A terceira noite da Queima das Fitas do Porto recebeu dois dos nomes mais conhecidos do hip-hop em Portugal. Desde as 22h30 que os fãs se iam acumulando junto das grades, mas foi o caloroso repto “Como é que é Porto?” de Sam The Kid que chamou quase a totalidade do recinto para o concerto que estava prestes a dar ao lado do seu colaborador de longa data, Mundo Segundo.

O espetáculo arrancou com os clássicos “1995-12-16” e “Juventude (e mentalidade)” que fizeram a plateia vibrar e gritar a cada verso. Das mais variadas idades, nas filas da frente raros eram aqueles que não tinham as letras na ponta da língua e na memória.

Na cena musical há mais de 10 anos, houve oportunidade de passagem pelos mais variados momentos da carreira dos dois. “Escola dos 90” de Dealema – grupo do qual Mundo Segundo faz parte há mais de 20 anos – foi dos momentos mais sentidos, assim como “Gaia Chelas”, uma das mais recentes colaborações entre os dois.

Mundo Segundo Fotografia: Cristiana Rodrigues

A meio do concerto, Mundo Segundo – que é natural de Vila Nova de Gaia – aproveitou para recordar a última vez em que pisara o palco da Queima das Fitas do Porto, há 14 anos, e apelou à assistência do público no tema que partilha com Bezegol: “Não Há Competição”.

Hoje em dia tem-se muita mais gente a ouvir hip-hop português e muito mais pessoas conhecem as letras. O hip-hop quase que tomou por completo Portugal e isso faz com que se veja mais de metade da multidão a cantar e de braços no ar”, disse Mundo Segundo em entrevista ao JPN.

Também Sam The Kid partilha da mesma opinião. “O pessoal curte imenso tanto das nossas músicas mais recentes tipo a “Tu Não Sabes” como da “Poetas de Karaoke”. Os mais novos mesmo que não estivessem a par do nosso trabalho na altura, depois cresceram e foram ouvir para trás e sentem as músicas à mesma – isso é muito bom”, adianta.

Foi precisamente com a clássica “Poetas de Karaoke” que os artistas se despediram da Queima, deixando o público a gritar por “só mais uma”.

A infinita energia de Richie Campbell

A plateia, que só foi aumentando, viu Richie Campbell subir ao palco sem atrasos, às 00h50. Arrancando com a faixa que o lançou para os holofotes internacionais – That’s How We Roll – o estado de espírito para o resto do espetáculo estava definido.

Richie Campbell Fotografia: Cristiana Rodrigues

Por entre outros hits como “I Feel Amazing”, “Best Friend”, “Do You No Wrong” e “Water” a energia tanto de Richie como do público não tinha fim. Num dos poucos momentos mais tranquilos do concerto, o artista aproveitou para se juntar a uma das brincadeiras mais comuns relacionadas consigo, fazendo o público soltar gargalhadas com a pergunta “Pessoal, quem é que aqui não entende nada do que eu digo?” e afirmando que quer “ensinar todos aqui em Portugal a falar jamaicano”.

O alvoroço rapidamente voltou quando o rapper Plutónio apareceu em palco para executar, ao lado de Richie, o tema da autoria de ambos, “Eyes Open”. Mas a caixinha de surpresas não fechou. Logo de seguida, também Mishlawi rompeu pelo concerto para os três cantarem “Rain” – o sucesso que partilham.

O espetáculo não acabou sem o usual encore, tão cobiçado pelos fãs. Por minutos, “Midnight in Lisbon” tornou-se “Midnight in Porto” e foi com as mãos no ar que o público disse adeus a Richie Campbell.

A folia continuou pela noite fora. Esta terça-feira sobem ao palco Quim Barreiros e a dupla Insert Coin.

Artigo editado por César Castro