O sentimento de insegurança dos estudantes do polo universitário da Asprela chegou, esta terça-feira, à reunião do Executivo da Câmara Municipal do Porto.

Henrique Coelho, de 22 anos, estudante na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), inscreveu-se no período reservado à audição dos munícipes para dizer aos vereadores que “a vaga de assaltos que tem havido na Asprela” está a deixar a “comunidade assustada e preocupada”.

Os estudantes consideram que a situação deve ser resolvida “com uma maior presença policial“, de caráter “permanente”, para garantir que não haja no futuro “uma repetição do ciclo”.

Rui Moreira quer mais videovigilância

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, deu nota de ter conhecimento da questão e considerou “muito útil” o alerta. Aos presentes, informou que o assunto será discutido na próxima reunião do Conselho Municipal de Juventude.

O autarca frisou que o policiamento é da competência da Polícia de Segurança Pública (PSP), mas admitiu que a Câmara pode e vai “alertar as autoridades”.

Neste capítulo, Rui Moreira referiu também que gostava “muito de ter elementos de videovigilância na cidade” que “ajudariam as autoridades policiais”, não compreendendo as limitações impostas às forças policiais. “Essas pessoas estão à espera que um dia haja um ato grave de terrorismo ou de outra coisa qualquer”, advertiu o autarca.

Para concluir: “Não havendo esses instrumentos legais, precisamos que haja mais presença das forças da PSP“, até porque, observa, “o policiamento de proximidade é indispensável.”

PSP já fez detenções, mas não avança números

Sobre a “vaga de assaltos” não há números concretos. O JPN contactou a PSP a 24 de abril, no dia em que a Associação de Estudantes da FEUP publicou um comunicado na sua página de Facebook sobre o assunto.

Em resposta, a PSP não revelou dados, mas garantiu estar a prestar “uma atenção especial” à zona, quer através da equipa que tem, desde 2002, ali dedicada, quer através da “realização de operações de prevenção criminal“.

A autoridade policial indicou ainda que “estão a decorrer processos judiciais”. Da informação recolhida, já resultaram detenções “em flagrante de delito” de dois homens de 22 e 24 anos, no dia 23 de abril.

Com base nas conversas que mantém com outros estudantes e nos testemunhos publicados num grupo fechado entretanto criado no Facebook, Henrique Coelho refere a zona dos “bares universitários para lá da Constituição”, o troço de acesso aos autocarros junto ao INEGI e a “zona da cantina da FEUP” como locais “mais referidos” pelos estudantes lesados, mas os assaltos ou abordagens têm ocorrido de forma “mais generalizada”, diz.

Ao JPN, o estudante mostrou-se “satisfeito” com a recetividade que encontrou no Executivo e voltou a sublinhar o repto deixado aos vereadores: “é preciso uma presença policial constante. Mesmo que seja só da Polícia Municipal, não tem o peso da PSP, mas já serve como presença dissuasora”, rematou.