“A APDL não avançaria para uma obra que a associasse a uma operação que vai causar danos”. A reação é da presidente da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) às críticas que têm surgido sobre o prolongamento do quebra-mar, avança a edição desta terça-feira do jornal “Público”.

Numa sessão de esclarecimento aos jornalistas, na quinta-feira, quanto aos detalhes e estudos relacionados com a obra, Guilhermina Rego considerou “legítimas” as preocupações da comunidade surfista e piscatória, mas garantiu que o surf não vai acabar. Entretanto, o movimento “Diz Não ao Paredão” já fez saber que vai organizar um protesto no próximo domingo, dia 7 de abril, pelas 15h, na Praia de Matosinhos para se opor ao prolongamento da empreitada.

Hugo Lopes, da direção de Obras e Equipamentos da APDL, referiu que a redução das ondas varia, depois de simulações e estudos levados a cabo pelo LNEC, Nemus e Consulmar. Na zona norte, as ondas podem reduzir em altura cerca de 36%, o que significa que podem baixar de 24 para 18 centímetros. No entanto, na zona sul, onde as ondas vão continuar a existir, uma vez que estas são maiores.

Sobre a concentração de sedimentos a norte, Hugo Lopes confirmou essa possibilidade, o que pode levar a que exista menos areia nas praias mais a sul. No entanto, o representante da APDL refere que esse não será um problema porque vão continuar a existir dragagens para redistribuir a areia.

A 26 de fevereiro, a Câmara de Matosinhos aprovou uma moção na qual defendia que a obra de ampliação do Porto de Leixões não devia ser entregue enquanto a autarquia não conhecesse o projeto global e uma avaliação do impacto ambiental da intervenção.

De acordo com o “Público”, a par do impacte ambiental, foi realizado um estudo de impacto económico e financeiro. Para reduzir os impactos negativos para os negócios que vivem da atividade marítima, foi criada uma almofada de compensações no valor de dois milhões de euros. 

Todavia, Guilhermina Rego esclareceu que esse valor não vai ser usado para indemnizações, mas em infraestruturas, caso haja deslocações das escolas de surf e negócios associados.

A não realização da obra põe em risco o porto

A presidente da APDL confirmou que, no passado, o projeto do terminal incluía a deslocação do porto de pesca e a marina de barcos de recreio de local e o aumento para 25 hectares do terminal.

No entanto, segundo o “Público”, essa sugestão deixou de existir devido à estimativa orçamental e “por motivos adjacentes”. Guilhermina Rego assegurou mesmo que estes hectares eram mencionados em estudos anteriores à licença de impacto ambiental.

Ao “Diário de Notícias”, o engenheiro Hugo Lopes frisou que este tipo de projetos são “indispensáveis” à modernização do porto e que a sua não realização põe em “risco elevado” a manutenção do Porto de Leixões no sistema portuário nacional e ibérico.

O responsável da direção de Obras e Equipamentos da APDL contou que, atualmente, as operações de entrada e saída de navios de maior dimensão só se podem fazer com condições climáticas favoráveis.

Segundo o DN, a necessidade de esperar vários dias para que um navio consiga entrar no porto gera “acréscimos significativos de custos de imobilização de navios – cerca de 18 mil dólares por dia e por navio”.

Artigo editado por César Castro