Ter uma formação superior ainda compensa, mas já não tanto. Em Portugal, entre 2007 e 2016, a probabilidade de um jovem com o Ensino Superior ter um emprego de baixo salário aumentou em 16 pontos percentuais. Pior só Irlanda e Espanha, com um crescimento de 17 e 20 pontos percentuais, respetivamente. Esta foi a tendência geral, com uma queda média de 3.5 pontos percentuais nos países da OCDE.

Os dados são do relatório “Employment Outlook 2019”, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), esta quinta-feira. O documento explora o futuro do trabalho, com uma análise das condições laborais dos 36 países que constituem a OCDE, no período entre 2006 e 2016 (em Portugal, a partir de 2007). 

A OCDE conclui também que a mais-valia salarial dos trabalhadores com licenciatura, mestrado ou doutoramento é cada vez menos valiosa: na OCDE, este “prémio” desceu em 3.3 pontos percentuais, com Portugal a liderar a lista dos países com salários mais desajustados, numa redução superior a 20 pontos percentuais.

“Apesar dos trabalhadores com formação superior manterem uma vantagem salarial por toda a OCDE, o ‘prémio’ salarial da educação caiu em vários países na última década”, aponta o relatório.

O documento explica que esta queda se deve, em parte, a “um crescente número de trabalhadores com educação superior que se encontra em profissões que não pagam salários altos”; sendo, porém, o maior fator “o fraco desempenho dos salários nas profissões altamente qualificadas, que ainda empregam uma grande percentagem do grupo com educação superior”.

Na OCDE, é mais provável que um jovem com formação superior tenha um salário mais baixo (inferior a dois terços do salário médio) do que um mais alto (1.5 vezes superior ao salário médio), numa probabilidade de 21% versus 14.5%, respetivamente. Este é o caso de 22 dos 32 países avaliados neste aspeto, Portugal incluído.

Artigo editado por Filipa Silva