À semelhança de Engenharia e Psicologia, também a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) vai deixar de ter mestrados integrados. Em causa, estão o Mestrado Integrado em Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos (MI:ERSI) e o Mestrado Integrado em Engenharia Física (MIEF), que a instituição leciona em conjunto com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O decreto-lei que obriga à extinção deste tipo de cursos determina que essa descontinuidade se faça até ao ano letivo 2021/2022, mas na FCUP a alteração pode acontecer antes.

No caso do MI:ERSI, o Departamento de Ciência de Computadores (DCC) irá oferecer, “provavelmente” já a partir de 2020/2021, uma licenciatura em informática, cujo nome ainda não foi escolhido em definitivo, e um Mestrado em Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos, esclareceu o DCC ao JPN. Este segundo ciclo, a que os estudantes passam a ter de se candidatar, vai fornecer uma especialização semelhante à obtida nos últimos dois anos do mestrado integrado.

Já no que toca ao MIEF este vai desmembrado numa licenciatura de três anos e num Mestrado em Engenharia Física de dois anos de duração.

Ao JPN, Paulo Marques, diretor do MIEF, adianta que é de prever um aumento da competitividade com os novos ciclos de estudo. “De salientar que ao longo dos últimos cinco anos, o número de vagas passou de 35 para 60 estudantes e ainda assim, a nota do último classificado aumentou aproximadamente quatro valores, o que demonstra a elevada atratividade do curso. Outro facto importante que pesará na escolha dos estudantes estará no facto de que a empregabilidade dos estudantes na área da Física é de 100%.

Também Luís Lopes, diretor do MI:ERSI, e Alípio Jorge, presidente do DCC, consideram que a extinção dos mestrados integrados favorece a mobilidade de estudantes que terminam um primeiro ciclo de estudos. “Parece-nos que o fim dos mestrados integrados é positivo, pois permite uma maior mobilidade e liberdade de escolha de caminhos aos estudantes”, afirmam, numa resposta enviada por escrito ao JPN.

O departamento de Ciência de Computadores vai aproveitar a mudança para reestruturar os seus ciclos de estudo. “Vão existir duas licenciaturas: a nova e a Licenciatura em Ciência de Computadores (L:CC) já existente. A nova licenciatura terá uma abordagem mais aplicada, ao passo que a L:CC irá focar-se em temas mais fundamentais em Ciência de Computadores”, adiantam os responsáveis pelo MI:ERSI.

Embora o programa de estudos “esteja bastante atual”, assegura o diretor do MIEF, esta é também “uma oportunidade para revisão dos planos de estudos baseada, em parte, na experiência que decorreu do funcionamento ao longo dos anos recentes”.

Prevendo que a atratividade destas formações possa aumentar, os docentes do DCC manifestam algumas vontades para o futuro. “É nossa ambição ter também no futuro um número significativo de estudantes não lusófonos, o que implicará o aumento de oferta letiva em inglês, algo que atualmente acontece só quando há estudantes Erasmus e com o acordo dos estudantes lusófonos.”

Dos 18 mestrados integrados da Universidade do Porto, apenas seis vão manter-se em funcionamento a partir de 2021/2022: Arquitetura (FAUP), Farmácia (FFUP), Medicina (FMUP), Medicina (ICBAS), Medicina Dentária (FMDUP) e Medicina Veterinária (ICBAS), ou seja, casos em que a existência de condições mínimas de formação iguais ou superiores a 300 créditos estão fixadas por diretiva europeia para o acesso ao exercício da atividade profissional.

Artigo atualizado às 11h23 do dia 17 de junho de 2019 com as declarações do diretor do Mestrado Integrado em Engenharia Física, Paulo Marques.