O Global Media Group está a planear uma racionalização de custos que pode levar à rescisão de quase 200 contratos, a maioria dos quais de jornalistas. A notícia é avançada pelo “Expresso”, que cita fontes do grupo para adiantar que a administração aguarda a avaliação da banca e dos acionistas, com quem têm negociado a proposta. O objetivo é inverter os resultados deficitários dos últimos anos.

O semanário refere que o grupo, detentor de títulos como o “Jornal de Notícias” (JN), o “Diário de Notícias” (DN), a “TSF” ou “O Jogo”, apresentou perdas de quase 9 milhões de euros em 2016/2017 e ainda mais prejuízo em 2018.

A única exceção no grupo tem sido o “JN”, com lucros nos últimos anos. Já “O Jogo” tem ficado próximo do equilíbrio. Face aos despedimentos, as direções dos dois jornais ter-se-ão mostrado indisponíveis, ainda de acordo com o “Expresso”, para proceder a despedimentos, justificando a posição com os resultados conseguidos. A dívida bancária ao BCP e ao Novo Banco, que além de credores são também acionistas com 10,5% cada, rondará os 30 milhões de euros.

Contactado pelo JPN, o Sindicato dos Jornalistas disse estar a acompanhar com “muita preocupação” uma situação que “não é novidade”. A presidente do Sindicato, Sofia Branco, revelou que a última reunião com a administração do grupo foi a 26 de novembro. Desde então, foram feitos mais três pedidos de reunião que tiveram resposta negativa. “A administração sempre disse que não era altura certa e que, quando fosse, se sentaria”, acrescentou.

Face à notícia avançada pelo “Expresso”, foi feito um quarto pedido esta sexta-feira, que aguarda resposta por parte do Global Media. A confirmar-se o plano estratégico existente, o Sindicato dos Jornalistas alerta para o impacto do despedimento na classe dos jornalistas, “a serem verdade os números que foram publicados”.

Sofia Branco alerta que, para além dos despedimentos, “há áreas do grupo que já funcionam sob regime de outsourcing” (subcontratação de empresas para produção de conteúdo), que também contribuem para uma redução de postos de trabalho.

As possíveis 200 rescisões avançadas correspondem a um corte de quase 30% nos trabalhadores do grupo, que há cinco anos já tinha realizado um despedimento coletivo de 150 pessoas. Depois disso, foi feita uma reestruturação na composição acionista, com a entrada do empresário macaense Kevin Ho, que investiu 15 milhões de euros em troca de 30% do Global Media Group.

A notícia da racionalização de custos surge quase mês depois de o “Jornal de Negócios” ter revelado a mudança de instalações do Jornal de Notícias para a conhecida “garagem da Fiat”, na Rua de Latino Coelho, comprada em 2018 depois da venda da sede a um grupo chinês. Para que a mudança aconteça são precisas obras de adaptação avaliadas em 2 milhões de euros. O plano estratégico que se encontra em avaliação deverá ter previsto capital para pagar as rescisões necessárias e a empreitada das novas instalações.

Artigo editado por César Castro