Têm aumentado quase todos os meses e em março deste ano eram já o dobro das registadas em julho do ano passado, mas as validações nos transportes feitas através da aplicação móvel ANDA “estão ainda abaixo das expectativas”, reconhece o TIP-Transportes Intermodais do Porto, em resposta a um conjunto de questões colocadas pelo JPN.

A aplicação ANDA, lançada no mercado comercial a 29 de junho do ano passado, é uma forma de validação alternativa ao Andante, que permite aos utilizadores dispensarem o cartão ou o passe para usarem somente os seus smartphones na validação das viagens.

Perguntas e Respostas sobre o ANDA, o sistema que promete transformar o telemóvel num Andante

De acordo com dados cedidos ao JPN, em nove meses, entre julho de 2018 e março deste ano, foram feitas 402 mil validações usando o novo sistema de bilhética.

Tendo em conta que o universo total de validações excede os 11 milhões por mês – em nove meses seriam 99 milhões -, temos que os valores até aqui registados pelo ANDA não chegam a 0,5% do total de viagens efetuadas no metro, comboio, STCP e operadores privados que integram o sistema intermodal do Porto.

“Os níveis de utilização estão ainda abaixo das expectativas”, refere o TIP que avança com algumas justificações relacionadas, essencialmente, com a tecnologia associada.

Além de “pequenos incidentes com a própria app”, a empresa refere o facto desta não estar ainda disponível para o sistema IOS (uma limitação imposta pela própria Apple) e ainda a “pouca adesão por parte dos utilizadores frequentes”, porque a opção tem sido até aqui mais dos clientes ocasionais.

Em relação às queixas dos utilizadores, que o TIP reconhece terem sido em número “muito elevado” na fase inicial, prenderam-se sobretudo com “dificuldades no ato de validação”, “dificuldades no processo de registo na app – que sofreu, entretanto, “melhoramentos” -,  e com a “falta de adequação dos smartphones” – a aplicação só corre em telemóveis com sistema operativo Android, versão 5.0 ou superior e com comunicações NFC.

São ainda referidos problemas no prosseguimento da viagem: é através dos beacons espalhados pela rede (1.500 no total) que o sistema vai fazendo o mapa do percurso do utente para no final calcular o valor da viagem, e nalguns modelos “o ecrã desligado” terá dificultado o registo correto do percurso.

A “míriade de fabricante, marcas, modelos” e “idiossincrasias da implementação de cada versão no sistema operativo” tem “exigido um enorme acompanhamento do mercado”, sublinha o TIP, que garante, ainda assim, estar a aumentar “a cada passo, o número de dispositivos” compatíveis com a aplicação.

Objetivo ambicioso

Apesar dos resultados ainda curtos e das queixas, que a empresa garante terem diminuído “significativamente” ao longo do tempo, o TIP coloca alta a fasquia: “o objetivo é atingir 10% das viagens diárias no final do ano suportadas pela app ANDA”, dizem.

Metro a bater recordes

2018 voltou a ser ano de recordes para o metro do Porto, tanto nas validações como nos resultados operacionais e financeiros. Mais de 62 milhões de clientes transportados (+3.4% do que no ano anterior) e receitas de 49 milhões de euros (aumento de 7.6% face ao ano anterior). Nos últimos três anos de exercício, a procura pelo sistema registou um aumento de 5 milhões de clientes, refere a empresa no Relatório e Contas que foi aprovado esta segunda-feira.

Para o efeito, está a ser montada “uma campanha promocional de grande dimensão”, além de “um conjunto de parcerias que irão certamente captar novos utilizadores”, preveem.

Até ao final de março deste ano, tinham sido feitos 32.780 downloads da aplicação ANDA. Mais de 23 mil utilizadores avançaram para o registo – que exige a associação de um meio de pagamento através do qual o utilizador paga as viagens que faz ao final do mês – mas só 8.500 estavam “prontos a viajar”, isto é, com todo o processo de registo corretamente realizado.

Esta versão desmaterializada do Andante pode ser usada em todos os transportes do Sistema Intermodal do Porto, mas é no metro que mais tem sido usada. De acordo com o Relatório e Contas da empresa, aprovado esta segunda-feira em Assembleia Geral, 56% das validações feitas com a ANDA foram feitas no metro.