Um grupo de 40 países, liderados pela União Europeia e pelo Japão, assinou um tratado que vai obrigar todos os fabricantes de automóveis a incorporar, até 2020, o sistema AEBS (Advanced Emergency Braking System, em inglês) nos carros. A tecnologia vai permitir travar automaticamente sempre que o veículo se encontrar numa situação iminente de colisão a menos de 60 quilómetros/hora, seja com outro carro ou com um peão.

A obrigatoriedade vem acelerar a implementação desta tecnologia que já é utilizada por algumas marcas do setor em certos modelos. Desde 2013, que o sistema é usado em veículos pesados. A nova diretiva prevê, assim, a aplicação do AEBS em todos os veículos de mercadorias leves e de transporte com menos de nove passageiros. Em curso, está também o desenvolvimento de requisitos que reduzam o risco de colisão com ciclistas (mais difíceis de detetar que peões ou outros veículos).

O documento apresentado pela Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) prevê exigências rígidas que os fabricantes têm de cumprir para os automóveis poderem circular. O objetivo da ONU é, desta maneira, aumentar a segurança rodoviária, em especial no interior das cidades.

Antes de poder ser aprovado em junho, o regulamento vai passar pelo Fórum Mundial para a Harmonização dos Regulamentos sobre Veículos. No entanto, a luz verde é tida como um formalismo, uma vez que a medida deverá entrar em vigor no início de 2020.

A UNECE estima que a aprovação do documento, desenvolvido pela União Europeia em parceria com o Japão, equipe, pelo menos, 15 milhões de carros europeus e quatro milhões nipónicos com o sistema.

De acordo com um relatório de 2018 da União Europeia, 38% das mortes rodoviárias em 2016 foram em estradas urbanas e suburbanas. Em Portugal, esta percentagem é maior e ascende aos 68% (302 vítimas mortais num total de 447). Em 2015, outras pesquisas, realizadas por organismos independentes de avaliação de segurança rodoviária, mostraram que o AEBS reduzia em 38% o número de colisões traseiras.

Em declarações ao JPN, o Automóvel Club de Portugal (ACP) vê com bons olhos o novo documento, uma vez que “qualquer medida que aumente a segurança nas estradas é positiva”. Para além disso, a ACP considera o sistema “pedagógico”, uma vez que (quando ativado) vai “pregar um susto” aos condutores e deixá-los mais alerta para situações futuras. Contudo, a instituição alerta para o risco de relaxamento dos automobilistas que ficam, assim, com a ideia de que “os carros fazem tudo sozinhos”.

O sistema AEBS deve reconhecer situações em que seja necessário travar sem intervenção do condutor. A identificação é feita através de vários sensores que avaliam de forma contínua a distância e a velocidade relativa aos objetos em frente. Se existir perigo de colisão, o sistema deve emitir um sinal sonoro, luminoso e/ou tátil para alertar o condutor com oito décimas de segundo de antecedência. Se as condições se mantiverem, o sistema trava de forma automática.

Artigo editado por César Castro