Juan Guaidó, principal opositor do regime venezuelano, apelou esta terça-feira de manhã às forças militares e aos cidadãos da Venezuela para saírem à rua e o ajudarem a derrubar o atual Governo, liderado por Nicolás Maduro. O sucessor de Hugo Chávez, no poder desde 2012, ainda não fez uma declaração através da rádio ou da televisão, mas publicou já esta tarde um tweet no qual assegura ter consigo os comandos militares do país.

Foi também através do Twitter que Juan Guaidó se dirigiu ao país, ao raiar do dia, na Venezuela, para lançar um apelo que batizou de “Operação Liberdade”: “Povo da Venezuela, começou o fim da usurpação. Neste momento, encontro-me com as principais unidades militares das nossas Forças Armadas dando início à fase final da ‘Operação Liberdade’, anunciou Guaidó.

“As Forças Armadas tomaram a decisão correta, contam com o apoio do povo da Venezuela, com o aval da nossa Constituição, com a garantia de estar ao lado correto da história. As nossas Forças Armadas, hoje, valentes soldados e compatriotas, homens valentes apegado à nossa Constituição, acudiram ao nosso chamado”, disse.

“Convido-vos a saírem para as ruas da Venezuela. A mobilização de 1 de maio começou hoje”, evidenciou Guaidó, pedindo uma “luta não violenta”.

 

 

Pouco depois, o Governo venezuelano pronunciava-se aludindo a um golpe militar perpetrado por um pequeno grupo de “militares traidores”, como afirmou o ministro da Informação, Jorge Rodriguez, também no Twitter.

Guaidó apareceu ao lado de Leopoldo López, na base aérea “La Carlota, próxima da capital, Caracas. O também opositor político de Maduro, condenado a 14 anos de prisão, terá sido libertado graças a um indulto do proclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que terá tido o apoio de militares no processo.

Confusão nas ruas

A situação está longe de ser clara. Há relatos de confrontos entre apoiantes de Juan Guaidó e do presidente Maduro, com a polícia a fazer uso de gás lacrimogéneo. Mas ainda é desconhecido o número de militares e que alas das Forças Armadas da Venezuela estarão a apoiar a oposição de Guaidó ao atual regime.

Entretanto, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, em retaliação, apelou a todos simpatizantes do Governo de Nicolás Maduro para se concentrarem esta tarde na Praça Miraflores em Caracas em “defesa da Constituição” e do presidente “Nicolás”.

Governo português atento

O Governo Português já pré-ativou, entretanto, os mecanismos de apoio aos portugueses e luso-descendentes que vivem na Venezuela. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, recomendou aos portugueses que “tomem as devidas medidas de segurança indispensáveis nesta altura“.

O governante adiantou ainda que “os diferentes departamentos do Governo encarregados de providenciar apoio, se necessário, já estão a trabalhar nesse sentido“.

Ao nível internacional, a porta-voz do governo espanhol, Isabel Celáa, expressou o apoio do executivo de Madrid ao “processo democrático pacífico” na Venezuela, esperando que não ocorra “derramamento de sangue”.

António Tajani, atual presidente do Parlamento Europeu, por sua vez, declarou que “hoje é um dia histórico para o regresso à democracia e liberdade. A libertação de Leopoldo López pelos soldados que obedecem à constituição são ótimas notícias. Longa vida à Venezuela”, afirmou na sua conta de Twitter.

Segunda aparição de Guaidó

Juan Guaidó voltou a dirigir-se ao público, desta vez de megafone em punho e na Praça de Altamira, em Caracas, onde voltou a pedir a mobilização do povo, acusando o atual presidente venezuelano de” ter usurpado o poder“.

“Hoje ficou claro que as Forças Armadas estão com as pessoas da Venezuela e não com o ditador”, disse. “Contamos com as pessoas. A maioria está nas ruas da Venezuela.”

“Quem tiver rede para mandar mensagens, que as envie a toda a gente e lhes diga para vir para cá. Vamos resistir e vamos conseguir dar um passo à frente na resistência à usurpação. Venham a Altamira agora. A Operação Liberdade começou.” declarou Guaidó.


O presidente interino fez-se rodear de membros do exército venezuelano fieis a si, discursando em cima de um tanque de guerra, numa altura em que aumenta a tensão nas ruas da capital.

Pelas imagens televisivas que vão chegando das ruas de Caracas, a situação está muito longe de ser clara.

Juan Guaidó foi proclamado presidente interino pela Assembleia Nacional da Venezuela e é reconhecido por mais de 50 países como o presidente legítimo do país, entre eles os Estados Unidos da América e a União Europeia.

(em atualização)

Artigo atualizado pela última vez às 16h31 de 30 de abril de 2019.