogo”

Na conferência de imprensa, Fernando Santos considerou que a equipa respondeu bem ao golo da Polónia: “Reagimos muito bem, mantivemos a serenidade, continuámos a controlar os ritmos e a dar profundidade.” O técnico português afirmou ainda que “houve um bocadinho de deslumbramento” depois do terceiro golo, mas a equipa recuperou a tempo de voltar a marcar golos, ainda que a Polónia continuasse perigosa: “A equipa polaca, nesses momentos, criou-nos muitos problemas.”

Globalmente, o técnico gostou do que viu: “Fizemos um muito bom jogo”, disse aos jornalistas.

Jerzy Brzeczek: “Os primeiros 30 minutos trouxeram muito bons resultados”

O selecionador polaco gostou da primeira hora de jogo e admitiu que a equipa sofreu por culpa própria: “Cometemos dois erros e sofremos dois golos na primeira parte, foram erros sobretudo no nosso posicionamento.” Além disso, Jerzy Brzeczek afirmou que a equipa “foi abaixo” com os golos de Portugal. “Reagimos com as substituições, mas perdemos muitas bolas a meio-campo e essa foi uma das principais razões para este resultado. “, acrescentou o técnico, que apesar da derrota tirou ilações positivas do jogo: “experimentámos um novo esquema e os primeiros 30 minutos trouxeram muito bons resultados, jogadas muito boas”.

Amigável em dia de jogo decisivo

Com este resultado, Portugal mantém a liderança do Grupo 3 e soma agora seis pontos, mais cinco que Itália e Polónia. Um empate destas duas equipas no jogo de domingo garante logo a qualificação da seleção portuguesa para a final four da Liga das Nações. Portugal volta a entrar em campo também domingo num amigável contra a Escócia.

Artigo editado por Filipa Silva