A Câmara Municipal do Porto tem em estudo várias alterações no plano da mobilidade na zona histórica da cidade, que visam reordenar o trânsito no local. O problema prende-se sobretudo com a circulação e paragem de veículos longos de passageiros, que ali deixam centenas de turistas todos os dias, e que não têm onde estacionar.

Entre as propostas camarárias, apresentadas esta terça-feira na reunião do Executivo pelo Diretor Municipal da Mobilidade e Transportes, Manuel Paulo Teixeira, está a transformação do parque de estacionamento da Alfândega num parque reservado ao estacionamento de veículos ocasionais de passageiros, com lugar para 18 autocarros, ficando o remanescente (121 lugares) para avenças de moradores e comerciantes.

“Vimos com bons olhos prescindir do estacionamento em rotação em favor do transporte ocasional”, afirmou o arquiteto, assinalando que a transformação permitiria também acabar com a lista de espera de moradores e comerciantes com pedidos de avença pendentes.

Atualmente, o Parque da Alfândega tem cerca de 90 lugares de rotação, disponíveis para não residentes.

Em resposta aos vereadores da oposição, Manuel Paulo Teixeira deixou em aberto a possibilidade de abrir o parque da Alfândega “à rotação em determinadas circunstâncias”, mas deixou claro que o objetivo da autarquia é fazer do local o parque de estacionamento para veículos ocasionais que a cidade não tem à cota baixa.

188 autocarros em simultâneo na Baixa

De acordo com os estudos de tráfego feitos no âmbito desta operação, os técnicos identificaram picos de 188 autocarros ocasionais a circularem em simultâneo na Baixa da cidade do Porto.

Ao número, Manuel Paulo Teixeira juntou uma série de problemas identificados na área, que passam por pontos de conflito entre diferentes utilizadores e pelo congestionamento verificado em algumas das artérias, tanto de veículos como de peões.

As propostas da CMP passam por:

– Tornar o Largo de São Domingos integralmente pedonal
– Impedir a circulação de autocarros ocasionais na Rua Mouzinho da Silveira
– Alterar o sentido da Rua de São João para ascendente entre a Rua do Infante D. Henrique e a Rua Mouzinho da Silveira
– Alterar o sentido da Rua Ferreira Borges para ascendente
– Transformar a Rua de Belmonte numa rua de sentido único
– Reforçar as travessias pedonais na Rua do Infante D. Henrique

Autarquia estuda alterações nos fluxos de trânsito da zona histórica.

Autarquia estuda alterações nos fluxos de trânsito da zona histórica. Imagem: CM Porto

Oposição muito crítica

Pela oposição, o vereador Álvaro Almeida, do PSD, mostrou-se muito crítico das soluções apresentadas. Considera que “o que se está a fazer é a declarar que a Ribeira é para turistas” e a convidar os autocarros a acorrerem ao local quando, na sua opinião, se devia “proibir o trânsito de autocarros” na zona.

Rui Moreira considerou “o contrário”: “Estamos a pensar nas pessoas que vivem ali, que têm avença e não podem usufruir do espaço público que foi tomado”, e considerou que a medida pode também funcionar como um sinal que desencoraje a levar o automóvel para a Ribeira.

“Não acabamos com a ilusão. O que fazemos é reduzir o estacionamento em 90 lugares, é transferir essa fila para o Parque do Infante”, rebateu o vereador social-democrata.

Manuel Pizarro, do Partido Socialista, concorda com a identificação dos problemas, mas não com as soluções: “há qualquer coisa de errado em transformar uma zona nobre da cidade num parque de camionetas”, ironizou.

O presidente da autarquia reforçou que a proposta beneficia o fluxo do trânsito na zona e recordou que esta solução também serve o Centro de Congressos da Alfândega.