Para combater a abstenção e promover a participação democrática nas Eleições Europeias, o Parlamento Europeu criou a ação “Desta vez eu voto”, que desafia os europeus a promover as eleições e a convencer as comunidades para o exercício do direito de voto.

Gonçalo Gomes, de 20 anos e natural de Viseu, envolveu-se de tal forma com a plataforma que chegou a convencer 559 pessoas de que [o projeto europeu] é uma causa que vale a pena”. O repto foi lançado pelas redes sociais através de mensagens privadas, publicações, mas também via contacto direto com familiares, amigos e vizinhos.

O número de pessoas alcançadas valeu-lhe o primeiro lugar europeu na lista de voluntários e uma viagem a Estrasburgo para assistir ao discurso do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Desde então, ainda passou por Haia, numa iniciativa inserida no “Desta vez eu voto”, e participou num seminário sobre as Europeias para jovens jornalistas, em Bruxelas.

Tudo começou quando Gonçalo Gomes teve conhecimento da plataforma através de uma partilha de um colega no feed do LinkedIn, “em agosto do ano passado”. Desde então, decidiu voluntariar-se por considerar interessante as instituições da União Europeia “pedirem ao cidadão” que se envolvessem no processo democrático.

A curiosidade pelo funcionamento da União Europeia consolidou-se quando participou no Parlamento Europeu dos Jovens. A partir daí, gerou-se um “efeito bola de neve”.

Apelar ao voto num “momento histórico” da Europa

Na opinião de Gonçalo Gomes, “é muito difícil encontrar um momento em que tanto está em jogo” no passado da Europa. Por esse motivo, a participação dos eleitores é “imperativa”, afirma.

Um dos problemas que o estudante de Economia na Nova School of Business and Economics (Nova SBE) refere é a grande abstenção na faixa etária dos 18 aos 24 anos, que a União Europeia calcula que tenha chegado aos 81% nas Eleições Europeias de 2014. “Tendo em conta este contexto e o ressurgimento do nacionalismo e do extremismo”, Gonçalo afirma ser “inaceitável” não participar nas eleições.

No panorama português, há um ponto fulcral para levar pessoas às urnas: discutir a Europa. “Os partidos acabam por enquadrar as Europeias como algo que deriva da política nacional”, reconhece Gonçalo. A partir do momento em que as Eleições Europeias “são encaradas como um protesto de voto, todo o debate fica desvirtuado e as pessoas perdem o contacto com a Europa”.

Ligar a Europa através do Volt

O trabalho de Gonçalo Gomes na promoção da Europa não fica pela plataforma “Desta Vez Eu Voto”. O jovem é um dos responsáveis em Portugal pelo Volt, “um movimento pan-europeu” fundado em Itália. Em terras lusitanas, o Volt ainda não é partido e, por isso, “não vai conseguir candidatar-se às Europeias”, ao contrário do que se verifica em outros países como a Alemanha ou a França.

O movimento garante que “não é de esquerda nem de direita” e que tem uma abordagem “focada no cidadão” feita por pessoas que “tentam fazer política de uma maneira diferente” e que olham para cada assunto com “pragmatismo”.

Artigo editado por César Castro