Chama-se “Repórteres em Construção” e estreia no domingo na antena da Rádio Renascença (RR). O programa vai agregar reportagens feitas por estudantes de Jornalismo de todo o país [incluindo do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, do qual o JPN faz parte] e vai para o ar pelas 13h00.

Será sempre assim no primeiro domingo de cada mês: ao início da tarde entrará na emissão da RR, uma das parceiras do projeto, um programa de 20 a 25 minutos, com diversas reportagens de aspirantes a repórteres a propósito de um tema. No próximo domingo, a viagem leva-nos ao universo das rádios universitárias, mas outras estão já preparados.

Adelino Gomes entrevistado por estudantes do REC a propósito da sua participação, nos anos 70, no programa Rádio Universidade.

Adelino Gomes entrevistado por estudantes do REC a propósito da sua participação, nos anos 70, no programa Rádio Universidade. Foto: Joana Ochoa (ESCS)

“Havemos de ter um programa que retrata momentos de rutura na nossa vida, outro sobre as alterações no mundo laboral”, exemplifica ao JPN Sandra Marinho, investigadora e docente da Universidade do Minho, que preside à associação entretanto constituída para o projeto.

A montra do REC vai, no entanto, muito além do programa de rádio. Há também um site no qual se reúnem outros trabalhos jornalísticos desenvolvidos pelos estudantes.

Mas mais do que pela montra, o REC interessa pelo que se passa nos bastidores. É lá que a preparação dos trabalhos decorre numa plataforma que coloca em contacto estudantes, docentes e profissionais. Acertam-se temas, abordagens e formatos, sempre com um acompanhamento próximo de professores e jornalistas, cabendo a estes últimos, ainda, dar uma formação presencial adaptada aos conteúdos a produzir.

A iniciativa envolve atualmente uma centena de pessoas, é apoiada pelo Sindicato dos Jornalistas, o Clube dos Jornalistas, a Casa da Imprensa e o CENJOR, além da RR, e está a ser trabalhada há já quase dois anos.

Como tudo começou

Os primeiros emails começaram a ser trocados assim que o 4º Congresso dos Jornalistas Portugueses terminou, em janeiro de 2017, no Cinema São Jorge, em Lisboa. A mega-redação montada à altura para acompanhar o fórum profissional foi também ela histórica: pela primeira vez, foram alunos (cerca de 80) de dez cursos de Jornalismo do país, coordenados por professores e jornalistas, a fazerem a cobertura dos trabalhos.

Cerca de 80 estudantes integraram a redação que cobriu o Congresso dos Jornalistas em 2017.

Cerca de 80 estudantes integraram a redação que cobriu o Congresso dos Jornalistas em 2017. Foto: 4º Congresso de Jornalista Portugueses

O balanço foi muito positivo e gerou entusiasmo. “Daí o que se pensou foi: será que é possível fazer isto de forma permanente?”, recorda Sandra Marinho.

Muitos acharam que sim. Juntaram-se e convidaram todas as escolas superiores com curso de Jornalismo do país e arrancaram os trabalhos com 15 (há pouco mais de vinte, em Portugal). Entretanto, foi constituída uma associação sem fins lucrativos para albergar o projeto.

Sandra Marinho sublinha que não é objetivo do projeto sobrepôr-se à formação dada nas escolas, nem constituir-se como um órgão de comunicação social. O REC quer “acrescentar” um nível à formação dos estudantes da área e colocar em contacto dois universos tantas vezes distantes: o académico e o profissional.

Passados dois anos de trabalho, “a questão logística” é a que tem levantado maiores dificuldades, conta ainda Sandra Marinho ao JPN. “Isto implica coordenar muitas pessoas ao mesmo tempo. E como isto é tudo feito de raiz – não tínhamos uma base para copiar ou para nos apoiarmos – vamos um bocadinho por tentativa-erro”, concluiu.

O primeiro programa de rádio vai, então, para o ar no domingo. Só depois da estreia em antena será disponibilizado em formato podcast no site do projeto.