Cinco estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) vão representar a Europa no campeonato mundial universitário de League of Legends (LoL) que se realiza, de 26 a 29 de julho, em Hong Kong. A “FEUP Masters”, como se chama a equipa, sagrou-se campeã europeia do jogo no torneio “University eSports Masters” que decorreu em Madrid no último fim de semana. Já antes, a equipa tinha-se tornado tricampeã nacional no torneio português universitário de League of Legends.

“Já nos conhecíamos no jogo, antes de entrar na faculdade”, começa por explicar David Pereira, estudante de quarto ano de Bioengenharia, ao JPN. “Juntá-mo-nos porque sabíamos que éramos os melhores jogadores e fizemos uma equipa a partir daí”, afirma, referindo-se aos outros quatro elementos do grupo: João Conde, Diogo Sousa e Nuno Martins, todos de Engenharia Informática, e André Martins de Engenharia Eletrónica.

Agora que estão “a avançar na idade” estão a jogar cada vez menos. Pelo menos, já não o fazem da mesma forma como faziam há uns “cinco ou seis anos”, em que podiam estar até oito horas em frente a um ecrã. Mas, dos cinco, nem todos abrandaram o ritmo, de lá para cá, e há mesmo quem jogue na Liga Portuguesa de League of Legends. “O André joga semi-profissionalmente pela melhor equipa portuguesa. Joga mesmo no campeonato português, mas sem ser de faculdades. O Diogo também joga numa equipa dessa liga e o Nuno já jogou”, esclarece.

Certo é que, pelo segundo ano consecutivo, o título de campeã europeia veio parar às mãos destes cinco jovens da FEUP que garantiram, uma vez mais, um passaporte com “a taça e a viagem com tudo pago” para o International College Cup, o campeonato mundial da especialidade, depois de derrotarem a Alemanha. A competição internacional conta com a presença das 12 melhores universidades do mundo.

Em 2018, a equipa obteve o segundo lugar, depois de ter vencido equipas universitárias do Vietname, Estados Unidos e Coreia do Sul. “Foi frustrante, mas também deu gozo ver que éramos simplesmente cinco amigos que, por acaso, nos juntamos para ir a este torneio para jogar contra pessoas que fazem disto vida e que recebem dinheiro”, confessa.

Sobre este ponto, David explica que as realidades entre países são significativas. “Na América, eles recebem bolsas de estudo para jogarem LoL. Na China e na Coreia, tudo é suportado. Na Europa não há tanto isso. Nós temos o torneio e juntámo-nos duas semanas antes para combinar como jogar.” Na voz, não se lhe reconhece, no entanto, lamuria por alguma eventual falta de apoio. “Se tivéssemos tido mais apoio, talvez tivéssemos ganhado o primeiro lugar, ou então não.”

Para o estudante de Bioengenharia, que optou por não fazer disto vida profissional, tudo “depende da educação que se tem”. Os pais, por exemplo, nunca consideraram que este fosse um caminho a seguir. Talvez por isso não tenha por aí enveredado.

Já quanto à forma como se concilia o estudo com o jogo, David defende que é necessário desmistificar. “As pessoas acham que quem joga computador é alguém que está fechado em casa e que não se dá com pessoas. Quando vamos a estes torneios, é exatamente o contrário. Passamos, talvez, duas a três horas a jogar e o resto do torneio a interagir com outras pessoas, culturas e países”, exemplifica.

Além de League of Legends ser “visualmente mais bonito” e “user friendly” do que outros jogos similares, David Pereira considera que, “à medida que os anos foram passando, a empresa por detrás de LoL soube ir atualizando o jogo de forma a cativar os jogadores a ficar.” Por isso, LoL “está cada vez mais a ganhar força”, diz. Apesar da Riot Games não divulgar as estatísticas dos seus jogadores – o que poderá indiciar que os números possam estar a diminuir lentamente com a concorrência de outros jogos como o Fortnite, que tem crescido a um ritmo tremendo – estima-se que haja cerca de 100 milhões de jogadores de LoL em todo o mundo.