“Pathos” estreia esta quarta-feira às 21h no Teatro Carlos Alberto (TeCA) e fica em cartaz até 13 de abril. A peça é uma coprodução entre o Teatro Nacional de São João (TNSJ) e a Estrutura, companhia de Cátia Pinheiro e José Nunes.

O espetáculo desenvolve a sua narrativa a partir do suposto início da ideia de humanidade: a da Grécia Antiga enquanto berço da civilização ocidental, da democracia, da filosofia e do teatro para falar de temas da atualidade.

Ao JPN, os criadores de “Pathos”, Cátia Pinheiro e José Nunes, explicam que a peça foi construída em “cinco momentos trágicos” com o intuito de “confrontar” a atualidade “com o século V antes de Cristo, tempo de três grandes tragediógrafos gregos”.

“Pathos” é uma tragédia que fala de feminismo, ecologia, globalização, aquecimento global, colonização e identidade, assuntos contemporâneos que “já estavam a fermentar desde a época de Péricles”, apontam os criadores da peça.

Sobre o título da obra, José Nunes explica que a palavra grega pathos tem um significado abrangente, que vai “desde sofrimento, emoção, paixão” até “ação” e “infortúnio”, mas que a construção da peça baseia-se “na poética de Aristóteles, em que ele define o pathos como sofrimento que os homens são conduzidos por causa das suas ações”.

Cátia Pinheiro reitera que “as grandes questões tratadas nas tragédias que chegaram até hoje falam de coisas que são muito comuns à atualidade”, como o “não reconhecimento do estrangeiro, o êxodo, as guerras e em como é que aceitamos o outro”, nota.

Entre uma narrativa reflexiva ou crítica, José Nunes argumenta que “Pathos” é “mais de reflexão, porque uma crítica tem sempre um posicionamento de certo ou errado, bem ou mal” e esta abordagem foi evitada na obra. “A peça propõe um certo afastamento da realidade” para que se possa olhar melhor para ela, completa o autor.

No que toca à cenografia, Cátia Pinheiro explica que a montagem seguiu um ritmo orgânico, de forma a “construir um espetáculo que estivesse sempre a ruir, que estivesse sempre a comer quase a si próprio, a desfazer-se, e essa ideia plasticamente foi-se mantendo”.

A dupla sublinha que, desde a conceção de “Pathos”, pretendiam utilizar plásticos e plantas para compor o cenário, apesar de terem a noção de que isto seria “paradoxal” numa peça que também fala de ecologia. Todavia, Cátia Pinheiro ressalta “que vai tudo ser reciclado” no fim das apresentações.

“Pathos” encerra uma tetralogia que a Estrutura desenvolveu entre 2017 e 2019, composto pelos espetáculos “Geocide” (2017), “The End” (2017) e “M’18” (2018). “Começamos no futuro, com Geocide, e a ideia aqui era ir mesmo ao passado, algum passado distante, há 2500 anos em que procuramos na antiguidade clássica algumas das respostas para o mundo contemporâneo”, conclui José Nunes sobre o espetáculo.

O elenco de “Pathos” é constituído por Cátia Pinheiro, Mafalda Banquart, Margarida Carvalho e Tiago Jácome. A peça pode ser vista de quarta a sexta-feira, às 21h, e sábado, às 19h. O preço dos bilhetes varia entre 5 e 10 euros, consoante o dia.

Artigo editado por César Castro