Federação Académica do Porto (FAP) ordenou, esta madrugada, o encerramento de três barracas na Queima das Fitas do Porto por “promoções sexistas” e pelo não cumprimento do “preçário estipulado”, adiantou ao JPN João Pedro Videira, presidente da Federação. As barracas “vão reabrir na próxima noite e já passámos a mensagem a todas as outras, que, de facto, este ano, a tolerância é zero com estes comportamentos”, completou.

Na base da decisão está a divulgação de vídeos online por parte de contas associadas a barracas, já com repercussão na comunicação social, com comportamentos que a FAP considerou “indevidos” ou “até mesmo indignos”, numa nota enviada às redações. Nesses vídeos, aparecem jovens, sobretudo do sexo feminino, a cumprirem desafios de caráter sexual, como mostrar os seios a troco de bebidas gratuitas.

A FAP explica que, depois de observar que tais situações continuam a acontecer, apelou à retirada dos conteúdos publicados até às 20h00 desta quarta-feira. O JPN constatou que alguns dos vídeos divulgados, através do Instagram, foram apagados gradualmente e, pelo menos uma das contas – a da barraca “Jabardar” – foi mesmo eliminada da rede social.

O não cumprimento destas novas regras pode levar a mais do que o encerramento durante uma noite. Pode resultar também na perda da caução entregue e até mesmo das credenciais dos responsáveis por cada espaço.

“Violação da privacidade, dos direitos humanos e a não preocupação com o outro é algo que não podemos tolerar na Queima das Fitas do Porto”, considerou João Pedro Videira. “Entendemos que a captação e divulgação de algumas imagens são extremamente negativas, porque as pessoas não estão a pensar nas consequências que isso pode ter para a pessoa visada nas filmagens”, disse ainda o dirigente associativo.

No Queimódromo estão instaladas cerca de 110 barracas e são comuns as referências de caráter sexual na lista.

Este ano, a FAP decidiu criar o Ponto Lilás, em parceria com várias organizações, justamente com o objetivo de prevenir a violência sexual e sensibilizar para uma maior responsabilidade social.

A Federação Académica do Porto aproveita ainda para lamentar e repugnar todos os casos que possam violar a dignidade humana, “considerando ainda que a violação de privacidade é um ato igualmente deplorável e que deve ser devidamente punido”.

Artigo editado por Filipa Silva