Cristiano Saturno passou 45 dias no Alasca para nos oferecer “Sarapanta”, que tem exibição marcada para esta terça-feira no Planetário. Para o futuro, está prometido, vai “finalmente, escrever a porra de um livro”. Ficamos todos à espera.

O encanto por auroras boreais e o gosto por contar histórias levaram Cristiano Saturno ao Alasca. Para quem sempre trabalhou com a escrita [Cristiano Pereira, seu verdadeiro nome, é jornalista], o vídeo foi uma nova experiência. Uma experiência dentro de várias experiências. Todas, entenda-se, arrebatadoras.

Sarapanta “era o que mais queria fazer na vida”, confessa o realizador ao JPN numa entrevista por escrito.

O caçador de auroras, como gosta de ser chamado, considera que “a solidão no Alasca foi libertadora”. O realizador passou 45 dias sozinho no maior estado dos EUA e acredita que a solidão lhe estimulou os sentidos e a contemplação. Passou muitos dias simplesmente a olhar para árvores e para o céu e não se fartou. “Caçar auroras pode ser muito viciante, muita gente diz isso. E eu sinto isso na pele”, conta.

A sensação de ver uma aurora é “desconcertante”. Tentou explicar-nos: “Imagine que no céu, à noite, de repente começam a surgir pinceladas de cor brilhante que vão mudando de forma, de movimento, de intensidade e velocidade”. Mas, como é algo intrínseco à natureza, “é mesmo um espanto” e é sempre diferente. São, em suma, “cores a dançar no céu”. Fechar os olhos é capaz de ajudar.

Nuvens e frio a atrapalhar

O maior inimigo dos caçadores de auroras são as nuvens. O caçador de auroras português confidencia que lhe aconteceu algumas vezes o céu estar nublado. “É de levar ao desespero”, diz. Cristiano teve de fazer centenas de quilómetros só para chegar a lugares onde as previsões meteorológicas fossem mais favoráveis.

Outra das dificuldades foi gerir as baterias das câmaras. Não só por estar a centenas de quilómetros de uma tomada de eletricidade, mas também pelo facto de as baterias terem menor duração quando a temperatura está em graus negativos.

Um postal para o Porto

Cristiano Pereira sente uma “satisfação imensa” com a exibição do filme na Invicta porque vive longe do Porto e é “como se enviasse um postal” para os amigos. Aliás, afirma que se tivesse de escolher uma única cidade do mundo para projetar o filme, “escolheria o Porto”.

Para além disso, sublinha, é muito bom estar no Porto/Post/Doc: “Tem uma programação estupenda e uma equipa que merece vénias”.

Sarapanta significa “Pregar susto a; assustar; espantar”. Era o termo usado pelos antigos bacalhoeiros portugueses na Terra Nova e Gronelândia para se referirem às auroras boreais.

No Planetário, que estreia este ano como um dos locais de acolhimento da programação do Porto/Post/Doc, o seu filme vai beneficiar do ecrã côncavo, no teto, que promete aproximar o espectador dessa realidade longínqua que são as auroras boreais.

Cristiano Saturno não para por aqui. Refere que é provável que faça outro filme e já tem uma ideia para desenvolver. Mas vai tentar “finalmente, escrever a porra de um livro” que vai ser sobre auroras e “as coisas que se movem no ar”, conclui.

“Sarapanta – Chasing the Northern Lights” vai ser exibido esta terça-feira no Planetário do Porto, pelas 22h00.

Artigo editado por Filipa Silva